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Moçambicanos em idade ativa são as maiores vítimas da SIDA

1 de dezembro de 2017

No Dia Mundial de Combate à SIDA, o Presidente Filipe Nyusi reconhece que é preciso reforçar as ações contra a doença. Moçambique é o segundo da África Austral e Oriental em número de infeções por ano.

HIV / Aids 2010 Solidarität
Foto: picture-alliance/dpa

A SIDA vitimou 62 mil moçambicanos em idade economicamente ativa em 2016, conforme referiu nesta sexta-feria (01.12) o Presidente da República, Filipe Nyusi, em Maputo, durante evento em alusão ao Dia Mundial de Luta Contra o HIV/SIDA, assinalado hoje.

O Presidente disse que "existem cerca de 1,9 milhões de pessoas a viver com HIV no país”. Este total equivale a um em cada oito adultos, acrescentou Nyusi, que afirmou que o país tem uma meta para reduzir o número de vítimas.

"Queremos reduzir a taxa de mortalidade em 40% ate 2019", referiu o chefe de Estado. "A forma mais eficaz de inverter a atual situação é reforçar as ações de comunicação para a mudança social e de comportamento, produzindo mensagens claras, tendo em conta as especificidades dos diferentes grupos-alvo", sublinhou.

Doença preocupa autoridades

Dados da agência ONUSIDA demonstram que, em Moçambique, houve uma redução do número de casos da doença desde 2010 – de 120 mil para 83 mil infetados. Entretanto, a situação ainda preocupa as autoridades.

Preservativo feminino é uma das ferramentas no combate ao HIV/SIDA (foto de arquivo)Foto: Getty Images/AFP/D. Dutta

Na província da Zambézia, no centro do país, por exemplo, ao contrário da tendência nacional, o índice de contaminação subiu de 12% para 15% nos últimos anos, de acordo com o Governo provincial. Atualmente, a província tem 750 mil habitantes infetados.

O coordenador do Núcleo Provincial da Zambézia de Combate ao HIV/SIDA, Víctor Manuel, diz que intervenções para o combate da doença estão a ser reforçadas em dois municípios. 

"São os distritos de Quelimane e Nicoadala que recebem a intervenção denominada DREAMS, que é centrada na raparigas. Os índices de incidência de HIV/SIDA são uma preocupação", revela Manuel.

Ativistas pedem mais reflexão

A ativista Angelina Saide, representante do núcleo municipal de combate à SIDA de Quelimane, capital da província da Zambézia, acusa as organizações de nada fazerem para mitigar a doença.

"Admiro-me quando aparecem novas organizações a investir em recursos humanos e o problema não é sanado. É de mais, de 12 para 15%, não estamos a fazer nada. Há muitas associações não-governamentais que estão a surgir, mas entretanto a contaminação ainda aumenta, afinal o que se está fazer?", questiona-se. Segundo Angela Saide, mais do que investir no combate, o importante agora é "procurar qual é a raiz deste aumento do HIV".

Leonarda Varinde: "Os jovens não acatam as mensagens sobre a SIDA"Foto: DW/M. Mueia

A também ativista comunitária Leonarda Varinde aponta a ignorância como uma das causas do aumento da transmissão da doença, que afeta sobretudo os mais jovens, na província da Zambézia.

"Os jovens podem ter ouvido os conselhos, mas não acatam a mensagem que são dadas, são ignorantes. Ultimamente tem sido difícil convencer os jovens, não te dão tempo estão mais ligados a bebedeira", lamenta.

O HIV/SIDA nos PALOP

Em termos nacionais, apesar dos progressos, Moçambique ainda tem um longo caminho a percorrer para atingir a meta de reduzir para 30 mil o número de casos anuais de HIV/SIDA até 2020. De acordo com dados da agência ONUSIDA de 2016, a três anos desta meta, o país continua a ser o segundo da África Austral e Oriental com maior número de infeções por ano, depois da África do Sul.

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Em Angola, foram registados mais de 22 mil novos casos de HIV/SIDA só no primeiro semestre deste ano. Deste total, pelo menos 1.300 são crianças. Em 2016, o país contabilizou quase 12 mil vítimas fatais da doença.

Dados do Instituto Nacional de Luta contra a SIDA em Angola revelam que a taxa de prevalência atual da doença no país é de 500 mil pessoas, o equivalente a 2% da população.

Na Guiné-Bissau, há pelo menos 36 mil portadores do vírus HIV, segundo dados das Nações Unidas. A doença representa a terceira causa de mortalidade e incapacidade no país, onde apenas um em cada quatro doente tem acesso aos medicamentos, conforme informou o Fundo Global. 

Em Cabo Verde, a taxa de incidência de HIV na população é de 0,8%. O país atualmente tem uma cobertura de mais de 60% de tratamento com medicamentos anti-retrovirais, mas a meta, segundo o Ministério da Saúde, a meta é abranger 90% dos seropositivos.

Ainda de acordo com o Ministério da Saúde de Cabo Verde, as taxas de transmissão do vírus entre mãe e filho têm variado entre 0% a 3%, nos últimos sete anos. O desafio, porém, é reduzir as infeções na parcela da população com idades acima dos 25/30 anos.

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