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Simões Pereira diz-se "mais preparado" para as legislativas

17 de abril de 2023

De visita a Lisboa, líder do PAIGC garante que estratégia do partido para as legislativas de 4 de junho já está definida. Vários guineenses apelaram à realização de eleições livres, na data prevista.

Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC
Foto: Jao Carlos/DW

O líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, diz que está agora mais preparado para as próximas eleições legislativas, previstas para 4 de junho deste ano.

Domingos Simões Pereira, que falou à DW em Lisboa, antes da apresentação do seu primeiro livro, este sábado (15.04), diz que não se vê confrontado com nenhuma desilusão política depois dos vários episódios e vicissitudes que se seguiram à sua candidatura e derrota nas últimas eleições legislativas e presidenciais na Guiné-Bissau. E que, quando enveredou pelo caminho da política, estava ciente dos desafios que ia enfrentar.

"Estarei hoje bastante mais consciente das dificuldades, mas talvez também mais preparado para os enfrentar e para dizer aos guineenses que estou preparado para dar o meu melhor e tudo o que tenho no sentido de transpormos essa barreira", garante. 

Simões Pereira, que esteve recentemente em Luanda para estreitar relações com o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder há mais de 40 anos, expressa assim a sua determinação de prosseguir a luta política. E confirma que o seu partido, o principal partido da oposição na Guiné-Bissau, tem já definida uma estratégia para as eleições legislativas que se aproximam.

As "escolhas" da Guiné-Bissau, segundo Simões Pereira

02:01

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"Quem acompanha a realidade guineense reconhece que o PAIGC tem uma sequência que respeita, uma lógica na própria elaboração dos seus documentos estruturantes. Nós saímos do X Congresso, que sufragou uma moção estratégica e com base [nela] há uma equipa que está a trabalhar na conversão dessa moção estratégica no nosso programa eleitoral".

Apesar de existirem "muitas barreiras", o líder do PAIGC diz estar "muito convicto e motivado", porque acredita no povo guineense, que, segundo as suas próprias palavras, está cada vez mais ciente da necessidade de resgatar o país, a liberdade e independência.

Críticas ao processo eleitoral

À margem do lançamento, em Lisboa, da sua primeira obra literária "KUMUS - A Ponte Até Nós Mesmos, Estórias e Sonhos em Duas Vidas Paralelas", a DW ouviu a perspetiva de outros cidadãos guineenses sobre as próximas eleições na Guiné-Bissau.

A ativista Amélia da Costa é crítica em relação à forma como está ser gerido o processo eleitoral e que pode, na sua opinião, pôr em causa a credibilidade do escrutínio.

Ativista Amélia da CostaFoto: Jao Carlos/DW

A guineense dá o exemplo da atual situação da Comissão Nacional Eleitoral, "que já terminou as [respetivas] funções".

"E até à data não temos ainda em síntese o que vai acontecer, como, quem vão ser os novos membros, se vão continuar os mesmos ou não. Neste momento, a CNE não está legal", acrescenta.

Na sua maioria, garante Amélia Costa, os guineenses na diáspora querem mudanças. A jovem apela para que seja respeitada a vontade popular.

"Não há margem para adiamentos"

Já Miguel da Cunha, economista, diz-se expectante quanto à urgência da realização das eleições, uma vez que, lembra, "continuamos perante um não-Estado, com uma governação sem fiscalização".

"Isto é extremamente preocupante, e ainda mais preocupante se torna quando as organizações de Bretton Woods, o Banco Mundial e o FMI, financiam um regime sem instrumentos de fiscalização da ação governativa. Na minha perspetiva, isto é financiar o terrorismo. Perante esta situação e o estado em que a Guiné-Bissau está, espero mesmo que as eleições se realizem. Não temos margem para o adiamento das legislativas", diz.

Iva Cabral, filha mais velha de Amílcar Cabral, quer voltar ao país para participar nas eleições, na data prevista.

Iva Cabral, filha de Amílcar CabralFoto: Jao Carlos/DW

À DW, diz esperar um ato eleitoral "honesto e transparente", em que "não haja batota", nem espaço para que se arranjem "desculpas".

"Espero que, desta vez, as eleições deixem o povo guineense ir para a frente com aqueles que eles elegerem", diz.

Domingos Simões Pereira diz estar disposto a transformar projetos em realidade. Foi um apelo que deixou também aos guineenses que compareceram em massa para assistir à apresentação pública do seu primeiro livro, em Lisboa.

"Nós precisamos de assumir o compromisso de transformar a nossa realidade. E aqui eu tenho pena de desiludir aqueles que pensam que são os grandes especialistas do Banco Mundial, que vão transformar a nossa sociedade. Não há especialista de desenvolvimento que não seja o próprio cidadão comprometido com o seu futuro e desenvolvimento", afirmou.

Guiné-Bissau: Narrativas étnico-religiosas em eleições

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