Senegal recebe Fórum Social Mundial de braços abertos
10 de fevereiro de 2011O Senegal fica no extremo oeste do continente africano. O país costeiro tem mais de doze milhões de habitantes e é um local estratégico na rota entre o continente americano, a África e a Europa.
Para 2011, o Banco Mundial previu um crescimento de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Senegal, em conformidade aparente com os resultados dos países africanos que resistiram relativamente bem à crise financeira mundial. Mas a população protesta regularmente contra o governo do presidente Abdoulaye Wade – contra os apagões frequentes e a falta de perspetivas futuras para muitos jovens do país.
O Presidente é adepto do capitalismo
Abdoulaye Wade afirma-se pró-capitalismo. Mesmo assim, o liberal decidiu dar as boas-vindas aos seus chamados adversários – os críticos do sistema capitalista – no Fórum Social Mundial.
Na última segunda-feira, Wade aproveitou o ensejo para exultar a autonomia econômica do país, dizendo que o Senegal produz tudo o que consome: “Conheço poucos países que conseguiram isso.” Segundo Wade, o Senegal exporta arroz e amendoim para a China: "De país dependente, passamos a país exportador", rematou.
Em Dacar, Wade disse ainda estar ao lado dos chamados "alternativos", mas apenas na busca conjunta por uma solução para os problemas do mundo, e não porque concorde com eles. E talvez também porque os estes grupos independentes que viajaram para o Senegal, acabaram por impulsionar a economia do país. Mais de 75 mil pessoas, segundo os organizadores do Fórum, participam atualmente no encontro. Uma delas é o estudante o estudante de história, Elaj Seidi, que vê o Fórum de forma ambivalente: "Não se pode falar apenas de economia durante o Fórum, se ele não avançar do ponto de vista ideológico", comentou este jovem.
O Fórum como fator económico
Ainda não foram divulgados dados concretos sobre os custos do Fórum Social Mundial, ou sobre o benefício que o evento poderá trazer ao Senegal.
O orçamento do encontro é de 1,7 mil milhões de francos CFA , o equivalente a cerca de um milhão e meio de euros, financiados principalmente pelas organizações não-governamentais participantes.
Desconhece-se igualmente se os movimentos sociais no Senegal sairão fortalecidos do Fórum. Demba Moussa Dembellé, membro da comissão cultural do Fórum Social Mundial, está otimista: "Acho que os movimentos sociais do Senegal vão aprender uma grande lição com o Fórum". Dembellé aponta a enorme mobilização durante a marcha de abertura, e realça a "grande profundidade" dos debates, quer o tema seja agricultura, integração africana, democracia e as relações entre a África e o resto do mundo: "Vamos resumir essas idéias, para que movimentos sociais senegaleses e africanos continuem com as suas ideias e para que influenciem a política africana, promovendo mudanças."
Essas mudanças são possíveis, segundo Dembellé, devido ao fortalecimento dos movimentos sociais nos últimos anos e ao surgir de uma consciência civil.
Autor: Renate Krieger/Cristina Krippahl
Revisor: Helena Ferro de Gouveia