1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Situação de instabilidade no Zimbabué preocupa

18 de agosto de 2011

A situação de instabilidade no Zimbabué foi um dos temas prioritários da cimeira da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, SADC, que terminou, em Angola esta quinta-feira, 18 de agosto.

Protestos contra o regime de Mugabe - na imagem em Londres - só são possíveis fora do ZimbabuéFoto: AP

Há anos que a organização tenta mediar entre o Presidente autocrático, Robert Mugabe, e a oposição, para trazer a estabilidade ao país. Após a violência que marcou as eleições de 2008 chegou-se a um compromisso, mas sem alcançar verdadeira estabilidade. Por isso os ativistas dos direitos humanos temem já agora os problemas que poderão surgir nas eleições de 2012.

Pelo seu trabalho, a ativista zimbabuana dos direitos humanos, Jenni Williams, de 49 anos, e fundadora da organização feminista WOZA, já sofreu várias detenções, foi torturada e humilhada. A situação agrava-se sempre em vésperas de eleições, sublinha: "A palavra “eleições” seguida por uma data, para nós significa perseguição”.Williams conta que as milícias juvenis começaram já a patrulhar as cidades, para impedir qualquer movimentação livre. A polícia introduziu um recolher obrigatório informal mas muito eficaz, para impedir as reuniões: “Mesmo grupos de três pessoas são dispersados alegando que estão a discutir política. Nas últimas semanas, até tentaram proibir grupos eclesiásticos e cortejos fúnebres. Têm medo que as pessoas falem das suas preocupações do dia a dia", diz a ativista

Jenni Williams, da organização feminista WOZA, antecipa novas perseguições políticas no ano de eleições 2012Foto: AI

Sociedade civil reivindica participação política

"Eles", para Jenni Williams" são o Presidente, Robert Mugabe, e o seu partido ZANU-PF. Depois da violência da oposição, a SADC mediou um compromisso, que resultou num governo de coligação com o partido MDC do primeiro-ministro, Morgan Tsvangirai. Mas o "Governo de unidade nacional" não cumpriu as suas muitas promessas. O Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas coloca o Zimbabué em última posição. E a opressão política continua.

Representantes da sociedade civil reivindicam um plano concreto de alterações constitucionais, que permitam uma maior participação política da sociedade. Uma causa secundada por Judy Smith-Höhn do Instituto de Estudos da Segurança na universidade de Pretória, na África do Sul: "Se não houver alterações à Constituição, é certo que tornarão a acontecer as mesmas tentativas de intimidação. Muitas das causas da violência em 2008 não foram eliminadas. Se não houver alterações, nada garante que as eleições serão pacíficas", teme a investigadora.

Acusações de tortura

A tensão agravou-se com a publicação recente nos meios de comunicação sobre campos de tortura nas minas diamantíferas de Marange. Grande parte da receita pública depende de matérias-primas como o diamante. Mas só em junho o Zimbabué voltou a ser autorizado exportar diamantes das minas de Marange. Testemunhas anónimas contam que trabalhadores forçados nas minas sofreram abusos físicos graves infligidos pelas forças de segurança.

Os diamantes são uma das principais fontes de receitas públicasFoto: PA/dpa

Para o ministro das Minas estas afirmações não passam de mentira e propaganda. Mas a ativista dos direitos humanos, Jenni Wiliams, é doutra opinião: "É até altamente provável que isso aconteça, não só nas minas de Marange. Sabemos que há destes campos em várias partes do país. Mesmo que não haja tortura, estes campos existem. E assim que aproxima uma eleição ou um dia de referendo, os ativistas dos direitos humanos e cidadãos comuns são torturados ali".

Debate sobre a sucessão de Mugabe

Trata-se de uma possibilidade que os representantes da sociedade civil e também os mediadores da SADC querem, a todo o custo, evitar. Entretanto, o partido de Mugabe, a ZANU-PF, debate-se com outros problemas. Após a morte por esclarecer de Solomon Mujuri, um confidente de Mugabe, voltou a rebentar a discussão em torno de um sucessor do Chefe de Estado gravemente doente.

Autor: Adrian Kriesch

Edição: Cristina Krippahl / António Rocha

Saltar a secção Mais sobre este tema
Saltar a secção Manchete

Manchete

Saltar a secção Mais artigos e reportagens da DW