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Sindicatos angolanos reafirmam greve geral

Lusa
18 de março de 2024

Em conferência de imprensa, esta segunda-feira, as três centrais sindicais angolanas lamentaram a falta de propostas concretas do Governo e reafirmaram que vão manter a greve geral para quarta-feira.

Adriano Manuel, porta-voz dos sindicatos angolanos
Adriano Manuel, porta-voz dos sindicatos angolanosFoto: Borralho Ndomba/DW

As centrais sindicais angolanas reafirmaram, esta segunda-feira (18.03), que vão manter a greve geral, com início previsto para quarta-feira, lamentando a falta de propostas concretas do Governo sobre as suas reivindicações, em seis rondas negociais já realizadas.

Esta posição foi apresentada em conferência de imprensa, em Luanda, pelas três centrais sindicais angolanas que "exigem" aumento do salário mínimo nacional e redução do Imposto sobre o Rendimento de Trabalho (IRT).

"Reiteramos a greve e explicamos, acima de tudo, à opinião pública nacional e internacional as motivações que nos levaram a fazer a greve, uma vez que o governo durante seis rondas negociais, desde dezembro passado, não apresentou respostas plausíveis", disse o porta-voz dos sindicatos, Adriano Manuel.

A Força Sindical, União Nacional dos Trabalhadores de Angola -- Confederação Sindical (UNTA-CS) e a Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA) são as três centrais sindicais que convocaram greve geral.

A greve deve decorrer em três fases, com um primeiro período de três dias entre 20 e 22 de março, um segundo entre 22 e 30 de abril e um terceiro período de 03 a 14 de junho de 2024.

Greve geral está marcada para quarta-feira (20.03)Foto: Borralho Ndomba/DW

As centrais sindicais começaram por exigir o aumento do salário mínimo dos atuais 32.000 kwanzas (35 euros), para 245.000 kwanzas (268 euros), proposta "flexibilizada", entretanto, para 100.000 kwanzas (109 euros).

Adriano Manuel referiu ainda que os sindicatos exigem também a presença de seus representantes no conselho de administração do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) angolano, recusada pelas autoridades.

"Da proposta inicial (do salário mínimo nacional) nós também flexibilizámos para 100 mil kwanzas e isso é que o governo não está a dizer", salientou, acrescentando que os sindicatos querem também participar na gestão do INSS.

"O dinheiro do INSS é nosso e era bom que os trabalhadores também fossem aí representados", argumentou.

MPLA confiante num acordo

Por sua vez, o MPLA, partido no poder em Angola, manifestou-se hoje confiante num acordo entre o executivo angolano e os sindicatos para evitar a paralisação, apoiando um aumento do salário mínimo de forma faseada até 2027.

Em conferência de imprensa em Luanda, o porta-voz e membro do Bureau Político do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), Esteves Hilário, considerou que o executivo deve prosseguir as negociações com as centrais sindicais, realçando que 80% das propostas do caderno reivindicativo foram já atendidas. 

Em relação à posição do MPLA, Adriano Manuel, também presidente do Sindicato Nacional dos Médicos Angolanos, disse que o partido no poder convidou os sindicatos a serem patriotas, tendo questionado se patriotismo se traduzia em aceitar uma refeição por dia.

"Acho que o partido do poder não está a ser patriota ao nos permitir que continuemos nessa condição de vida", atirou.

Questionado sobre um possível consenso entre as centrais sindicais e o Governo angolano, Adriano Manuel respondeu: "Nós também acreditamos nesse consenso desde que o Governo de Angola trate o cidadão angolano com humanismo, porque se assim for teremos consenso".

"Mas, o que temos verificado são atitudes desumanas na mesa de negociações", concluiu o porta-voz das centrais sindicais.

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