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DesastresTurquia

Sismo: Esperança diminui, número de vítimas aumenta

cm | com agências
10 de fevereiro de 2023

Pelo menos 21.051 pessoas morreram, incluindo 17.674 na Turquia e 3.377 na Síria, na sequência dos sismos ocorridos na segunda-feira (06.02). Equipas de resgate no terreno envidam esforços para encontrar sobreviventes.

Foto: BULENT KILIC/AFP

Um adolescente de 17 anos foi retirado ileso esta madrugada, após 94 horas preso nos escombros de um prédio desabado na cidade turca de Gaziantep, na Turquia, onde foi ativiado estado de emergência.

Embora os especialistas defendam que é possível sobreviver durante uma semana ou mais sob os escombros dos milhares de edifícios destruídos, as esperanças de encontrar pessoas ainda com vida em temperaturas negativas estão a diminuir.

Luta contra o tempo

As equipas de resgate correm contra o tempo para encontrar mais sobreviventes do sismo. Enquanto isso, cresce o desespero e a frustração da população face à lentidão da resposta do governo turco.

"Houve um terramoto e o Estado não está aqui. Até às 2 da manhã do segundo dia, não vimos ninguém. Nem o Governo, nem o Estado, ou militares. Foi uma vergonha. Deixaram-nos sozinhos. Abandonaram o povo de Adiyaman completamente à sua sorte", dise Mehmet Yildirim.

Desabamentos provocados pelo sismo de 7,8 na escala de Richter fizeram do sismo com epicentro no sul da Turquia um dos mais mortíferos desastres naturais do séculoFoto: ADEM ALTAN/AFP

Hakan Tanrıverdi, da mesma localidade, partilha a sua dor: "É realmente uma dor profunda. E daqui a alguns meses, ninguém deve vir aqui e pedir votos. Seria uma vergonha".

Embora existam mais de 120 mil elementos nas equipas de resgate, além do exército que foi mobilizado, as temperaturas negativas e a extensão da área afetada pelo sismo está a dificultar o trabalho.

Também na província de Hatay, uma das mais atingidas, os moradores queixam-se da lentidão da resposta de emergência, com corpos não reclamados perto de escombros, mas também do abastecimento de água e eletricidade que ainda não foi restabelecido.

"As pessoas estão com fome, sem água e com filhos para cuidar. Todo a gente está a sofrer. Estamos a comer o que conseguimos comprar", afirmou um local que não se identificou aos jornalistas.

Com o tempo a esgotar-se, as pessoas esperam angustiadas por qualquer sinal de vida, desesperadas por mais apoio dos serviços de emergência.

"As equipas de resgate têm de vir e levar os corpos o mais rápido possível. Vim de Mardin para cá como voluntário. Estamos a fazer esse trabalho sozinhos. Pedimos que removessem os destroços, mas não há veículos para nos ajudar”, frisou um voluntário.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, prometeu punir os saqueadores que invadiram lojas nas últimas horas e pediu paciência e união. Na quarta-feira (08.02), reconheceu "lacunas" na resposta inicial das autoridades ao sismo, mas garantiu que as operações de salvamento estavam a funcionar normalmente e prometeu que ninguém ficaria sem casa.

Ajuda internacional, nomeadamente através de equipas de resgate, continua a chegar à TurquiaFoto: Piroschka van de Wouw/REUTERS

A Turquia tem eleições presidenciais e legislativas agendadas para 14 de maio, para as quais Erdogan se candidata à sua sucessão. A elevada inflação, de quase 58% em janeiro, tem esvaziado a sua popularidade, e administrar esta catástrofe pode ditar o seu destino nas urnas.

Riscos de saúde

A Organização Mundial de Saúde estima que 23 milhões de pessoas estão "potencialmente expostas, incluindo cerca de cinco milhões de pessoas vulneráveis" e teme uma grande crise de sanitária, capaz de causar ainda mais danos do que o terramoto.

As organizações humanitárias estão particularmente preocupadas com a propagação da epidemia de cólera, que reapareceu na Síria.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou, no Twitter, estar "a caminho" da Síria, para prestar apoio na sequência dos sismos de segunda-feira