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Situação em Moçambique muito tensa mas pacífica

Cristina Krippahl/Lusa, AFP, rtr26 de junho de 2013

Em Moçambique multiplicam-se os esforços para uma solução do conflito resultante das ameaças proferidas pelo principal partido da oposição, a RENAMO. A situação é tensa, mas, para já, pacífica.

Treino militar de ex-guerrilheiros da Renamo na GorongozaFoto: Getty Images/AFP

O antigo Presidente moçambicano, Joaquim Chissano, defendeu, na quarta-feira, 26 de junho, uma solução pacífica para a instabilidade política no país. Chissano pediu que se evitasse “destruir o que construímos” desde o fim da guerra civil em 1992. Na altura Chefe de Estado, Chissano foi um dos signatários do Acordo Geral de Paz, juntamente com o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama.

O estadista não foi o único a pronunciar-se no sentido de um fim da tensão. Dentro da própria Renamo parece crescer a convicção da necessidade de um diálogo, embora sem um distanciamento claro do líder, Dhlakama. A Junta Nacional de Salvação da RENAMO (JNSR), uma fação do maior partido da oposição, lamentou os ataques de terça-feira (18.06) em Muxúngué, que causaram três mortes.

Em declarações prestadas à agência de notícias portuguesa, Lusa, o porta-voz da JNSR, Simone Muterua, defendeu que a "via militar" deve ser o último recurso da Renamo, depois de esgotados meios para o "diálogo e manifestações pacíficas". Mutuera acrescentou, no entanto, que o Governo de Maputo precisa "dialogar com sensibilidade e humildade" com a oposição: "A guerra devia ser a última instância. Nós estamos contra a guerra mesmo que a RENAMO tenha suas razões", disse o antigo deputado da Assembleia da República pela bancada da RENAMO.

Exoneração na chefia militar não atinge elemento da RENAMO

Entrada sul da ponte sobre o rio Save na EN1, uma artéria crucial para a economia moçambicanaFoto: DW/Johannes Beck

Entretanto, no meio de clima de tensão que se vive atualmente, o Presidente moçambicano, Armando Guebuza, exonerou nesta quarta-feira, 26 de junho, o chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, Paulino Macaringue.

Não obstante, reconduziu o vice-chefe de Estado-Maior General, Olímpio Cambona, que entrou no exército oriundo da antiga guerrilha da RENAMO. Esta tem justamente vindo a exigir uma maior representação nas Forças Armadas do país. Macaringue foi substituído por Graça Chongo, um histórico da luta de libertação, sem que tivessem sido adiantadas as razões da decisão do Presidente.

A tensão começa a ter repercussões também económicas: o gigante mineiro anglo-australiano Rio Tinto suspendeu, na quarta-feira, 26 de junho, as exportações de carvão de Moçambique, em reação a ameaças de ex-guerrilheiros contra a linha ferroviária de que depende o transporte. Um porta-voz do consórcio confirmou a suspensão, "enquanto decorre a avaliação da situação".

Foto: DW

Repercussões económicas

Na segunda-feira, 24 de junho, um dos comboios do consórcio descarrilou na fronteira com o Malawi, sem que haja ainda certezas sobre as causas do incidente. O governador da província de Tete, Ratxide Gogo, adiantou apenas que estava uma investigação em curso. Na semana passada, a Resistência Nacional Moçambicana, RENAMO, ex-movimento guerrilheiro e maior partido da oposição, ameaçou bloquear o tráfico no centro do país, mais precisamente a única ligação ferroviária entre Tete e a costa. Analistas acreditam que se trata de uma tentativa dos ex-guerrilheiros de obterem uma maior participação nas potenciais receitas geradas pelas gigantescas reservas de recursos naturais recentemente descobertas.

RENAMO não reivindicou emboscadas

Em Outubro de 1992, o Acordo de Paz entre a FRELIMO e a RENAMO punha termo a 16 anos de guerra civilFoto: picture-alliance/dpa

Até hoje, no entanto, não se registaram quaisquer ataques contra a linha de caminhos de ferro, embora as emboscadas na estrada nacional EN1 tenham custado a vida a dois civis. Presume-se que elas tenham sido da autoria da RENAMO, que não as reivindicou. A violência ocorreu no troço de Sofala, baluarte do partido, que protagonizou a guerra civil de 1975 a 1992 contra o governo da Frente de Libertação de Moçambique, FRELIMO, no Governo desde a independência.

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