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Senegal nega interferência nos assuntos da Guiné-Bissau

Lusa
1 de março de 2020

O Governo do Senegal classificou de "alegações infundadas e irresponsáveis" as declarações contidas num comunicado emitido em Bissau em que se acusa o Presidente Macky Sall de ingerência nos assuntos internos guineenses.

Macky Sall, Presidente do SenegalFoto: Reuters/A. Sotunde

Através de uma nota emitida pelo ministério dos Negócios Estrangeiros, a que a agência de notícias Lusa teve acesso, o Governo senegalês diz ter tomado conhecimento dessa nota "com surpresa" a qual rejeita e condena "com veemência".

O Governo de Dacar considera ainda que as alegações de ingerência são "infundadas, irresponsáveis e contrárias às relações de boa vizinhança que sempre existiram entre os povos do Senegal e da Guiné-Bissau".

"Fiel ao seu apego aos princípios de guiar as relações entre os Estados, nomeadamente a não ingerência nos assuntos internos, o Senegal respeita a soberania da Guiné-Bissau e das suas instituições", assinala o comunicado.

O documento realça que, mais uma vez, o Governo do Senegal saúda a forma como desenrolaram as eleições presidenciais na Guiné-Bissau, certificadas por todos os observadores internacionais que "felicitaram o Presidente Umaro Sissoco Embaló".

Críticas ao Senegal

Nas suas declarações públicas, nos últimos dias, Domingos Simões Pereira, candidato declarado derrotado pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) tem criticado a postura do presidente senegalês, a quem acusa de pretender impor à Guiné-Bissau um Presidente "como fez na Gâmbia".

Domingos Simões Pereira (esq.) e Umaro Sissoco Embaló (dir.)Foto: DW/B. Darame

Em declarações feitas em Angola, onde esteve na última quarta-feira (26.02), tendo sido recebido pelo presidente João Lourenço, Domingos Simões Pereira defendeu que "há outros interesses por detrás do contencioso eleitoral" e que "a questão que se está a debater neste momento na Guiné-Bissau não se resume à disputa eleitoral".

"Os outros interesses são de países que assumem ter uma agenda para a Guiné-Bissau. Se eu disser que no meio deste contencioso eleitoral há um país vizinho da Guiné-Bissau que assume que vai lançar o leilão de plataformas de exploração petrolífera, incluindo plataformas petrolíferas que estão dentro do território da Guiné-Bissau, acho que isso dá alguma ideia daquilo que está a acontecer connosco", frisou.

Os embaixadores do Senegal e da Gâmbia foram os únicos representantes das missões diplomáticas estrangeiras, que assistiram à cerimónia simbólica de tomada de posse de Umaro Sissoco Embaló como Presidente da Guiné-Bissau, na quinta-feira.

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Crise política permanece

A Guiné-Bissau vive mais um momento de especial tensão política, depois de Umaro Sissoco Embaló ter demitido na sexta-feira (28.02) Aristides Gomes do cargo de primeiro-ministro e nomeado Nuno Nabian, que tomou hoje posse.

Umaro Sissoco Embaló, dado como vencedor da segunda volta das presidenciais da Guiné-Bissau pela Comissão Nacional de Eleições, tomou posse simbolicamente como Presidente guineense na quinta-feira, numa altura em que o Supremo Tribunal de Justiça ainda analisa um recurso de contencioso eleitoral interposto pela candidatura de Domingos Simões Pereira, que alega a existência de graves irregularidades no processo.

Após estas decisões, registaram-se movimentações militares, com os militares a ocuparem várias instituições de Estado, incluindo a rádio e a televisão públicas, de onde os funcionários foram retirados e cujas emissões foram suspensas.

Entretanto, também na sexta-feira (28.02), o presidente da Assembleia Nacional Popular, Cipriano Cassamá, tomou posse como Presidente da República interino, com base no artigo da Constituição que prevê que a segunda figura do Estado tome posse em caso de vacatura na chefia do Estado. Porém, Cassamá renunciou ao cargo neste domingo (01.03).

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