Serra Leoa vai às urnas para escolher novo presidente
Lusa | Reuters | kg
31 de março de 2018
Cerca de 3 milhões de eleitores vão a votos para definir o sucessor do atual Presidente, Ernest Bai Koroma, que deixará o Governo após 11 anos no poder. Disputa será decidida entre Samura Kamara e Julius Maada Bio.
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Cerca de 3 milhões de eleitores vão às urnas na Serra Leoa este domingo (31.03) para a segunda volta das eleições presidenciais. A disputa será decidida entre o candidato do Governo, Samura Kamara, e o da oposição, Julius Maada Bio. O resultados será conhecido este domingo.
Kamara é cabeça de lista do governante Congresso de Todo o Povo (APC, na sigla em inglês) e Bio é líder do Partido Popular de Serra Leoa (SLPP).
Ambos procuram suceder ao Presidente Ernest Bai Koroma que deixará o poder após cumprir dois mandatos de cinco anos, como permitido pela Constituição. O sucessor do atual Presidente terá o desafio de reerguer a economia do pequeno país da África Ocidental, assolada pela epidemia do ébola.
As assembleias de voto abriram às 7h (horário local). A votação decorre até as 17h nas três mil assembleias de voto distribuídas pelo território nacional. A situação geral é tranquila com a polícia a manter um esquema especial de segurança.
As ruas da capital Freetown, habitualmente atoladas em intermináveis engarrafamentos, amanheceram praticamente vazias, devido à proibição de circulação de veículos não autorizados pela Comissão Eleitoral Nacional.
Adiamento
Os dois candidatos à Presidência de Serra Leoa não conseguiram alcançar a votação mínima na primeira volta. Atual ministro dos Negócios Estrangeiros, Kamara obteve 42,7% dos votos. Bio, general que deu um golpe de Estado em 1995 e governou o país por dois meses e meio, angariou 43,3% dos votos.
A primeira volta, em 7 de março, foi marcada por tensão política e a possibilidade de o partido do Governo perder a presidência. Na altura, 16 candidatos estavam na disputa, nas eleições mais concorridas de sempre na Serra Leoa.
A segunda volta estava prevista para o dia 27 de março, mas um recurso judicial apresentado pelo advogado Ibrahim Sorie Koroma, ligado ao APC, obrigou o adiamento das eleições. O advogado exigiu uma auditoria aos sistemas internos e de contagem da Comissão Eleitoral Nacional.
Na passada segunda-feira, o Tribunal Superior da Serra Leoa pronunciou-se a favor da Comissão e autorizou a realização das eleições, mas o recurso pendente atrasou o processo. Era demasiado tarde para que toda a logística ficasse pronta.
Ébola na Serra Leoa
Mais de 1.500 pessoas já foram infectadas no país. Apesar disso, os habitantes tentam não desistir e desafiam juntos o vírus.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
A vida continua
Todos os dias, Sward Dembi (d) vende pimentões na grande feira da capital de Serra Leoa, Freetown. Claro que ela tem medo de se infectar com o ebola no meio da multidão do mercado apertado, afirma a jovem de 19 anos. Mas ela não tem escolha: a família dela depende dessa renda.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Arquitetura contra o ebola
Em todo o país faltam centros de isolamento para tratar os infectados. Mas também faltam equipes e instalações. O arquiteto Kamara deixou seus outros projetos de lado e ajuda na construção de um centro de isolamento para pacientes de ebola em Freetown, que deve começar a funcionar em poucas semanas.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Proteção policial
Ela não quer revelar seu nome, mas os outros a chamam de "Mama G". Para muitos, a policial é quase uma mãe, que dedica seu tempo para as preocupações das pessoas de seu bairro. Há três semanas, ela foi desligada de suas funções para poder acompanhar o funeral de vítimas do ebola. Um trabalho que a ocupa em tempo integral, admite a policial.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Deixar o país não é uma opção
O alemão Ole Hengelbrock, de 28 anos, foi para Freetown há mais de um ano para cuidar de um projeto da organização humanitária Cap Anamur sobre crianças de rua. Hoje, Serra Leoa já virou um segundo lar para ele. Por um tempo, ele até jogou na Primeira Liga de futebol do país. Hengelbrock descarta a possibilidade de voltar para a Alemanha por causa da crise do ebola.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Voluntário
É a primeira vez que Momudo Lambo, de 28 anos, veste uma roupa de proteção. Ele participa de um treinamento para voluntários dispostos a trabalharem nas estações de tratamento de ebola. Um trabalho perigoso, mas, "em tempos difíceis como agora, algo obrigatório".
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Informação
A única coisa capaz de ajudar contra o ebola é o conhecimento sobre o vírus, afirma Usman Rahim Bah. Com seu próprio dinheiro, ele preparou material informativo, que agora distribui de casa em casa.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Sempre em serviço
Stella trabalha como enfermeira há quase 30 anos – e, nesse meio tempo, já viu muita coisa. A atual crise, porém, supera tudo. Quando o primeiro caso de ebola foi anunciado em sua clínica e vários colegas pediram as contas, ela decidiu ficar – e hoje se diz confiante que seu país vencerá a epidemia.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Perigo constante
Desmond Reez lidera uma equipe da Cruz Vermelha. Ele é responsável por seus colegas, que diariamente recolhem corpos de vítimas da doença altamente infecciosa para enterrá-los. "Eu sei que nós somos bem treinados e estamos protegidos", disse o sanitarista. Todos os dias, ele espera que a epidemia finalmente acabe.