Separar o lixo em Luanda pode ser um negócio de sucesso
20 de agosto de 2013 A empresa alemã de gestão de resíduos Nehlsen tem uma filial na capital angola que se ocupa da limpeza das ruas de algumas zonas de Luanda. Todos os dias, a frota de 14 camiões sai à rua para recolher toneladas de lixo. E no meio destes resíduos, há materiais que, se forem reaproveitados e transformados, podem aumentar o volume de negócios das empresas.
A ideia de recolher lixo na capital angolana surgiu no final dos anos 80 com um projeto iniciado pelo Banco Mundial. Em 2010, a Nehlsen decidiu abrir uma dependência em Luanda.
"Angola é um mercado do futuro. É um mercado em crescimento", justifica Claudia Bunkenborg, que está à frente dos negócios internacionais da empresa alemã.
Mina de ouro
Claudia Bunkenborg vê no lixo de Luanda uma pequena mina de ouro. Na cidade, os resíduos não são separados e num mesmo caixote podem ser encontradas garrafas de plástico misturadas com restos de comida e vidro misturado com metal. Se esse lixo fosse separado, os lucros podiam aumentar, defende a alemã.
“Esperamos que haja uma mudança no processo de recolha dos resíduos sólidos. Não já em 2014 mas a médio prazo. Porque Angola, como outros países, também deve passar a separar os materiais recicláveis que estão no lixo. Essa é uma das nossas principais atividades e esperamos contribuir com o nosso conhecimento para oferecer estes serviços adicionais."
Porém, o processo exige que as autoridades criem diretivas e regulamentem a atividade.
"Se houver, por exemplo, um requisito adicional de que tudo o que é reciclável deve deixar de ser colocado no mesmo contentor, cria-se então uma nova área de atividade. Isto é, um negócio complementar", explica Claudia Bunkenborg.
Luanda é uma cidade cheia de pilhas de lixo, particularmente nos musseques, as zonas periféricas.
Para tentar reduzir o lixo, as autoridades da capital introduziram o projeto "Luanda Limpa", que permite aos cidadãos vender lixo diretamente ao governo provincial. Por cada 50 litros de lixo, as autoridades pagam cerca de quarenta cêntimos de euro.
Manter frota é um dos desafios
Entretanto, os camiões da empresa de Claudia Bunkenborg continuam a andar de rua em rua todos os dias a recolher o lixo dos contentores da cidade. Mas um dos desafios da Nehlsen em Luanda é manter a frota de 14 veículos em funcionamento, uma vez que mandar vir peças para um camião avariado pode demorar meses.
"Imagine que precisa de um motor de substituição. Não consegue comprá-lo em Luanda. Tem de se encomendar o motor da Europa, que tem de vir de barco e até que ele chegue são precisas pelo menos oito semanas. Depois, até que o motor chegue da Alfandega passam outras duas a quatro semanas", descreve.
A empresa espera compensar as longas demoras quando puder finalmente transformar a reciclagem do lixo em Luanda num negócio de sucesso.