Para economista angolano Josué Chilundulo, capital político do Presidente angolano tem estado a diminuir, dois anos depois da posse de João Lourenço. Motivo: reformas económicas ainda não trouxeram resultados palpáveis.
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Em entrevista à DW, o economista angolano Josué Chilundulo afirma que as reformas económicas prometidas e iniciadas pelo Presidente João Lourenço ainda não trouxeram resultados palpáveis, o que fez diminuir o otimismo inicial com a chegada dele à liderança de Angola.
Chilundulo diz que a falta de credibilidade por parte do mercado internacional ainda é um entrave para a economia angolana que poderia ser minimizado com a reforma da lei do sistema financeiro nacional.
Para analista, não faltou ao Presidente vontade política, mas sim competência por parte da equipa económica de João Lourenço.
DW África: Analisando a situação atual da economia angolana, considera que o "otimismo” desvanasceu-se após dois anos de governação do Presidente João Lourenço?
Josué Chilundulo (JC): Para o conjunto de cidadãos do país, não importa quais sejam as decisões governamentais. Se elas não se refletirem no bem-estar, na melhoria das condições de vida dos cidadãos, todas as decisões são inócuas. Nestes termos, há sim uma certa decadência da parte do capital político, porque ao mesmo tempo que os cidadãos não observam melhorias na sua condição de vida, também não se observam reformas económicas profundas e concretas com resultados palpáveis. Daí que pode ser sim justo que se afirme que o seu capital político tem estado a diminuir aos poucos.
DW África: Então seria a hora de o Governo adotar outras estratégias para retomar aquele otimismo? E que estratégias seriam estas?
JC: Há duas perspectivas. A primeira é, desde logo, a questão do acelerar da reforma da administração pública, porque nós somos uma economia fortemente dependente das atitudes do Estado e, do ponto de vista da equipe económica e das áreas conexas, percebe-se muito pouca competência. Do ponto de vista da realização das políticas económicas - a questão, por exemplo, do acesso às dividas e os mecanismos de importação, a questão do acesso aos produtos de cesta básica de produção nacional - seriam de imediato ações que não precisam de dinheiro, decorrem um pouco da assunção de uma taxa de sacrifício político necessária.
26.09.19 - ONLINE Entrevista economista Angola: Dois anos de JLo - MP3-Stereo
Por outro lado, é a questão da reforma da lei do sistema financeiro nacional. Porque enquanto tivermos pessoas politicamente dispostas no sistema financeiro nacional e houver pouca credibilidade da parte do mercado internacional, nós vamos continuar a ter limitações no acesso a divisas. E, atenção, limitação no acesso a divisas é um comprometimento às importações e a nossa economia, nos próximos cinco a dez anos, ainda vai depender de importações.
DW África: Além das importações, a dependência do petróleo ainda é apontada por analistas como um dos grandes entraves para o progresso económico de Angola. O Governo espera investimentos, principalmente estrangeiros, para então concretizar a diversificação. O que poderia ser feito como alternativa?
JC: Temos que olhar para o capital que já temos. Temos que tentar explorar um pouco mais o corredor do Lobito. Temos que tentar explorar um pouco mais as iniciativas de produção agrícola que já existem e, se possível, desafogarmos um pouco as questões fiscais e priorizarmos, do ponto de vista do acesso às divisas, os insumos agrícolas. Porque Angola tem potencial nesse setor e os resultados podem ser imediatos. Há um capital adormecido que precisa ser estimulado.
DW África: Então, falta vontade política?
JC: Acho que é incompetência. Não é tanto vontade política, porque o líder máximo da governação, que é o Presidente João Lourenço, até aborda esses aspectos no seu discurso. Acho que há um desfasamento entre aquilo que são as pretensões do Presidente e a capacidade real de reação da sua equipa económica. A equipa de governação com a qual o Presidente João Lourenço decidiu trabalhar já deu o que tinha que dar. É preciso trazer novas inteligências.
Luanda é a cidade que cresce mais rapidamente em África
Não são necessariamente as cidades mais populosas de África, mas são as que crescem de forma mais rápida, segundo as Nações Unidas. Luanda lidera a lista das cidades com maior crescimento populacional no continente.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
1. Luanda, Angola
Nenhuma cidade africana está a crescer tão rapidamente como Luanda, a capital de Angola. Segundo dados da ONU, vivem aqui mais de 7,7 milhões de pessoas. A idade média dos luandenses é de 20,6 anos. A capital é uma das cidades mais caras do mundo. Mas apenas as elites de Angola beneficiam das grandes reservas de petróleo do país. A população fala em desigualdade social no país.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
2. Yaounde, Camarões
Com 3,6 milhões de habitantes, a capital dos Camarões é muito menor que a de Angola. Os serviços públicos e as representações diplomáticas estão principalmente concentrados na capital. É por isso que Yaoundé desfruta de um padrão de vida e segurança mais elevados do que o resto dos Camarões. É também um ponto central de transferência de mercadorias como café, cacau, tabaco e borracha.
Foto: Dirke Köpp
3. Dar es Salaam, Tanzânia
A população da capital comercial da Tanzânia aumentou mais de seis vezes desde 1978. Dar es Salaam, com mais de seis milhões de habitantes, é a maior cidade da África Oriental e um importante centro económico e comercial para a região. De 2000 a 2018, a população cresceu 166%.
Foto: DW/E. Boniphace
4. Kumasi, Gana
A população da cidade ganesa de Kumasi aumentou onze vezes para três milhões entre 1970 e 2017. Ultrapassou o número de pessoas que vivem na capital, Accra, em 2014 para se tornar a maior cidade do país. A população do Gana está a crescer de forma rápida, especialmente em cidades como Kumasi. A metrópole económica atrai muitas pessoas do norte do país.
Foto: Imago Images/photothek/T. Imo
5. Kampala, Uganda
Kampala, a principal capital de Uganda, fica nas margens do Lago Vitória. A população total da região mais do que duplicou desde o início do século XXI. Muitas pessoas do interior estão a mudar-se para as cidades. Kampala tem uma das maiores taxas de crescimento em todo o mundo. Espera-se que mais de 40 milhões de pessoas vivam na cidade até 2100.
Foto: picture-alliance/AP Photo/R. Kabuubi
6. Lusaka, Zâmbia
Lusaka, o centro económico e político da Zâmbia, registou um boom demográfico nos últimos anos. O centro da cidade, nos arredores da Independence Avenue e da Cairo Road, é caracterizado por edifícios comerciais, companhias de seguros, bancos, bolsas de valores, hotéis e cadeias de "fast food" americanas. O setor industrial, os transportes e o artesanato também desempenham um papel importante..
Foto: DW/C. Chimbelu
7. Douala, Camarões
A maior cidade dos Camarões também está entre as dez cidades que mais crescem em África. Douala é o lar do maior porto da África Central, que é vital para a economia do país e toda a Comunidade Económica e Monetária da África Central. É um importante centro financeiro, industrial, comercial, cultural e de tráfego dos Camarões.
Foto: picture-alliance / maxppp
8. Mbuji-Mayi, República Democrática do Congo
Provavelmente não há outro lugar no mundo com tantos diamantes como em Mbuji-Mayi. Os comerciantes de diamantes da cidade congolesa pintam edifícios com imagens brilhantes e bonitas para atrair os mineiros. A cidade tinha apenas 30.000 habitantes em 1960. Até 2018, Mbuji-Mayi deverá ter 2,3 milhões de habitantes. A imigração em massa das áreas vizinhas aumentou drasticamente a população.
Foto: Imago Images/H. Hoogte
9. Antananarivo, Madagáscar
Antananarivo é a maior cidade e capital do Estado insular de Madagáscar. A maioria dos turistas entra e sai do país pelo aeroporto da capital. Apesar de um período de doenças e guerras no século XVIII, a população da cidade cresceu de forma constante. Esse crescimento populacional deve-se sobretudo à saída das pessoas do interior para a capital do país.
Foto: Imago Images/Xinhua
10. Pretória, África do Sul
Por último, mas não menos importante, no top 10 está a cidade de Pretória, uma das três capitais da África do Sul. É a capital administrativa, com reconhecimento também no campo do ensino superior e da investigação. Localizada a norte de Joanesburgo, Pretória é um importante centro comercial e industrial, onde são construídas ferrovias, carros, máquinas e aço.