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Sida: Cientistas anunciam cura de segundo infetado com VIH

Lusa
11 de março de 2020

Paciente foi submetido a transplante de células estaminais em Londres. Médicos dizem que resultados confirmam o sucesso do transplante, que também foi eficaz com o chamado "paciente de Berlim" em 2011.

Argentinien Universität Buenos Aires | Forschung HIV
Cientistas publicam avanços em direção à cura da SIDAFoto: Getty Images/AFP/J. Mabromata

Cientistas anunciaram nesta terça-feira (10.03) no Reino Unido um segundo caso de cura de pessoa infetada com o vírus da Sida através do transplante de células estaminais de um dador com um gene resistente ao VIH.

O caso publicado na revista médica The Lancet HIV reporta-se a um doente de Londres que foi sujeito a um tratamento semelhante ao do chamado "doente de Berlim", apresentado em 2011, na Alemanha. O paciente seria o primeiro infetado com VIH curado após a terapia de três anos e meio.

"Sugerimos que estes resultados representem o segundo caso de uma pessoa com VIH a ser curada. Os resultados mostram que o sucesso do transplante de células estaminais como cura para o VIH, relatado pela primeira vez há nove anos no 'doente de Berlim', pode ser replicado", afirmou, citado em comunicado pela The Lancet, o coordenador do estudo experimental, Ravindra Kumar Gupta, da Universidade de Cambridge.

O transplante de células estaminais de dadores com o gene resistente ao VIH (CCR5) faz com que o vírus não consiga multiplicar-se no organismo da pessoa infetada, ao substituir as suas células imunitárias pelas células imunitárias dos dadores. A radioterapia e a quimioterapia são utilizadas paralelamente para eliminar vestígios do vírus.

Segundo paciente foi curado em Londres, mas segue sob observaçãoFoto: picture-alliance/dpa/P. Pleul

Tratamento menos agressivo

Comparativamente com o "doente de Berlim", o "doente de Londres" recebeu um tratamento menos agressivo, que consistiu num único transplante de células estaminais e doses mais reduzidas de quimioterapia e radioterapia. O "doente de Berlim" foi sujeito a dois transplantes, a radioterapia em todo o corpo e a um regime de quimioterapia mais intensivo.

Segundo o estudo, o "doente de Londres", um homem, deixou de ter infeção viral ativa ao fim de dois anos e meio sem medicamentos antirretrovirais. Os cientistas verificaram-no em amostras de sangue, de líquido cefalorraquidiano, sémen, tecido intestinal e linfoide.

Adicionalmente, partiram de um modelo probabilístico para calcularem a percentagem de cura, que seria de 99% se o doente tivesse 90% de células imunitárias derivadas das células que foram transplantadas.

No caso do "doente de Londres", os investigadores concluíram que 99% das suas células imunitárias derivaram das células estaminais que recebeu do dador, o que significa que o transplante de células estaminais foi bem-sucedido.

Último recurso

O paciente continuará a ser monitorizado, embora com menos frequência. A remissão da infeção pelo VIH foi reportada em 2019.

Os autores da investigação ressalvam que o tratamento com células estaminais - células que se diferenciam noutras e têm capacidade regenerativa - é de risco elevado e só pode ser usado como último recurso para doentes com o vírus da Sida que têm cancro no sangue.

"Por isso, não é um tratamento que possa ser amplamente dado a infetados com o VIH que estão a responder com sucesso a um tratamento antirretroviral", sublinhou Ravindra Kumar Gupta.

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