O Presidente Ernest Bai Koroma está de saída depois de terminados os seus dois mandatos. Ao todo, 16 candidatos concorrem à Presidência nestas eleições. Economia do país ficou devastada com a crise do ébola.
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Às presidenciais e legislativas desta quarta-feira (07.03) concorrem 16 candidatos e 16 partidos. Estas são as eleições mais concorridas de sempre na Serra Leoa. Desde que o país se tornou independente da Grã-Bretanha em 1961, a política serra-leonesa tem sido dominada por dois partidos: o Congresso de Todos os Povos (APC, no poder) e o Partido do Povo da Serra Leoa (SLPP).
O APC escolheu o atual ministro dos Negócios Estrangeiros Samura Kamara como candidato para dar continuidade ao trabalho de Ernest Bai Koroma, que está na Presidência desde 2007. O candidato do SLPP é o antigo general Julius Maada Bio.
Mas a entrada em campo de novas figuras poderá mudar o xadrez político. O ex-vice-Presidente Samuel Sam-Sumana, demitido em 2015 pelo Presidente Koroma, concorre pela Coligação para a Mudança e tem sido mencionado com um dos favoritos nesta votação. Outro nome apontado é o de Kandeh Kolleh Yumkella, ex-chefe da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial, que concorre às eleições gerais como candidato da Grande Coligação Nacional (NGC).
Acusações de má gestão
Yumkella juntou-se à corrida presidencial há dois anos e tem sido uma voz ativa no país, denunciando as dificuldades da população e os "abusos" das elites políticas. O candidato promete combater o "regime cleptocrático" da Serra Leoa.
"Essas pessoas gastam dinheiro que não têm. Destruíram a economia", afirma em entrevista à DW. "A inflação está nos 17%, há 70% de desemprego jovem. Mais de 70% da população vive com menos de dois dólares por dia. Temos a maior taxa de mortalidade materna do mundo. O que há de positivo aqui? Eles são muito corruptos."
Kandeh Kolleh Yumkella acusa o atual Governo de gerir mal o Fundo Ébola, criado por doadores privados com o objetivo de combater o surto que abalou o país em 2014. "Só no meu país é que se roubam 14 milhões de dólares durante um surto de Ébola quando 4 mil pessoas estavam a morrer", refere.
Samura Kamara nega as acusações do opositor. Em entrevista à DW, o candidato do partido no poder, o APC, diz que Yumkella não sabe como funcionam os governos.
"A inflação é inferior a 10%. O problema da oposição é que eles não entendem de gestão económica. Em 2013, a nossa economia aumentou 20,5%. No ano seguinte, veio o ébola e o nosso PIB caiu 21%. Agora, a taxa de crescimento do nosso PIB está nos 6%. É uma conquista tremenda", afirma.
Serra Leoa vai a votos
Cidadãos pedem vida melhor
Para os cidadãos, a escolha do candidato a votar nunca foi tão difícil. A eleitora Edna Johson pede aos políticos que melhorem a qualidade de vida na Serra Leoa. "Rezamos para que Deus nos dê um bom líder que ajude o país", diz.
Já Jeremiah Bangura, apoiante da Grande Coligação Nacional, chama a atenção para o futuro dos jovens.
"A falta de oportunidades de trabalho é uma das coisas criticadas por muitas pessoas. Precisamos de alguém que invista na gestão de recursos humanos, porque eles têm de preparar o país para o futuro."
Ébola na Serra Leoa
Mais de 1.500 pessoas já foram infectadas no país. Apesar disso, os habitantes tentam não desistir e desafiam juntos o vírus.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
A vida continua
Todos os dias, Sward Dembi (d) vende pimentões na grande feira da capital de Serra Leoa, Freetown. Claro que ela tem medo de se infectar com o ebola no meio da multidão do mercado apertado, afirma a jovem de 19 anos. Mas ela não tem escolha: a família dela depende dessa renda.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Arquitetura contra o ebola
Em todo o país faltam centros de isolamento para tratar os infectados. Mas também faltam equipes e instalações. O arquiteto Kamara deixou seus outros projetos de lado e ajuda na construção de um centro de isolamento para pacientes de ebola em Freetown, que deve começar a funcionar em poucas semanas.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Proteção policial
Ela não quer revelar seu nome, mas os outros a chamam de "Mama G". Para muitos, a policial é quase uma mãe, que dedica seu tempo para as preocupações das pessoas de seu bairro. Há três semanas, ela foi desligada de suas funções para poder acompanhar o funeral de vítimas do ebola. Um trabalho que a ocupa em tempo integral, admite a policial.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Deixar o país não é uma opção
O alemão Ole Hengelbrock, de 28 anos, foi para Freetown há mais de um ano para cuidar de um projeto da organização humanitária Cap Anamur sobre crianças de rua. Hoje, Serra Leoa já virou um segundo lar para ele. Por um tempo, ele até jogou na Primeira Liga de futebol do país. Hengelbrock descarta a possibilidade de voltar para a Alemanha por causa da crise do ebola.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Voluntário
É a primeira vez que Momudo Lambo, de 28 anos, veste uma roupa de proteção. Ele participa de um treinamento para voluntários dispostos a trabalharem nas estações de tratamento de ebola. Um trabalho perigoso, mas, "em tempos difíceis como agora, algo obrigatório".
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Informação
A única coisa capaz de ajudar contra o ebola é o conhecimento sobre o vírus, afirma Usman Rahim Bah. Com seu próprio dinheiro, ele preparou material informativo, que agora distribui de casa em casa.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Sempre em serviço
Stella trabalha como enfermeira há quase 30 anos – e, nesse meio tempo, já viu muita coisa. A atual crise, porém, supera tudo. Quando o primeiro caso de ebola foi anunciado em sua clínica e vários colegas pediram as contas, ela decidiu ficar – e hoje se diz confiante que seu país vencerá a epidemia.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Perigo constante
Desmond Reez lidera uma equipe da Cruz Vermelha. Ele é responsável por seus colegas, que diariamente recolhem corpos de vítimas da doença altamente infecciosa para enterrá-los. "Eu sei que nós somos bem treinados e estamos protegidos", disse o sanitarista. Todos os dias, ele espera que a epidemia finalmente acabe.