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Pequim compromete-se com mais investimentos na Guiné-Bissau

António Cascais | AP
10 de julho de 2024

Investimento é o que procura o Presidente Sissoco Embaló na China. E Pequim responde positivamente, as infraestruturas merecerão destaque. Na sua visita a Pequim, o PR guineense também prometeu amizade eterna ao parceiro

Foto: Vincent Thian/Pool/REUTERS

O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, iniciou esta terça-feira (09.07) uma visita oficial à China, com forte pendor para o incremento da cooperação entre os dois países focado em investimentos em vários domínios.

Nesta visita de três dias, o chefe de Estado guineense faz-se acompanhar de oito ministros do seu Governo presidencial e também o chefe de Estado Maior das Forças Armadas. 

Bissau e Pequim já estão a colaborar nas áreas da educação, saúde, agricultura, infraestruturas, pescas e defesa. Antes do início da visita, o Presidente guineense anunciou os próximos projetos conjuntos, com a China a assegurar que vai financiar um grande centro de conferências para a próxima presidência rotativa da Guiné-Bissau na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Além disso, serão renovados 300 quilómetros de estradas e construído um novo campus universitário para 12 mil estudantes, entre outros investimentos, segundo anunciou Sissoco, em Bissau, na véspera da sua partida.

Relações de longa data

No primeiro dia da visita, Sissoco foi recebido por Xi Jinping, tendo o líder chinês feito alusão à origem do hino da Guiné-Bissau entoado no ato oficial. "O vosso hino nacional, escrito por Amílcar Cabral, foi composto por um músico chinês”, sublinhou. "Isso demostra a profunda amizade entre os nossos dois países”, justificou, afirmando que as relações diplomáticas com a Guiné-Bissau são de longa data. "Tivemos sempre excelentes relações”, assegurou o Presidente chinês.

Umaro Sissoco Embaló disse, por sua vez, que a Guiné-Bissau estará sempre ao lado da China. "Não é de hoje que a China sempre está ao lado da Guiné-Bissau. Foi antes de proclamarmos o nosso Estado. A China sempre esteve connosco”, afirmou. Sissoco Embaló assegurou que o seu país também continuará sempre ao lado da China, argumentando que o parceiro asiático "tem assistido não só a Guiné-Bissau, mas sim todo o continente africano”.

Delegações dos dois países reunidas em Pequim para o reforço da cooperação bilateralFoto: Vincent Thian/Pool/REUTERS

Os dois países assinaram, em 2021, um memorando de entendimento no âmbito da iniciativa chinesa Faixa e Rota. A construção de infraestruturas, a agricultura e as pescas têm aproximado Pequim e Bissau, no âmbito do modelo de cooperação entre o país asiático e nações em desenvolvimento.

Intercâmbio e formação

O Governo chinês tem apoiado também na formação dos funcionários públicos, disse à DW Bacar Camará, correspondente da Agência de Notícias Xinhua, que é controlada pelo Governo da China.

"Funcionários guineenses de praticamente todos os setores são regularmente enviados à China para seminários de curta duração”, referiu o jornalista guineense.

"São cerca de mil funcionários por ano, o que é um número enorme para um país pequeno como a Guiné-Bissau”, adiantou, fazendo também alusão a "muitas mulheres guineenses que se deslocam à China para estudar”. Todos estes programas de intercâmbio – sublinhou – contribuíram para a aproximação entre os dois países.

O Governo de Xi Jiginping quer também que os jornalistas guineenses tenham um melhor conhecimento da cultura chineses. Por isso, tem apoiado o setor da comunicação social guineense.

A China e Guiné-Bissau estabeleceram relações diplomáticas em 1974, mas foram interrompidas entre 1990 e 1998. Durante esse período, o Governo guineense reconheceu a República da China, ou Taiwan, como um Estado soberano, em detrimento da República Popular da China, disse ainda Bacar Camará.

"Eu descreveria as relações entre a China e a Guiné-Bissau como excelentes”, referiu, dando conta que a China tem estado a ajudar a Guiné-Bissau nos últimos anos, especialmente nas áreas das infra-estruturas, educação, saúde e agricultura. "A relação remonta aos anos 70, quando Mao Tse-Tung apoiou o nosso combatente da liberdade Amílcar Cabral na sua luta contra o colonialismo”, recordou.

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