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Estado de DireitoÁfrica

Sequestros tornam-se mais sofisticados em Moçambique

mp | Lusa
21 de julho de 2020

Polícia identifica que quadrilhas que atuam em Moçambique têm ligações com contas bancárias no estrangeiro. Após onda de raptos histórica entre 2012 e 2014, Moçambique volta a ver recorrência deste tipo de crime.

Mosambik - Maputo
Foto: picture-alliance/dpa

A polícia identificou que sequestradores em Moçambique têm exigido aos familiares das vítimas depósitos em contas bancárias domiciliadas no estrangeiro para "despistar as autoridades".

A informação divulgada nesta terça-feira pelo comandante-geral da Polícia, Bernardino Rafael, revela uma característica mais sofisticada da ação das quadrilhas especializadas neste tipo de crime no país.

"Instruímos as equipas do Serviço Nacional de Investigação Criminal para verificarem em que nomes estão as contas no estrangeiro e que quantias terão sido depositadas em tais contas", disse Rafael ao jornal "Notícias".

Para ele, trata-se de uma manobra para "despistar as autoridades", dificultando as investigações para a localização dos criminosos. "Queremos saber dos nomes, entidade bancária e o país de modo a agirmos, com vista a responsabilizar os criminosos”, disse ao diário moçambicano.

"Falhas sistémicas"

Em entrevista divulgada há poucas semanas pela agência Lusa, o jurista Custódio Duma, especialista em Direitos Humanos, disse que prevalecem "falhas sistémicas" no combate à criminalidade, assinalando que a c (PT_002): Sequestros torna... oncretização deste tipo de delito envolve vários protagonistas.

"Os raptos envolvem telecomunicações, sistema financeiro, mobilidade e abrigos e quando acontecem é porque há falhas sistémicas", referiu Custódio Duma.

Marcha pela Paz em 2013 também exigia o fim dos raptosFoto: picture-alliance/dpa

Para o jurista, o fato de os bancos usados para o saque de avultados valores que pagam o resgate, as operadoras de comunicações móveis e o Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic) não detetarem movimentos suspeitos relacionados com os raptos mostram uma preocupante falta de coordenação.

"É alarmante que as vítimas raptadas recentemente na província de Maputo tenham sido colocadas durante várias semanas em cativeiros próximos da capital do país, que acolhe também a sede das instituições de justiça e das Forças de Defesa e Segurança", frisou.

Custódio Duma defende que devem ser aperfeiçoados os mecanismos de alerta de atividades criminosas no seio das instituições vocacionadas para o combate à criminalidade, para se poder estancar a onda de raptos.

Uma nova onda?

Após a onda histórica de sequestros nas principais cidades moçambicanas - que teve o pico entre 2012 e 2014 e levou a manifestações nas ruas nos finais de 2013 – as ocorrências caíram nos meados da década.

Nos últimos meses, no entanto, as autoridades voltaram a registar ocorrências, numa vaga que parece intensificar-se desde 2018, quando a Procuradoria-Geral da República abriu 14 processos-crime. Em 2019, a PGR foram abertos 15 processos.

Neste ano, somente de conhecimento da imprensa, a polícia registou sete casos de sequestros no primeiro semestre. O perfil das vítimas é o mesmo: empresários e seus familiares, geralmente moradores das zonas de mais alta densidade demográfica.

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