Solução para "apagão" bancário é "temporária", diz Zandamela
Lusa | cvt
24 de novembro de 2018
Governador do BM afirmou, esta sexta-feira (23.11), ter contribuído para acordo com a Bizfirst, acrescentando tratar-se de "uma empresa insignificante". Zandamela disse ainda que colocou cargo à disposição do Presidente.
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O governador do Banco de Moçambique (BM), Rogério Zandamela, disse esta sexta-feira (23.11) que o acordo que pôs
"Esta é uma solução temporária. Logo que possível, adotaremos uma solução que nos dê segurança e cobertura do nosso sistema para que não soframos as vulnerabilidades, riscos e as precariedades que sofremos com a Bizfirst", declarou o governador do BM.
Zandamela falava à margem do 43.º Conselho Consultivo do Banco de Moçambique, na cidade de Quelimane, na província da Zambézia, centro de Moçambique.
De acordo com Zandamela, a decisão de pagar à empresa portuguesa Bizfirst para esta restabelecer rede de caixas automáticas, terminais e cartões bancários do país não foi unilateralmente dos bancos comerciais.
"Fui claramente à banca e pedi: vocês que têm [dinheiro] falem com eles. Tragam a solução porque o povo não quer saber se a solução veio do BM ou dos bancos comercias," afirmou Zandamela.
"Este não foi um plano da banca. Não há como a Bizfirst reativar o sistema sem a nossa colaboração", acrescentou.
O Governador do BM reiterou que Bizfirst é uma empresa sem expressão", mas foi a primeira a apresentar uma solução.
"Reitero: trata-se de uma empresa insignificante", afirmou.
Na conferência de imprensa desta sexta-feira, Zandamela colocou o seu cargo a disposição, caso o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, entenda que o seu trabalho terminou, considerando que está no cargo para servir o povo.
"Por enquanto, tenho o apoio do Presidente da República para fazer o meu trabalho e enquanto isso acontecer eu continuo trabalhando", observou.
Organizações da sociedade civil moçambicanas exigiram na quinta-feira (22.11) a demissão de Zandamela, acusando-o de arrogância na forma como lidou com a situação.
"As aparições públicas de Rogério Zandamela têm criado incerteza nos mercados e nas empresas e revelam arrogância", diz um comunicado divulgado por cinco organizações da sociedade civil.
As organizações consideraram ainda haver um conflito de interesse pelo fato de o Banco de Moçambique ser regulador e igualmente acionista da Sociedade Interbancária de Moçambique (SIMO), empresa gestora do sistema de pagamentos eletrónicos.
"Existe, claramente, um insanável conflito de interesses. As organizações da sociedade civil exigem que seja reposta a transparência na gestão do sistema eletrónico da banca moçambicana", lê-se no comunicado.
Apagão bancário
As caixas automáticas e pontos de pagamento eletrónico da rede bancária moçambicana não funcionaram entre sexta-feira da semana passada (16.11) e a última quarta-feira (21.11), depois de o fornecedor da plataforma eletrónica, a empresa portuguesa Bizfirst, ter cortado o serviço, devido a um litígio com a SIMO.
O sistema foi restaurado, após a Associação Moçambicana de Bancos (AMB) chegar a acordo com a Bizfirst.
A decisão de pagar à Bizfirst tinha sido descartada pelo governador do Banco de Moçambique na terça-feira (20.11), quando foi ouvido no parlamento.
O dirigente confirmou ter participado numa reunião com bancos, onde "havia parceiros a puxar para essa via", mas "o retorno à Bizfirst não está em vista", disse, depois de a empresa ter cortado o serviço, anunciando que um novo fornecedor estaria a caminho de Moçambique, mas sem indicar prazos.
Na quarta-feira de manhã o cenário mudou: o primeiro-ministro, Carlos do Rosário, anunciou que se encontrou "uma solução imediata" e que a situação estava normalizada, sem mais detalhes, durante uma intervenção a abrir a sessão de perguntas ao Governo no plenário da Assembleia da República.
O "boom económico" na cidade de Nampula
Com mais de 60 anos, a cidade de Nampula está em expansão: hotelaria, instituições públicas e melhores vias de comunicação são alguns dos exemplos. Mas há ainda muitos desafios para superar.
Foto: DW/S.Lutxeque
Cidade na rota do desenvolvimento
A cidade de Nampula completa 62 anos de elevação a cidade a 22 de agosto de 2018. Os últimos anos têm testemunhado uma constante em transformação. Novas infraestruturas, como hotéis, centros comerciais, edifícios de serviços públicos, estradas e vias férreas estão a fazer crescer a cidade.
Foto: DW/S.Lutxeque
Mais oferta hoteleira
Nos últimos anos, o setor da hotelaria e turismo é um dos que mais se tem notabilizado, em crescimento e expansão das atividades na cidade de Nampula. Só nos últimos cinco anos, abriram dois grandes hotéis que dão emprego a milhares de moçambicanos. Na foto vê-se o Grand Plaza Hotel, totalmente de capitais moçambicanos e inaugurado em junho passado pelo Presidente da República.
Foto: DW/S.Lutxeque
Novo Palácio da Justiça em Nampula
A cidade recebeu um dos maiores empreendimentos do setor judiciário que acolhe várias instituições, nomeadamente, a Procuradoria, o Serviço Nacional de Investigação Criminal, o Tribunal Judicial, o Instituto de Patrocínio e Assistência Jurídica, e a Administração do próprio Palácio da Justiça. O empreendimento foi construído de raiz e ocupa uma área de mais de dois quilómetros quadrados.
Foto: DW/S.Lutxeque
Centros comerciais desenvolvem economia
Com a descoberta e exploração de vários recursos minerais e naturais na província, muitas empresas, na sua maioria de origem estrangeira, fixam-se em Nampula. Muitas arrendam escritórios em centros comerciais. Um dos exemplos é o Milénio Center, construído nos últimos anos. Fornece serviços de aluguer de escritórios, lojas, cafetarias, estabelecimentos bancários entre outros.
Foto: DW/S.Lutxeque
Proliferação de quiosques "take-away"
Não são só as grandes empresas que contribuem para desenvolver a cidade. Também há um aumento de quiosques que confecionam e vendem produtos na via pública. Desde 2016, só na cidade de Nampula, as autoridades já municipais já licenciaram centenas destes estabelecimentos para o exercício de atividades. Em quase todas ruas existem quiosques, vulgarmente conhecidos por "take-away".
Foto: DW/S.Lutxeque
Mais e melhores estradas na cidade
A reabilitação e construção de estradas, em vários pontos do centro da cidade foi um dos marcos dos últimos cinco anos. Boas estradas são uma necessidade para responder ao aumento do parque automóvel que se vem registando desde a independência do país, sobretudo nos últimos anos.
Foto: DW/S.Lutxeque
Grande investimento em ferrovias
A cidade de Nampula, está localizada ao longo do Corredor de Nacala, considerado o "pulmão" económico da província. É atravessada por uma linha férrea que liga ao distrito de Nacala-a-Velha a Moatize, com passagem pelo vizinho Malawi, numa extensão aproximada de 900 quilómetros. A linha representa um investimento de quase 4 mil milhões de euros.
Foto: DW/S.Lutxeque
Filial do Banco de Moçambique
Na foto vê-se a filial do banco de Moçambique em Nampula. O Banco Central investiu cerca de 240 milhões de dólares nas obras de construção da sua nova sede em Maputo e nas filiais de Nampula e Xai-Xai, bem como na reabilitação e ampliação das filiais de Chimoio e Beira.
Foto: DW/S.Lutxeque
Casas modernas em construção
"Modern Town-Nampula" é um grande projeto de construção que se prevê que resulte em 1800 casas construídas de raiz, no bairro de Mutauanha, numa zona de expansão. Este projeto projeto do Governo moçambicano, através do Fundo de Fomento de Habitação foi lançado em setembro do ano passado e prevê atribuir habitação aos jovens a título de crédito.
Foto: DW/S.Lutxeque
Mercado Municipal também mais moderno
O Mercado Municipal, vulgarmente conhecido por Mercado Central, é um dos mais antigos estabelecimentos comerciais que sobrevive até aos dias de hoje. Esta infraestrutura já passou por reabilitações e vai sobrevivendo aos maiores e atuais estabelecimentos comerciais. Antigamente, eram vendidos vestuários e diversos eletrodomésticos. Agora, limita-se a produtos de primeira necessidade.
Foto: DW/S.Lutxeque
Construção da estrada Nampula-Nametil
A estrada que liga a cidade de Nampula a Nametil, sede do distrito de Mogovolas, já está em construção. São mais de 70 quilómetros. Os cidadãos consideram que vai alavancar a economia, pois vai ligar, e assim, aproximar, uma zona de produção à cidade.
Foto: DW/S.Lutxeque
Bairros periféricos excluídos do "boom"
A cidade de Nampula conta com mais de um milhão de habitantes e dispõe de cerca de 18 bairros. Começam também a surgir zonas de expansão, onde muitos não beneficiam, na sua totalidade, do "boom" económico que a cidade ultrapassa. A degradação de estradas ou mesmo falta de vias de acesso, bem como a falta de corrente elétrica, água potável e lixo abundante são alguns dos problemas.