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Sissoco responde a jornalista com palavrões sobre eleições

DW (Deutsche Welle) | Braima Darame | Lusa | tm
14 de julho de 2024

Ao regressar ao país proveniente da China, o chefe de Estado guineense soltou palavras de baixo-calão a um jornalista quando esse perguntou-lhe sobre as eleições presidenciais. Sindicato pede boicote contra Sissoco.

Umaro Sissoco Embaló - Präsident aus Guinea-Bissau
Foto: Yelena Afonina/TASS/picture alliance

De regresso ao país, proveniente da China, o chefe de Estado da Guiné-Bissau respondeu com palavras de baixo-calão a um jornalista quando este lhe fez uma pergunta sobre as eleições guineenses.

Durante as declarações à imprensa, no aeroporto internacional Osvaldo Vieira, em Bissau, o jornalista em causa perguntou a Sissoco porque ele está decidido em marcar eleições legislativas, quando os partidos da oposição exigiam presidenciais para novembro. O Presidente guineense respondeu-lhe com palavrões: "vá para o c.*"

O Sindicato dos Jornalistas e Técnicos de Comunicação Social da Guiné-Bissau SINJOTECS disse que assistiu neste sábado o que considera mais um "triste episódio" de sistemáticos insultos do Presidente cessante, Umaro Sissoco Embaló, dirigido aos jornalistas.

Através de uma nota publicada hoje, o sindicato também exortou um boicote contra o Presidente e que os profissionais de comunicação social também boicotem todas as atividades do líder guineense, e pedem que respeitem a defesa de dignidade pessoal e profissional dos jornalistas.

E Nuno Nabiam?

Sissoco Embaló, que falava aos jornalistas no aeroporto, disse que não pretendia responder às críticas e insinuações de Nuno Nabiam.

Em conferência de imprensa, em Bissau, na passada quinta-feira, o ex-primeiro-ministro questionou o comportamento de Umaro Sissoco Embaló enquanto Presidente guineense, e ainda levantou suspeitas sobre "aviões que descarregam droga" no país "nos últimos tempos".

Nuno Nabiam afirmou que Embaló não pode dizer que desconhece a situação já que, disse, "controla a polícia e os serviços secretos".

"Toda a gente conhece o Nuno. É um infantil, não queria responder, mas se estão a dizer que ele disse isso. Não ouvi as suas declarações, mas vocês conhecem-me. Se Nuno disse isso tem de o provar", observou Sissoco Embaló.

Guiné-Bissau: Terá Nabiam moral para hoje criticar Sissoco?

24:39

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Quanto às declarações de Nabiam sobre alegados descarregamentos de armas de guerra no palácio da República, Embaló respondeu que "acusações qualquer pessoa as faz" e lamentou que o ex-primeiro-ministro o esteja a atacar de forma repetida.

"A única coisa que vos quero esclarecer: não tenho nenhum orgulho de ter tido Nuno como meu primeiro-ministro. Nunca tratei nada de Estado com o Nuno. Eu é que estava preparado", sublinhou Sissoco Embaló.

Líder da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), Nabiam foi primeiro-ministro guineense de 28 de fevereiro de 2020 a 07 de agosto de 2023.

"Controlador"

Na sua comunicação na quinta-feira, Nabiam, que foi também Conselheiro Especial de Embaló, acusou-o de não o deixar trabalhar enquanto primeiro-ministro por "controlar tudo".

O Presidente guineense referiu hoje que Nabiam lhe pediu para o voltar a nomear primeiro-ministro quando dissolveu o parlamento, em dezembro, e demitiu o Governo da Plataforma Aliança Inclusiva (PAI-Terra Ranka), vencedora das eleições legislativas de junho de 2023.

Umaro Sisosco Embaló afirmou ainda que perdoa Nuno Nabiam quando este o acusa de "querer mal aos balantas".

Nabiam é da etnia balanta, animista, uma das mais representativas da Guiné-Bissau.

"Eu não tenho nada contra nenhuma etnia da Guiné-Bissau. Eu não me revejo nisso. É por isso que não simbolizo a minha pessoa com nenhuma etnia", destacou Umaro Sissoco Embaló, da etnia fula, islamizada, também representativa no país.

Juntos, os balantas e os fulas, representam quase metade da população guineense.

Em relação à visita de Estado à China, o Presidente guineense disse ter superado as expectativas e que o país asiático prometeu reforçar a cooperação com a Guiné-Bissau, tendo para tal assinado 12 acordos.

Nos próximos dias, disse Umaro Sissoco Embaló, os ministros que o acompanharam na visita, vão promover conferências de imprensa para anunciar os acordos alcançados com a China. 

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