Sobe para 305 o número de mortos em atentado no Egito
Reuters | AP | EFE | Lusa | tms
25 de novembro de 2017
Ataque a mesquita no Sinai ainda não foi reivindicado por grupos extremistas. Entretanto, as autoridades afirmam que responsáveis pelo atentando empunhavam bandeira do Estado Islâmico.
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No Egito, o número de mortos no ataque terrorista desta sexta-feira (24.11) no Sinai subiu para 305, incluindo 27 crianças, segundo reportou a televisão estatal este sábado (25.11), citando as autoridades. Outras 126 pessoas estão feridas.
O atentado ocorreu numa mesquita frequentada por sufis numa pequena cidade no norte da península do Sinai e já é considerado o pior ataque na história recente do país. O Governo declarou um luto nacional de três dias devido ao massacre.
Apesar de ainda não ter sido reivindicado por nenhum grupo extremista, neste sábado, o Procurador-Geral do Egito, Nabil Sadeq, informou que homens armados empunhavam uma bandeira do grupo terrorista Estado Islâmico durante o ataque.
Segundo Sadeq, os militantes estacionaram junto da porta principal da mesquita antes de abrir fogo contra os frequentadores do local. Os homens também incendiaram sete carros.
Resposta ao ataque
As Forças Armadas egípcias começaram nesta madrugada a bombardear posições terroristas e destruíram "veículos utilizados no ataque terrorista" na mesquita Al Rauda, localizada em Bear al Abd, a oeste da cidade de Al Arish, capital da província de Sinai do Norte.
"Como parte da perseguição aos elementos terroristas, responsáveis por atacar fiéis da mesquita Al Rauda, a aviação teve como alvo elementos terroristas e destruiu veículos envolvidos no ataque terrorista", afirmou em comunicado o porta-voz das Forças Armadas, Tamer al Rifai.
Poucas horas depois do atentado, o Presidente egípcio, Abdul Fatah al Sisi, num discurso transmitido pela televisão estatal, prometeu: as Forças Armadas e a polícia "vingarão nossos filhos para recuperar a estabilidade e vamos responder este ato com uma força brutal".
O Conselho de Segurança e o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, condenaram este sábado o ataque mortífero e exigiram o julgamento dos responsáveis. A declaração do Conselho classificou o atentado como um "ataque terrorista cobarde e hediondo" e reiterou que todos os atos de terrorismo "são criminosos e injustificados, independentemente da sua motivação".
Fronteira com Gaza permanece fechada
O atentado no Sinai provocou a suspensão da abertura temporária da fronteira do país com Gaza neste sábado, que era esperada por milhares de pessoas, segundo o diretor da Autoridade de Travessias e Fronteiras da Autoridade Nacional Palestina (ANP) em Gaza, Nazmi Muhana, que afirmou que a decisão foi tomada pelas autoridades egípcias.
Na província do Sinai do Norte, onde está vigente desde 2014 o estado de emergência, opera o braço egípcio do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), chamado Wilayat Sina, que reivindicou a maioria dos atentados ocorridos nos últimos anos no país.
Desde o dezembro do ano passado, o Egito viveu uma série de atentados contra os cristãos coptas. O país encontra-se em estado de emergência desde abril, por causa dos atentados contra duas igrejas coptas no delta do Nilo.
O que é o Estado Islâmico?
As origens do grupo terrorista remontam à invasão americana do Iraque, em 2003. Nasceu como oposição sunita ao domínio xiita. Inicialmente chamou-se "Estado Islâmico do Iraque e do Levante" e virou ameaça internacional.
Foto: picture-alliance/AP Photo
A origem do "Estado Islâmico"
A trajetória do "Estado Islâmico" (EI) começou em 2003, com o derrube do ditador iraquiano Saddam Hussein pelos EUA. O grupo surgiu da união de diversas organizações extremistas sunitas e grupos leais ao antigo regime, que lutavam contra a ocupação americana e contra o domínio dos xiitas no Governo do Iraque.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Braço da Al-Qaeda
A insurreição tornou-se cada vez mais radical, à medida que fundamentalistas islâmicos liderados pelo jordaniano Abu Musab al Zarqawi (foto), fundador da Al-Qaeda no Iraque (AQI), infiltraram as suas alas. Os militantes liderados por Zarqawi eram tão cruéis que tribos sunitas no Iraque ocidental se aliaram às forças americanas, no que ficou conhecido como "Despertar Sunita".
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Aparente contenção
Em junho de 2006, as Forças Armadas dos EUA mataram Zarqawi numa ofensiva aérea. Foi então sucedido por Abu Ayyub al-Masri e Abu Abdullah ar-Raschid al-Baghdadi (ambos mortos em 2010). A Al-Qaeda no Iraque (AQI) mudou de nome para Estado Islâmico do Iraque (EII). Nos anos seguintes, Washington intensificou a sua presença militar no país.
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Regresso dos jihadistas
Após a retirada das tropas dos EUA do Iraque, efetuada entre junho de 2009 e dezembro de 2011, os jihadistas começaram a reagrupar-se, tendo como novo líder Abu Bakr al-Bagdadi, que teria convivido e atuado com Zarqawi no Afeganistão. Ele rebatizou o grupo militante sunita como Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL).
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Ruptura com Al-Qaeda
Em 2011, quando a Síria mergulhou na guerra civil, o Estado Islâmico atravessou a fronteira para participar da luta contra o Presidente Bashar al-Assad. Os jihadistas tentaram uma fusão com a Frente Al Nusrah, outro grupo da Síria associado à Al-Qaeda. Isso provocou uma ruptura entre o EI e a central da Al-Qaeda no Paquistão, pois o líder desta, Ayman al-Zawahiri, rejeitou a manobra.
Foto: dapd
Ascensão do "Estado Islâmico"
Apesar do desentendimento com a Al-Qaeda, o EI fez conquistas significativas na Síria, combatendo tanto as forças de Assad quanto rebeldes moderados. Após estabelecer uma base militar no nordeste do país, lançou uma ofensiva contra o Iraque, tomando a sua segunda maior cidade, Mossul, a 10 de junho de 2014. Nesse momento o grupo já tinha sido novamente rebatizado, desta vez como "Estado Islâmico".
Foto: picture alliance / AP Photo
Importância de Mossul
A tomada da metrópole iraquiana de Mossul foi significativa, tanto do ponto de vista estratégico quanto económico. Ela é um importante ponto de convergência dos caminhos para a Síria. Com a tomada de Mossul, o EI também conquistou 429 milhões de dólares na filial local do Banco Central do Iraque. Assim sendo, o Daesh - como é conhecido em árabe - tornou-se um dos grupos terroristas mais ricos.
Foto: Getty Images
O califado do EI
Além das áreas atingidas pela guerra civil na Síria, o EI avançou continuamente pelo norte e oeste iraquianos, enquanto as forças federais de segurança entravam em colapso. No fim de junho de 2014, a organização declarou um califado, um estado islâmico que atravessa a fronteira sírio-iraquiana e faz lembrar os califados muçulmanos históricos. Abu Bakr al-Bagdadi foi apresentado como "califa".
Foto: Reuters
As leis do "califado"
Abu Bakr al-Bagdadi impôs uma forma implacável da sharia, a lei tradicional islâmica, com penas que incluem mutilações e execuções públicas. Membros de minorias religiosas, como cristãos e yazidis, deixaram a região do "califado". Muitos foram executados, mulheres violadas e vendidas como escravas a jihadistas do EI. Os xiitas também têm sido alvo de perseguição.
Foto: Reuters
Guerra contra o património histórico
O EI já destruiu tesouros arqueológicos milenares em cidades como Palmira (foto), na Síria, ou Mossul, Hatra e Nínive, no Iraque. O EI diz que as esculturas antigas entram em contradição com a sua interpretação radical dos princípios do Islão. Especialistas afirmam, porém, que o grupo vende ilegalmente estátuas pequenas no mercado internacional, enquanto as maiores são destruídas.
Foto: Fotolia/bbbar
Ameaça terrorista
Nas suas ofensivas armadas, o grupo tem saqueado centenas de milhões de dólares em dinheiro e ocupado diversos campos petrolíferos no Iraque e na Síria. Os seus militantes também se apoderaram de armamento militar de fabrico americano das forças governamentais iraquianas, obtendo, assim, poder de fogo adicional. Seguidores da ideologia do EI perpetraram vários atentados terroristas na Europa.