Sissoco preside à CPLP e quer aprofundar democracia
18 de julho de 2025
A Guiné-Bissau assumiu hoje a presidência em exercício da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para os próximos dois anos.
O país tem eleições marcadas para novembro deste ano, ocasião em que poderá ser eleito um novo Presidente. Caso isso não aconteça, será Umaro Sissoco Embaló quem continuará a liderar o bloco. O chefe de Estado guineense agradeceu aos outros oito Estados-membros pela confiança depositada no seu país para presidir à organização.
Uma das prioridades do seu mandato, revelou Sissoco Embaló, será "aprofundar a cooperação política e diplomática para a defesa da paz, democracia e multilateralismo nas nossas respetivas regiões".
Além disso, a "promoção da língua portuguesa como instrumento global de conhecimento, identidade e de conexão" deverá ser outro eixo estratégico.
Líderes de Angola, Brasil e Portugal não estiveram
Os Presidentes de Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste foram os quatro chefes de Estado que estiveram presentes na XV Cimeira de líderes da CPLP, que decorreu hoje em Bissau.
Portugal esteve representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, o Brasil pelo Secretário para África e Oriente Médio. Por Angola esteve em Bissau o ministro das Relações Exteriores e a Guiné Equatorial fez-se representar pelo seu primeiro-ministro.
O ex-Presidente de Moçambique Joaquim Chissano também participou na cimeira, tal como o chefe de Estado Senegalês, Bassirou Faye, que foi convidado de honra.
Carlos Vila Nova, o Presidente de São Tomé e Príncipe, que deixa a liderança da CPLP, enfatizou que o seu país chefiou a organização com convicção nos últimos dois anos, respeitando os princípios fundadores.
"É com espírito de confiança e otimismo que, nesta ocasião, São Tomé e Príncipe passa a presidência a Guiné-Bissau", afirmou.
Temas debatidos
A segurança alimentar no espaço lusófono foi o tema central que marcou a Cimeira de chefes de Estado e de Governo da CPLP em Bissau.
Os representantes do bloco lusófono avaliaram também a implementação do acordo sobre mobilidade, tal como as novas dinâmicas de cooperação económica. Temas como transparência eleitoral, subversão à ordem constitucional nos Estados-membros, democracia e Direitos Humanos não constaram da agenda.
No final da cimeira, os chefes de Estado e de Governo assinaram um documento denominado "acordo de Bissau" no qual se comprometem a promover o diálogo político, a troca de experiências e a cooperação com vista a "elevar as realizações da CPLP em todas as áreas". Reconhecem ainda que a "promoção da soberania alimentar" deve permanecer agora como prioridade da agenda internacional e da CPLP.
Durante o evento foi eleita a nova secretária-executiva da CPLP, para o período de dois anos, a ex-ministra angolana Maria de Fátima Jardim, que substitui no cargo o timorense Zacarias da Costa.
Não houve consenso entre os chefes de Estado sobre qual será o próximo Estado-membro que deve liderar a organização, depois da Guiné-Bissau. Brasil e Guiné Equatorial são os dois concorrentes ao cargo.