Senegal: Presidente Macky Sall reeleito para segundo mandato
Lusa | EFE
1 de março de 2019
O Presidente senegalês, Macky Sall, foi reeleito com mais de 58,27% dos votos, segundo a comissão eleitoral. Oposição protesta contra resultados, mas diz que não os vai contestar em tribunal.
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O Presidente do Senegal, Macky Sall, foi reeleito para um segundo mandato, com mais de 58,27% dos votos escrutinados nas presidenciais de domingo passado, indicou na quinta-feira (28.02) a comissão eleitoral do país.
Sall precisava de uma maioria para evitar uma segunda volta das eleições, o que veio a verificar-se.
De acordo com resultados ainda provisórios, o opositor Idrissa Seck obteve 20,50% dos votos e o candidato Ousmane Sonko registou 15,67% dos escrutínios.
O primeiro mandato de Sall, com 57 anos, ficou marcado pela construção rodoviária e pela criação de empregos, registo ainda assim criticado pela oposição, que sublinha a elevada taxa de emigração senegalesa, sobretudo entre a camada mais jovem.
O Senegal é desde há décadas um exemplo de democracia num continente tingido por golpes de Estado frequentes. Os observadores internacionais enviados às eleições senegalesas não registaram irregularidades relevantes nas eleições de domingo último.
Estas presidenciais foram, porém, marcadas por alegações segundo as quais a Presidência senegalesa bloqueou a participação de dois políticos da oposição proeminentes: um antigo governador de Dacar, Khalifa Sall, com o mesmo nome, mas sem relação de parentesco com o Presidente, e Karim Wade, filho do ex-Presidente Abdoulaye Wade, ambos envolvidos em processos judiciais de corrupção.
Oposição insatisfeita
A oposição do Senegal rejeitou na quinta-feira a vitória de Macky Sall, mas adiantou que não impugnará os resultados.
Os quatro candidatos opositores que competiram com Sall nas urnas (Idrissa Seck, Ousmane Sonko, Issa Sall e Madicke Niang) protestaram contra os resultados provisórios: "Rejeitamos firmemente e sem qualquer reserva este resultado", afirmaram os políticos num comunicado conjunto.
Os candidatos têm 72 horas para apresentar recurso no Tribunal Constitucional, encarregado também de validar os resultados definitivos. No entanto, já indicaram que não o pretendem fazer.
O ouro muda tudo
Bantako é um pequeno vilarejo no sudeste do Senegal. Quando, em 2008, moradores encontraram ouro na região, a pequena comunidade rural transformou-se num eldorado na savana senegalesa.
Foto: DW/F. Annibale
Pedras com pouco ouro
"Quando nós descobrimos o ouro em 2007-2008, o vilarejo mudou completamente", diz Doussa, o coordenador da mina de ouro artesanal em Bantako. "Em 2007, nós éramos 2.000 pessoas e agora somos 6.000 pessoas a viver aqui", conta. Cerca de 3.000 mineiros trabalham todos os dias na mina artesanal de Bantako, onde, geralmente, encontra-se pedras com poucas quantidades de ouro.
Foto: DW/F. Annibale
Túnel improvisado
Os trabalhadores de túneis improvisados são supervisionados informalmente por anciãos do vilarejo. Os anciãos garantem que os mineiros carregam um cartão emitido pelo Ministério de Minas em Dacar. "Como podem ver, o Estado está ausente aqui, então nós do vilarejo controlamos a mina de ouro e organizamos o trabalho", diz Doussa. "Ninguém pode trabalhar aqui sem falar connosco antes."
Foto: DW/F. Annibale
Buracos profundos
"Eu estou aqui apenas para trabalhar", diz o mineiro Mamadou, da Guiné. "Aqui, eu consigo poupar dinheiro suficiente para mandar para casa", acrescenta. Regulamentos de saúde e de segurança e respeito pelos direitos dos trabalhadores simplesmente não existem. "Somos o lado negro de um mercado muito lucrativo", explica Akia, chefe da equipa de trabalhadores ao qual Mamadou pertence.
Foto: DW/F. Annibale
Pequena euforia
Antes da chegada das minas de ouro, não havia motorizadas no vilarejo. Com o crescimento repentino do negócio do ouro, os mineiros precisavam de uma conexão rápida com Kedougou, a cidade mais importante da região, a 35 quilómetros de Bantako. Vendedores de combustível, mecânicos e outros trabalhadores passaram a fazer o mesmo, beneficiando a comunidade e mudando a vida local de maneira profunda.
Foto: DW/F. Annibale
Bom estoque de enxadas e picaretas
Ao longo da estrada principal de Bantako, centenas de pequenos mercados de enxadas e picaretas vendem tudo o que os mineiros precisam. "Eu vim aqui apenas para abrir esse negócio", afirma Malik, dono do estabelecimento e que vem de outra região do Senegal. Poucos anos atrás, nenhum negócio como este poderia ser encontrado em vilarejos remotos da savana senegalesa.
Foto: DW/F. Annibale
Da fazenda às minas de ouro
"Antes da descoberta de ouro não havia casas de concreto", lembra Waly Keita, de 45 anos, que se tornou mineiro depois que o ouro foi encontrado na região. "Até a minha casa, que é feita de tijolos e cimento, nunca teria sido construída se eu ainda fosse um agricultor. Então, eu acho que o vilarejo ganhou muito com esse negócio", considera.
Foto: DW/F. Annibale
Métodos artesanais antigos
Mineiros que não podem comprar uma maquinaria industrial cara capaz de separar o ouro das pedras usam um método de extração rudimentar. As pedras são esmagadas com equipamentos antigos, molhadas e depois deixadas ao sol para secar. "O segundo estágio de esmagamento faz com que as pedras fiquem mais lisas, aumentando a probabilidade de encontrar ouro", explica a mineira Lia enquanto trabalha.
Foto: DW/F. Annibale
Esforço unânimo
Depois de serem esmagadas por uma segunda vez, as pedras são filtradas sobre uma peneira para garantir que todo o ouro será encontrado. A família inteira ajuda nesta parte do trabalho, especialmente no verão, quando as escolas estão fechadas.
Foto: DW/F. Annibale
Meio ambiente é ignorado
O boom económico no vilarejo e a chegada de milhares de trabalhadores também traz problemas. Em Bantako, não há nenhum sistema de descarte regular. O lixo produzido é frequentemente jogado diretamente num riacho que passa perto do vilarejo. "Um dia o ouro irá acabar. O que acontecerá com a vila?", questiona Keita.