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Situação no centro de Moçambique permanece muito tensa

3 de novembro de 2016

Tensão continua a aumentar no centro de Moçambique, onde nas últimas horas mais dois membros da RENAMO terão sido baleados. A RENAMO diz que já perdeu a conta dos seus membros assassinados a tiro.

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Militantes dos dois principais partidos moçambicanos, a FRELIMO e a RENAMO já foram assassinados nos últimos meses no país, no contexto da atual violência entre as Forças de defesa e segurança moçambicanas e o braço armado da oposição.

Na quarta-feira (02.11.), a RENAMO, através do seu porta-voz, António Muchanga, acusou o Estado de Moçambique de financiar a morte dos militantes do principal partido da oposição, indicando que cerca de cem membros já foram assassinados e cerca de 250 estão desaparecidos.

Menos de 48 horas depois das declarações de Muchanga, mais dois membros da RENAMO, terão sido baleados na província da Zambézia, centro do país.

A primeira vitima, Abílio da Fonseca Baessa, membro da RENAMO e Diretor adjunto do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), foi ferido a tiro no distrito de Mocuba e neste momento encontra-se em tratamento intensivo no Hospital Rural de Mocuba. Um outro militante de base da RENAMO, conhecido por Carlos Manuel, terá sido morto esta quinta-feira ( 03.11.) no Posto Administrativo de Lioma, no distrito de Gúruè, disse à DW África Abdala Ossifo, delegado da RENAMO na Zambézia.Segundo Ossifo, a delegação do seu partido na Zambézia, já perdeu a conta dos seus membros assassinados a tiro ou que sobreviveram a várias tentativas de assassinato. "Recebi a confirmação da morte de mais um dos nossos membros ocorrido em Gúruè, mas estamos a fazer buscas para avançar com mais detalhes sobre este baleamento. Também foi baleado o um membro nosso na via pública em Mocuba quando ía em direção ao seu posto de trabalho. O membro baleado em Mocuba por sinal era um professor. Mas apesar desse clima de terror não vamos parar até que nos matem todos”, destacou Abdala Ossifo.

Quelimane, capital da província da ZambéziaFoto: DW/J. Beck

Entretanto, o Comando provincial da polícia da Zambézia disse à DW África que até ao momento desconhece a ocorrência desses dois casos. 

A RENAMO não tem medo e portanto não desiste

O delegado da RENAMO na Zambézia insistiu que apesar desta situação que os membros do seu partido estão a enfrentar, a RENAMO não se sente intimidada.

"Não temos medo principalmente porque estamos a trabalhar para o bem estar da população e do Partido. Somos pela a paz e não pela violência…sabemos onde moram os secretários da FRELIMO, os administradores e também podemos ir às suas residências para os assassinar. Mas como estamos preocupados com a Paz, vamos permanecer passivos perante esta onda de assassinatos”.Recorde-se, que na semana passada a RENAMO e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) acusaram no Parlamento, em Maputo, o Governo de ter criado esquadrões de morte contra membros da oposição, enquanto a FRELIMO imputou ao braço armado do partido de Afonso Dhlakama a autoria de assassínios dos seus militantes.

Governo e RENAMO mantêm diálogo 

Na ocasião, o ministro moçambicano da Justiça, Isaque Chande, rejeitou as acusações da RENAMO e do MDM, de que o Governo instituiu esquadrões de morte contra militantes da oposição, assinalando que as autoridades perseguem apenas organizações criminosas.

Foto: DW/L. Matias

Mas apesar dos casos de violência, o Governo moçambicano e a RENAMO matêm o diálogo em Maputo, na presença de mediadores internacionais.O maior partido de oposição exige governar em seis províncias onde reivindica vitória eleitoral nas eleições gerais de 2014, acusando a FRELIMO de ter cometido fraude no escrutínio.

Entretanto, mais de 100 membros da RENAMO, estão reunidos nos próximos dois dias na capital da província da Zambézia, com o objetivo de preparar as eleições autárquicas que vão ser realizadas em 2018.

A chefe da Comissão Politica na Assembleia da Republica, Ganya Mussagi disse que tudo está a ser feito para que a RENAMO concorra e vença as próximas eleições.

"Estamos preparados para concorrermos a esse pleito eleitoral e esta é também uma oportunidade para explicar à população e aos nossos militantes como está a decorrer o diálogo politico nas negociações de paz”.

 

03.11.2016 Quelimane/Renamo-assassinatos - MP3-Mono

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Delegação de mediadores nas conversações de paz em MaputoFoto: DW/L. Matias
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