Ébola: Sobe para 12 o número de mortes confirmadas na RDC
EFE | AP | Lusa | tms
27 de maio de 2018
Ministério da Saúde continua a campanha de vacinação, que nesta segunda-feira (28.05) chega à zona rural da região afetada pelo surto da doença. Como medida preventiva, Igreja Católica suspendeu alguns serviços no país.
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O surto de ébola declarado no noroeste da República Democrática do Congo (RDC) já causou já 12 mortes confirmadas e 35 casos positivos da doença, segundo os últimos dados divulgados hoje pelo Ministério da Saúde do país neste domingo (27.05).
Com estes números, as mortes totais com sintomas de ébola chegam a 25, ao acrescentar as duas últimas, acontecidas na região de Iboko.
Os casos totais de ébola, incluindo os que ainda estão sem confirmar, nas quatro áreas afetadas (Iboko, Bikoro, Ntondo e a região de Wangata, na cidade de Mbandaka), se mantêm em 54: seis deles são suspeitos; 13, prováveis, e os 35 restantes, confirmados.
A vacinação já começou nas áreas afetadas, nas quais se dá prioridade aos trabalhadores de saúde, a pessoas que tiveram contato com infectados e aos contatos dos contatos, em processo denominado "vacinação em círculos". Nesta segunda-feira, segundo confirmou o Ministério da Saúde, a campanha de vacinação chegará às áreas rurais de Bikoro e Iboko.
O chefe de emergências da Organização Mundial de Saúde disse que as próximas semanas são cruciais para determinar se o surto pode ser controlado. Alguns fatores como a disseminação do vírus numa grande cidade, o facto de profissionais de saúde terem sido infectados e a existência de três ou quatro "epicentros separados" tornam mais difícil encontrar e monitorar as pessoas infectadas.
Igreja suspende serviços
Devido à situação de insegurança sanitária na RDC, a Igreja Católica decidiu, como medida preventiva contra o surto de ébola no país, suspender a administração de sacramentos com contato físico com os fiéis, "como batismo, confirmação, unção dos enfermos" bem como "as ordenações programadas para domingo, 03 de junho".
A epidemia, que teve início a 8 de maio em Bikoro, que fica a 600 quilómetros ao norte de Kinshasa, na fronteira com a República do Congo, logo espalhou-se para a cidade de Mbandaka, que tem 1,2 milhões de habitantes. Um padre católico foi colocado em quarentena após ter sido contaminado em Mbandaka.
O número dois da Igreja Católica congolesa, monsenhor Fridolin Ambongo, mostrou-se preocupado este domingo com um possível "pico de novos casos" de ébola no noroeste do país. "A situação é muito preocupante, além das mortes e casos registados, há um número vertiginoso de 1.139 pessoas que estiveram em contato com um paciente ou um cadáver", declarou num comunicado Ambongo, no regresso de uma visita de três dias à região de Mbandaka e Bikoro, o epicentro da epidemia.
"Devemos temer um aumento de novos casos nas próximas três semanas, uma vez que o período de incubação do vírus é de dois a 21 dias", acrescentou o também arcebispo.
"Apesar de uma rápida resposta internacional, há um alto risco do surto se espalhar nacional e internacionalmente", alertou a organização humanitária Comité de Resgate Internacional (IRC), na sexta-feira, pedindo financiamento adicional para o combate à epidemia.
Este é o nono surto de ébola na RDC desde 1976, quando a doença foi identificada pela primeira vez. Não há tratamento específico para o vírus. Os sintomas incluem febre, vómitos, diarreia, dor muscular e, às vezes, sangramento interno e externo. O vírus pode ser fatal em até 90% dos casos.
Ébola: luta contra o vírus mortal
Apesar das medidas preventivas, algumas pessoas já se contaminaram com o vírus na Europa e Estados Unidos. Cuidadores utilizam trajes para prevenir a propagação, mas na África a proteção ainda deixa a desejar.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Woitas
Traje de proteção
Na luta contra o ebola, roupas de proteção adequadas para médicos e enfermeiros são essenciais. Toda a pele deve ser coberta com material impenetrável pelo vírus. Mas trajes apenas não bastam, também é necessário seguir corretamente as prescrições de segurança.
Trabalho em conjunto
Os profissionais de saúde devem treinar a colocação correta dos trajes protetores. Como aqui, na unidade especial de isolamento de Düsseldorf. Novos trajes são utilizados a cada vez, para que não haja risco de contaminação no processo. Dessa forma, cuidadores sem proteção também podem ajudar os colegas a se vestir.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Isolamento total
Os quartos dos pacientes na unidade de isolamento em Düsseldorf são completamente protegidos do mundo exterior. O ar é filtrado e as águas residuais são tratadas separadamente. As vestes de proteção, que os cuidadores trajam permanentemente, são pressurizadas. Essas medidas de segurança vão além do necessário: o ebola pode ser transmitido por objetos contaminados, mas não pelo ar.
Após o tratamento dos pacientes, todo o traje é aspergido por fora com desinfetante, a fim de eliminar potenciais contaminações viróticas. Somente após essa ducha as vestimentas podem ser removidas, cuidadosamente.
Foto: picture-alliance/dpa/Sebastian Kahnert
Ajuda externa
Durante a remoção dos trajes protetores, os profissionais de saúde devem ser extremamente cautelosos. Luvas de proteção permanentemente instaladas nas aberturas da câmara permitem ajuda externa sem contato direto com o traje. Após o uso, estes são imediatamente descartados e incinerados.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Enfermeiras contaminadas
Apesar dos altos padrões de segurança, , na Espanha e Estados Unidos três enfermeiras contraíram a doença. As circunstâncias da contaminação ainda não foram esclarecidas. As residências das profissionais (na foto, Texas) foram isoladas e desinfetadas após a descoberta do contágio.
Foto: Reuters/City of Dallas
Proteção em África
Agora, médicos e enfermeiros na África Ocidental também foram equipados com trajes protetores. No entanto, estes nem sempre obedecem as normas para uma proteção efetiva. Por vezes, pequenas áreas da pele ficam descobertas ou o material usado é permeável. Além disso, colocar e retirar o traje pode ser arriscado.
Foto: picture alliance/AP Photo
Isolando os mortos
Os funerais das vítimas do ebola também requerem cuidados extremos. Na África Ocidental, a tradição de os familiares de lavarem os corpos dos mortos resultou em numerosas novas infecções. Para família e amigos, costuma ser difícil compreender e acatar as rigorosas medidas de isolamento.
Foto: Reuters/James Giahyue
Isolamento em barracas
Numa região onde os cuidados médicos são extremamente precários, uma epidemia das atuais proporções representa um enorme desafio. Os infectados são tratados em barracas improvisadas, como se vê na foto feita na Libéria. No entanto, até mesmo um país como a Alemanha ficaria sobrecarregado nessas circunstâncias. No momento, há apenas 50 leitos nas unidades de isolamento alemãs.
Foto: Zoom Dosso/AFP/Getty Images
Incineração em vez de sol
Em algumas regiões afetadas na África Ocidental, os trajes contaminados são pendurados para secar ao sol, numa tentativa de desinfetá-los para reutilização. No entanto, é muito mais seguro as roupas serem imediatamente incineradas após o uso, como ocorre na Guiné. Escassez e altos custos dos trajes dificultam essa medida: as roupas de proteção custam entre 30 e 200 euros.
Foto: Cellou Binania/AFP/Getty Images
Controles nos aeroportos
As viagens aéreas são a maior ameaça na transmissão de longa distância do vírus. Por esse motivo, a temperatura dos passageiros está sendo monitorada em alguns aeroportos. Entretanto, o método não oferece garantia absoluta, já que o período de incubação do ebola é de 21 dias.