Sofala regista 18 assassinatos em três semanas
17 de novembro de 2022Em três semanas, pelo menos 18 pessoas foram mortas na província moçambicana de Sofala, de acordo com dados divulgados por ativistas dos direitos humanos. O último caso ocorreu na cidade da Beira, na madrugada desta quinta-feira (17.11).
As vítimas são na sua maioria mulheres trabalhadoras do sexo. Terão sido assassinadas pelos seus clientes.
"Os modi operandi são os mesmos. Depois de consumar o ato de violação, [os agressores] colocam-lhes a roupa interior na boca ou amarram-lhes o pescoço e assim retiram a vida", descreveu Alfeu Sitoi, porta-voz do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) em Sofala.
As vítimas do género masculino foram estranguladas e abandonadas no local, sem que os agressores lhes tenham retirado os pertences. Os locais preferencialmente escolhidos pelos homicidas têm sido prostíbulos, centros de diversão noturna e locais de consumo de bebidas alcoólicas e drogas, segundo as autoridades.
Ministério admite falhas na prevenção do crime
Na semana passada, várias organizações da sociedade civil marcharam pelas ruas da Beira, para pressionar as autoridades a combater estes crimes.
Em resposta, o SERNIC anunciou a detenção de onze suspeitos, acusados de envolvimento em alguns dos casos, e apelou à calma e confiança nas autoridades.
"O SERNIC e os outros órgãos da administração da Justiça e de manutenção da ordem e segurança pública estão a trabalhar afincadamente no sentido de acabar de uma vez por todas com estes atos bárbaros", garantiu o porta-voz Alfeu Sitoi.
Mas a ministra do Interior de Moçambique admitiu, esta semana, que tem havido falhas na prevenção da criminalidade na província.
"Quando há criminalidade, significa que falhámos na prevenção", afirmou Arsénia Massingue. "Falámos destes homicídios que aconteceram na província de Sofala – temos detidos e agora estamos a trabalhar para esclarecer o último caso".
Três dias depois das declarações da ministra, houve mais um relato de um homicídio na cidade da Beira, no bairro da Munhava.
Diante deste cenário, o sociólogo Pedrito Cambrão diz ser urgente olhar para as causas dos homicídios. E suspeita do uso de substâncias psicoativas.
"Muitos desses casos têm tido lugar depois de algum consumo de alguma droga ou de bebidas", diz Cambrão.
"A escuridão também leva as pessoas a fazerem e desfazerem; e é um Estado que está ausente na proteção das pessoas", acrescenta. O sociólogo aconselha a apertar a legislação sobre a venda e consumo de drogas e bebidas alcoólicas.