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Umaro Sissoco Embaló: "A igreja não pode fazer política"

Lusa
29 de janeiro de 2022

O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, afirmou este sábado, (29.01), na cerimónia de entronização do novo bispo de Bissau, ser um homem de fé e que a igreja e a mesquita não podem fazer política.

Präsident Umaro Sissoco Embaló
Foto: João Carlos/DW

"Sou um homem de fé e a igreja não pode fazer política, nem a mesquita”, afirmou o chefe de Estado aos jornalistas, depois da cerimónia de entronização do novo bispo de Bissau, D. José Lampra Cá, que decorreu na catedral de Bissau.

A presença de Umaro Sissoco Embaló na cerimónia de tomada de posse do novo bispo de Bissau acontece depois de uma acesa troca de palavras entre o chefe de Estado e representantes da igreja católica naquele país.

Em dezembro, após um encontro entre o primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam, e representantes com líderes religiosos de todas as confissões existentes no país, o bispo de Bissau, falando em nome de todas as congregações, pediu um entendimento entre os dirigentes políticos e disse ter a convicção de que a Guiné-Bissau pertence a todos os guineenses.

Embaló afirmou que enquanto for Presidente os religiosos não terão lugar no Palácio da República (imagem ilustrativa)Foto: DW/I. Danso

O Presidente guineense mostrou-se agastado com as declarações e considerou que se Lampra Cá pretendesse entrar para a política era melhor que aderisse a um partido político e que o lugar de religiosos é nos seus locais de culto.

Religiosos sem lugar no Palácio da República

Embaló afirmou que enquanto for Presidente da Guiné-Bissau os religiosos não terão lugar no Palácio da República.

Em reação às declarações do chefe de Estado, o padre Augusto Mutna Tambá disse que deixar de reagir seria "permitir uma afronta e abrir um precedente grave e que pode comprometer as excelentes relações conquistadas entre os diferentes setores da sociedade” guineense.

O padre Mutna Tambá questionou o que faz o imame (líder religioso muçulmano) de Bafatá, segunda capital da Guiné-Bissau, situada no leste do país, no Conselho de Estado, onde tem assento como membro, ao responder à declaração do Presidente Embaló de que os religiosos não têm lugar na arena política.

"Guiné-Bissau é um estado laico"

Na cerimónia, participou também o primeiro-ministro guineense, Nuno Gomes NabiamFoto: Braima Darame/DW

Hoje, nas declarações aos jornalistas, o chefe de Estado guineense disse que estar na cerimónia é um dever do Presidente da República e que a "Guiné-Bissau é um estado laico”, salientando que domingo vai à cerimónia de tomada de posse do novo presidente da associação de imames do país.

"Olhem para quem está aqui”, afirmou, referindo-se às pessoas que estavam a assistir ao evento, salientando que naquele local estavam fulas, balantas, muçulmanos, cristãos e protestantes.

Questionado sobre se a sua presença na cerimónia punha termo ao diferente com o novo bispo de Bissau, Umaro Sissoco Embaló afirmou não ter diferendos com Lampra Cá.

O Papa Francisco nomeou o novo bispo de Bissau em dezembro.

José Lampra Cá substitui no cargo José Camnate na Bissign, que renunciou ao cargo em 2020, por motivos de saúde.

Na cerimónia, participaram também o primeiro-ministro guineense, Nuno Gomes Nabiam, e o líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, que recebeu grandes aplausos dos presentes quando chegou à catedral de Bissau.

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