Nas escolas de Quelimane, província da Zambézia, há alunos a mais nas salas de aula. As autoridades estabeleceram um limite de 80 alunos para cada sala do ensino secundário, mas as turmas chegam a ter 200 alunos.
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Em algumas escolas secundárias da cidade de Quelimane, capital da província central da Zambézia, o número de alunos nas salas de aula chega a ultrapassar o dobro do limite estabelecido pelas autoridades para o ensino público.
Registam-se casos em que há apenas um professor para 150 ou mesmo 200 alunos. Para o ensino público, prevê-se um máximo de 80 alunos por sala. No privado, o limite é 70.
O Diretor Provincial de Educação na Província da Zambézia, Armindo Primeiro, afirma que o excesso de alunos nas salas das escolas públicas é um desafio para o sector da educação: "Somos desafiados pelo crescimento da própria rede escolar, que às vezes cresce mais do que nós admitimos como professores. Temos 5500 escolas e praticamente um milhão e quinhentos de
alunos vão passando para 1600 escolas."
A DW África visitou algumas escolas em Quelimane. Uma delas, a Escola Secundária de Sangarriveira, tem cerca de 4 mil alunos e 13 salas de aulas. Em cada sala de aula pelo menos 30 alunos estão sentados nas janelas e no chão, porque não há espaço que chegue para todos.
Apesar desta realidade, a diretora da escola, Paulina Alamo, desmente a sobrelotação das salas de aula e más condições para a aprendizagem, pelo menos no seu estabelecimento: "Só temos 80 alunos por turma, não temos problemas de carteiras, até porque recebemos mais 100 carteiras."
Ainda assim, Paulina reconhece a falta de salas de aula e pede ao Governo que construa escolas com salas de dimensão, adequadas à realidade atual.
Sobrelotação é uma queixa com "cabelos brancos"
As autoridades governamentais da Zambézia, nomeadamente a direção de educação, reúnem semestralmente com os parceiros de educação. Nestes encontros, o excesso de alunos nas salas é uma queixa recorrente. Os parceiros afirmam que este é um dos principais fatores que contribuem para a má qualidade do ensino público. E muitos professores na Zambézia preferem dar aulas nas escolas privadas onde, afirmam, haver condições necessárias para ensinar.
Uma professora de uma escola em Quelimane, que pede o anonimato, diz que "é um exagero, salas com 200 alunos quando os alunos são muitos numa turma, há problemas de comunicação, é difícil atender um por um e há muito barulho" e por isso faz um apelo: "Agradecia ao Governo que aumentasse o número de turmas na Zambézia."
No noroeste dos Camarões, os alunos da primeira classe têm aulas em inglês, apesar de a maioria não dominar a língua. Por isso, algumas escolas começaram a leccionar em kom, o idioma local.
Foto: DW/H. Fischer
Aprender a escrever a própria língua
No noroeste dos Camarões, os alunos costumam ter aulas em inglês, apesar de não dominarem a língua. As crianças têm de aprender a ler e a escrever uma língua estrangeira a partir da primeira classe - é um desafio enorme. Por isso, em algumas escolas, os professores começaram a ensinar em kom, a língua materna dos alunos.
Foto: DW/H. Fischer
Histórias do dia-a-dia
Com as aulas na língua materna, os alunos fazem progressos muito mais rapidamente do que noutras escolas. Vários linguistas fizeram livros na língua local, que incluem expressões da região e histórias que os alunos conhecem do seu dia-a-dia. Assim, compreendem mais facilmente o que aprendem na escola.
Foto: DW/H. Fischer
Inglês como língua estrangeira
As crianças começam a aprender inglês na segunda classe. Nessa altura, já sabem ler e escrever em kom. O inglês só tem algumas letras diferentes da língua local.
Foto: DW/H. Fischer
O despertar da curiosidade
As crianças que aprendem inglês na segunda classe participam muito mais ativamente nas aulas do que os que começaram a aprender logo na primeira. Percebem as perguntas e não têm medo de dar respostas erradas. Nota-se que os alunos têm vontade de aprender e lêem tudo o que lhes passa pelas mãos.
Foto: DW/H. Fischer
Sem medo da vara
Quem se diverte nas aulas aprende mais, e quem aprende mais diverte-se mais nas aulas. "Com as aulas na língua materna, os professores batem muito menos nos alunos", diz Kain Godfrey Chuo, coordenador do projeto. Os castigos corporais são comuns nos Camarões. Se os alunos se portam mal, arriscam-se a que os professores lhes batam com uma vara.
Foto: DW/H. Fischer
Competências dos professores
Muitos professores da região também não falam inglês corretamente, e isso prejudica as aulas. Ensinar na língua local é, também por isso, uma mais-valia.
Foto: DW/H. Fischer
'English first" a partir da quarta classe
Só a partir da quarta classe é que as aulas começam a ser só em inglês. Os alunos têm até essa altura para compreender as bases da matemática, bastando apenas traduzi-la para inglês. Isso faz com que os alunos resolvam os problemas muito mais depressa do que se tivessem, primeiro, aprendido a fazer contas numa língua estrangeira.
Foto: DW/H. Fischer
Uma base sólida
Seis anos depois, ao terminar a escola primária, os alunos que tiveram aulas na língua materna costumam ter melhores notas do que aqueles que começaram a aprender em inglês na primeira classe. As aulas na língua materna criam uma base sólida para ter sucesso na escola e, mais tarde, na vida profissional.