Executivo provincial de Cabo Delgado lança campanha para coletar donativos para apoiar as vítimas do ciclone Idai, mas também dos ataques armados. Os apoios continuam a chegar de todos os cantos do país.
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O ciclone Idai já foi classificado como o maior desastre humanitário vivido em Moçambique: famílias e instituições públicas e privadas perderam praticamente tudo. Os apelos do Governo à solidariedade crescem a cada dia que passa. E os apoios chegam de todo o lado.
É assim que cerca de 12 toneladas de ajuda humanitária saíram esta quinta-feira (28.03) da cidade de Pemba, capital da província moçambicana de Cabo Delgado, para as zonas afetadas pelo mau tempo no centro do país.
Alimentos, vestuário, produtos de limpeza e de higiene e outros bens foram doados por moradores, funcionários públicos, empresários e organizações humanitárias e religiosas. Esta foi a resposta de Pemba ao apelo de solidariedade lançado pelo governador de Cabo Delgado, Júlio José Parruque."É uma catástrofe humanitária e precisamos de agir. Todos nós partilharmos o pouco que temos é assim que iremos ajudar os nossos irmãos a ultrapassarem este grande sofrimento e no fim de tudo, o nosso ganho será o prazer de termos contribuído de alguma forma", exortou Júlio Parruque.
Solidariedade em Cabo Delgado: moçambicanos doam parte do seu salário às vítimas do ciclone
Um dia de salário para apoiar as vítimas
Membros do governo provincial e dos distritos de Cabo Delgado doaram um dia do seu salário mensal para apoiar as vítimas dos estragos causados pelo ciclone tropical Idai. E no Conselho Autárquico de Pemba, o elenco do edil Florete Simba Motarua também disse que vai doar um por cento dos ordenados, para além de outras contribuições.
Mais donativos poderão seguir para o centro do país nos próximos dias. Voluntários da Cruz Vermelha de Moçambique em Cabo Delgado estão no terreno a realizar peditórios, conta o secretário provincial da organização humanitária, José Tomás.
"Neste primeiro lote ainda é cedo para adiantar os bens que recebemos. Há muitas promessas e não podemos parar de satisfazer a vontade das pessoas. Portanto, temos de ir até lá recolher esses bens e trazer para aqui."
Apoio às populações vítimas dos ataques
Para além das vítimas do ciclone tropical, os bens angariados em Cabo Delgado destinam-se também a apoiar as populações vítimas dos ataques de insurgentes na província, disse António Mapure, secretário permanente provincial, na cerimónia que marcou a remessa do primeiro lote de ajuda.
"Eu quero, em nome do governo agradecer e saudar esse gesto e também ao mesmo tempo exortar para continuarmos estes gesto de irmandade, não só para as vítimas do ciclone Idai, na região centro do país, mas também para as nossas comunidades de Cabo Delgado, como sabemos, têm sido alvo de ações de malfeitores".
Pelo menos 150 pessoas já foram mortas
Desde 2017, os grupos armados já mataram pelo menos 150 pessoas. Os ataques mais recentes contra povoações e transportes coletivos aconteceram na última semana em vários distritos.
Nos armazéns do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), em Cabo Delgado, ainda existem mais de 25 toneladas de diversos produtos, como explicou à DW África Elizete Manuel, delegada do INGC na província.
"Estamos em negociação de mais um camião para poder rapidamente fazer a evacuação. Gostaríamos que fosse dentro de dois ou três dias para retirarmos imediatamente estes bens. Isto foi recolhido exatamente para as nossas comunidades."
Ciclone Idai: Onda de solidariedade alemã para com Moçambique
Na Alemanha, o ciclone Idai provocou uma onda de solidariedade. O Governo da Alemanha aumentou a ajuda humanitária para um total de 5 milhões de euros. Organizações humanitárias e igrejas cristãs pedem donativos.
Foto: Aktionsbündnis Katastrophenhilfe
Cruz Vermelha Alemã: Unidade sanitária móvel para a Beira
A cidade da Beira vai receber uma unidade sanitária móvel para 20.000 pessoas e um sistema de água potável para fornecer 15.000 pessoas, anunciou a Cruz Vermelha Alemã (DRK). Esta organização que coopera com a Cruz Vermelha de Moçambique já conseguiu angariar em termos de donativos individuais 50.000 euros até ao momento. A recolha de fundos ainda está activa.
Foto: Reuters/IFRC/RCRC Climate Centre
Cruz Vermelha Alemã: Já esteve ativa na prevenção
Ainda antes do ciclone Idai atingir o território moçambicano houve uma campanha de prevenção para ajudar a população a enfrentar o ciclone. Foram distribuídos comprimidos para purificar a água e kits de primeiros socorros. Além desta ajuda também foram fornecidos cobertores, lonas, colchões e utensílios de cozinha.
Foto: Reuters/Red Cross Red Crescent Climate Centre/D. Onyodi
Caritas Alemanha: distribui alimentos
A Caritas alemã, organização da igreja católica, pede donativos no seu site e também já está em Moçambique. Um dos parceiros locais em Moçambique é a Associação Esmabama. Têm distribuído na Beira alimentos como farinha, feijão e óleo para cozinhar e água potável. Também distribuíram produtos de primeira necessidade como roupa, cobertores, sabonetes, kits de primeiros socorros e baldes.
Foto: Caritas International
Diocese de Friburgo: donativo de 100.000 euros
O bispado de Friburgo no sudoeste da Alemanha fez um dos maiores donativos. Deram cem mil de euros à Caritas para ajudar as vítimas do ciclone. "As notícias que nos chegam dos nossos parceiros locais em Moçambique são dramáticas", disse Oliver Müller, director da organização de ajuda da Caritas. Disse que estão a fornecer "alimentos, água potável, artigos de higiene, cobertores e vestuário".
Foto: picture-alliance/dpa/P. Seeger
Diakonie Katastrophenhilfe: cooperação com igrejas em Moçambique
A Diakonie Katastrophenhilfe, a organização de ajuda de emergência da igreja luterana, foi uma das primeiras ONGs a fazer apelos a donativos logo após o ciclone e já conseguiu angariar 100.000 euros. Em conjunto com a CEDES, Comité Ecuménico para o Desenvolvimento Social, tem dado apoio em várias regiões de Moçambique. A ajuda alimentar desta organização já chegou a 50.000 moçambicanos.
Foto: Diakonie Katastrophenhilfe
Igrejas: colheita de donativos
Foram muitas paróquias que dedicaram as colheitas das missas de domingo às vítimas do ciclone em Moçambique. Uma delas foi esta igreja católica reformada de Colónia, a Christi Auferstehung (Alt-Katholische Kirche Deutschlands). O pastor pediu aos fiéis uma ajuda generosa que iria reverter a favor da campanha da Diakonie Katastrophenhilfe.
Foto: DW/J. Beck
Igrejas: Informação sobre a situação em Moçambique
Na porta da igreja, foi afixado um cartaz com informações detalhadas sobre a situação no centro de Moçambique. Destaque para a cidade da Beira e as destruições causadas na província de Sofala. O cartaz lembra a necessidade de apoiar as vítimas que perderam quase tudo.
Foto: DW/J. Beck
Diakonie Katastrophenhilfe: prioridade assegurar água potável
Uma das principais prioridades da Diakonie Katastrophenhilfe é garantir que haja água potável. Nesse sentido já foram distribuídos medicamentos para purificar a água. O director responsável de África da Diakonie Katastrophenhilfe, Kai M. Henning garante o seguinte, “agora temos de sobretudo fornecer água potável às pessoas, há um grande risco das águas ficarem contaminadas e espalharem doenças.”
Foto: DW/B. Jequete
Action Medeor: foco em medicamentos
“A logística para a área do desastre é difícil porque grande parte das infra-estruturas da região foram destruídas pelo ciclone", relata Bernd Pastors. A fim de poder levar rapidamente os medicamentos para a zona sinistrada, a Action Medeor está a processar as entregas de ajuda urgentemente necessárias através das filiais na Tanzânia e no Malawi.
Foto: Action Medeor
Action Medeor e DMG: parceria com a Universidade Católica
Juntamente com a Sociedade Alemã-Moçambicana (Deutsch-Mosambikanische Gesellschaft - DMG), a Action Medeor está a preparar ajuda médica para a Universidade Católica de Moçambique na Beira. Os doentes da cidade mais gravemente afectados pelo ciclone podem ser tratados através do centro de saúde associado.
Foto: DW/J. Beck
UNICEF Alemanha: foco na educação
O comité nacional da UNICEF, a organização educacional das Nações Unidas, juntou-se ao apoio das vítimas do ciclone. Cerca de 2.600 salas de aulas foram destruídas (foto de escola na Beira) durante o ciclone e há uma grande preocupação em recuperar as escolas rapidamente. Será uma das tarefas principais da UNICEF em Moçambique.
Foto: picture-alliance/dpa/T. Hadebe
Ordem de Malta Internacional: equipa de ajuda no local
Uma equipa da Ordem de Malta Internacional da Alemanha (Malteser International) já viajou para Moçambique para prestar socorros urgentes (foto simbólica). "A situação é confusa. ... As infra-estruturas do país estão muito danificadas e estamos numa corrida contra o tempo", diz Oliver Hochedez, Chefe de Ajuda de Emergência da Ordem de Malta Internacional.
Foto: DW/B. Jequete
Technisches Hilfswerk: 5.000 litros de água por hora
A agência estatal da Alemanha de ajuda técnica, Technisches Hilfswerk (THW), enviou uma equipa a Nhangau, nos arredores da Beira. Na quinta-feira (28.03), já conseguiu instalar uma unidade móvel que fornece 5.000 litros de água potável por hora. "Os 30 poços da região estão contaminados com bactérias de diarreia", conta Jens-Olaf Knapp, que lidera a equipa do THW na província de Sofala.
Foto: THW/Jörg Eger
Technisches Hilfswerk: escola com água saudável
Os responsáveis do THW, que na sua maioria costumam ser voluntários alemães, relatam que ficaram muito contentes com a reação da população local de Nhangau após a instalação da central de água. "Um passo muito importante para manter as crianças saudáveis", comentou Esmeralda Basela, a diretora da escola local, onde foi instalada a unidade móvel de água do THW.