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PolíticaSerra Leoa

Serra Leoa: Ataque a quartel preocupa UE, CEDEAO e EUA

Lusa
26 de novembro de 2023

União Europeia, Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e Estados Unidos mostram-se preocupados após ataque a um quartel militar em Freetown. Forças de segurança afirmam ter repelido grupo armado.

Militares nas ruas de Freetown após ataque, este sábado (26.11)Foto: Umaru Fofana/REUTERS

A União Europeia (UE), a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e os Estados Unidos exigiram este sábado (26.11) o respeito pela ordem constitucional na Serra Leoa, após um ataque a um quartel militar em Freetown.

O ataque foi perpetrado por um grupo de homens armados, que desencadeou um forte tiroteio na capital serra-leonesa, a que se seguiu um assalto a uma prisão em Freetown, onde foi libertado um número ainda por determinar de presos, o que levou as autoridades locais a decretarem o recolher obrigatório.

"A UE está preocupada com as notícias da Serra Leoa e apela ao respeito pela ordem constitucional. Não há justificação para a tomada forçada de quartéis militares. A UE continuará a apoiar todos aqueles que se dedicam a uma Serra Leoa pacífica e democrática", afirmou a delegação dos 27 naquele país da África Ocidental numa declaração publicada na conta da instituição na rede social X (antigo Twitter).

O ataque foi condenado também, pela CEDEAO e pelos Estados Unidos, entre outros países e organizações.

CEDEAO: "Tolerância zero"

A CEDEAO, com sede em Abuja, na Nigéria, condenou a "conspiração de certos indivíduos para adquirir armas e perturbar a paz e a ordem constitucional na Serra Leoa" e apelou à "detenção e acusação de todos os participantes neste ato ilegal".

O bloco regional, composto por 15 países, entre os quais a Serra Leoa, reiterou em comunicado "tolerância zero relativamente a mudanças inconstitucionais de Governo".

Panorâmica de FreetownFoto: John Wessels/AFP

A CEDEAO também reafirmou o compromisso de apoiar o Governo e o povo da Serra Leoa para "aprofundar a democracia e a boa governação, consolidar a paz e a segurança e promover o desenvolvimento socioeconómico".

"Condenamos com a maior veemência possível a tentativa de tomar à força o quartel e o arsenal de Wilberforce durante a noite", declarou a missão embaixada dos Estados Unidos em Freetown num comunicado publicado na conta da instituição na rede social X.

"Ações como esta não têm justificação. Apelamos à cooperação total com a operação em curso das forças de segurança do governo para prender os responsáveis", sublinhou a embaixada, acrescentando que os Estados Unidos "continuam a apoiar todos os que trabalham para uma Serra Leoa pacífica, democrática, saudável e próspera".

Governo "no controlo da situação"

Entretanto, as forças de segurança da Serra Leoa garantiram que conseguiram expulsar para os arredores da capital o grupo armado que atacou o quartel.

"As forças policiais repeliram os agressores de volta para os arredores da cidade e estão atualmente a lutar na área de Jui", declarou o Ministério da Informação e Educação Cívica, num comunicado, no qual acrescenta que "a maior parte da cidade está calma e sob o controle das forças de segurança do Estado". 

O Governo confirmou também que "grandes centros de detenção, incluindo a prisão de Pademba Road, foram também atacados e que, no interesse de proteger a vida dos civis (incluindo prisioneiros), as forças de segurança foram forçadas a fazer uma retirada tática". 

O Ministério da Informação destacou ainda que a sede da estação pública de rádio e televisão SLBC "não está em chamas nem sitiada", desmentindo assim informações anteriores que circularam nas redes sociais e que davam como garantida esta situação.

"O Governo continua no controlo da situação", anunciou o Ministério da Informação em comunicado publicado nas redes sociais, assumindo, contudo, que "os atacantes atingiram as prisões de Freetown e que muitos presos escaparam", mas sem avançar mais detalhes. 

Presidente promete defender paz e democracia

A invasão da prisão ocorreu depois de o mesmo grupo ter atacado o quartel militar de Wilberforce, um dos maiores do país da África Ocidental e o principal quartel do exército da Serra Leoa, nas primeiras horas da manhã de hoje, levando as autoridades serra-leonesas a decretar o recolher obrigatório a nível nacional.

Julius Maada BioFoto: Phil Noble/REUTERS

Logo após ter sido decretado o recolher obrigatório, o Presidente da Serra Leoa, Julius Maada Bio, prometeu defender a paz e a democracia no país.

O incidente ocorreu depois de as autoridades terem informado, a 31 de julho, que a polícia tinha detido um número desconhecido de militares que planeava utilizar os protestos pacíficos como pretexto para ataques a instituições estatais.

Eleições ensombradas por protestos

A 24 de junho, realizaram-se eleições na Serra Leoa, tendo Bio vencido com 56,17% dos votos, o que lhe conferiu um segundo mandato de cinco anos, apesar de a oposição ter contestado o resultado.

As eleições foram as quintas realizadas na Serra Leoa desde o fim da sangrenta guerra civil (1991-2002), que devastou o país e causou mais de 50.000 mortos.

A votação decorreu sob a sombra dos protestos de 10 de agosto de 2022 contra o elevado custo de vida, que foram duramente reprimidos pelas forças de segurança e nos quais foram mortos pelo menos 27 civis e seis polícias.

Antigo brigadeiro do exército da Serra Leoa, Bio governou o país como ditador durante dois meses e meio em 1996, na sequência de um golpe de Estado que deu início ao processo de realização de eleições democráticas e multipartidárias.

Artigo atualizado às 17h10 CET, com as informações do Governo da Serra Leoa.

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