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Média

Sobem de tom apelos para libertar jornalista em Cabo Delgado

14 de janeiro de 2019

Amade Abubacar foi detido há 9 dias por investigar os ataques em Cabo Delgado. Ativistas dos direitos humanos pedem às autoridades moçambicanas que descubram quem está por trás dos ataques em vez de prender jornalistas.

Militares na aldeia de Mucojo, distrito de Macomia, alvo frequente de ataques armadosFoto: Getty Images/AFP/J. Nhamirre

Passam esta segunda-feira (14.01) nove dias desde a detenção em Cabo Delgado do jornalista Amade Abubacar. O jornalista da Rádio e Televisão Comunitária Nacedje, no distrito de Macomia, foi preso a 5 de janeiro numa paragem de autocarros, enquanto fotografava e entrevistava famílias que fugiam de Cabo Delgado com receio de novos ataques. Foi levado pelas autoridades militares para o quartel de Mueda.

Até agora, pouco se sabe sobre o estado de Amade Abubacar. Familiares e amigos do jornalista já tentaram obter informações junto do comando distrital da polícia, sem sucesso. A rádio comunitária onde o jornalista trabalha também não tem novidades, conta o irmão Ali Abubacar. "Nem a rádio, nem o próprio Instituto de Comunicação Social (ICS), não dizem nada, estão bem calmos. Parece que não têm nenhuma preocupação. Só gostam da pessoa quando está bem, quando tem um problema eles não querem saber de nada", critica.

O Instituto de Comunicação Social da África Austral (MISA) em Cabo Delgado perguntou à Procuradoria e ao Tribunal Distrital de Mueda se foi aberto algum processo contra o jornalista Amade Abubacar. Mas não foi encontrado nenhum registo.

Detenção é "um rapto"

Jonas Wazir, presidente Núcleo Provincial do MISA, que vela pelos direitos dos jornalistas, conclui que a detenção do jornalista pelo exército é um sequestro: "Estar nas mãos dos militares sem que esteja acusado de algum crime, para nós significa um rapto. E o apelo que fazemos é que restituam a liberdade ao jovem. Não temos nenhuma informação de que tenha feito um crime".

A detenção do jornalista é a segunda em menos de um mês. Em dezembro, o jornalista Estácio Valoi também foi preso, em conjunto com o investigador da Amnistia Internacional David Matsinhe e o seu motorista.

Amnistia Internacional critica o facto de Abubacar estar detido em regime de "incomunicabilidade e sem acesso a um advogado"Foto: picture-alliance/dpa/S.Kahnert

O Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) acusou, na semana passada, as autoridades moçambicanas de "censurar a cobertura da insurgência, detendo jornalistas e acusando-os de conluio com os militantes."

A Amnistia Internacional pediu a Moçambique para "acabar com a crescente repressão aos jornalistas" e descobrir as causas dos ataques e "tomar medidas para proteger os cidadãos".

Manifestação nacional de jornalistas

Tanto a Amnistia como o Comité pediram a libertação imediata de Amade Abubacar. Face ao silêncio das autoridades, o jornalista Omardine Omar, que trabalha no jornal "Carta do Dia", apela a uma manifestação da classe jornalística à escala nacional. "É necessário unir forças e defendermos os nossos interesses, porque hoje já se somam tantos dias que Amade Abubacar está detido e não sabemos se está vivo ou não", sublinha.Augusto Guta, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Cabo Delgado considerou, esta segunda-feira (14.01), que o caso de Amade Abubacar é delicado, mas evitou fazer mais comentários e prometeu chamar a imprensa oportunamente para prestar esclarecimentos.

Sobem de tom apelos para libertar jornalista detido em Cabo Delgado

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A situação em várias regiões de Cabo Delgado tende a agudizar-se, apesar de as autoridades garantirem frequentemente que o clima está calmo. Esta manhã, a polícia disparou para o ar para dispersar manifestantes que protestavam contra a alegada inoperância das Forças de Defesa e Segurança face à intensificação das ações dos insurgentes na região.

No domingo (13.01), um grupo de desconhecidos também matou sete pessoas e feriu outras treze em Olumbe, no distrito de Palma.

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