Falta de água, luz e saneamento básico são problemas comuns nos municípios periféricos de Luanda, em Angola. Organizações da sociedade civil ouvidas pela DW afirmam que a solução passa pela criação de autarquias.
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Em Luanda, um grupo de cidadãos criou organizações para ajudar as comunidades a participar na vida pública. Os projetos são implementados em comunidades periféricas da província como Cazenga, Cacuaco, Viana e Kilamba Kiaxi.
Fernando Sakwayela, coordenador do "Projeto Agir" no município de Cacuaco, explica que a iniciativa "visa dinamizar o resgate da cidadania pelo país."
Por sua vez, Kambolo Tiaka Tiaka coordena a Plataforma Kazenga em Ação (PLAKA), que pretende a "promoção da cidadania participativa” junto das comunidades.
Donito Carlos é o coordenador da Plataforma de Intervenção do Kilamba Kiaxi, que tem por objetivo "monitorizar o orçamento participativo do município."
Os três movimentos são unânimes em afirmar que o seu trabalho tem grande impacto nas comunidades locais.
Sociedade mais atenta
Kambolo Tiaka Tiaka, diz que [os cidadãos] "já têm mais preocupações em questionar a administração local, já conhecem mais os seus limites constitucionais, já conversam para busca de soluções dentro da comunidade."
Também Fernando Sakwayele diz que na sua comunidade já se nota uma mudança de mentalidade por parte dos cidadãos.
"É esta vontade de participação cada vez mais ativa de uma boa franja da juventude na vida pública", explica o responsável do Projeto Agir. "Também sentimos que as sensibilidades do poder instalado, até da classe política, conseguem perceber que afinal de contas os cidadãos estão mais atentos", verifica.
Problemas são transversais
Os municípios debatem-se com problemas de vária ordem. "Desde a falta de água, o fraco abastecimento da rede elétrica, o saneamento básico, a delinquência juvenil, prostituição, entre outros", enumera Donito Carlos.
Problemas que também se vivem no município do Cazenga. "Há muita pobreza, muitos problemas como a falta de água, de luz, de saneamento básico e de segurança, sobretudo", diz Kambolo.
Cacuaco também não foge à regra, conta Fernando Sakwayela: "Desde questões ligadas ao saneamento básico, a falta de iluminação pública, um sistema de ensino deficitário e não adaptado à realidade local."
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Solução passa por autarquias
Então, por onde passaria a solução? À DW África, os três são unânimes em responder: pela criação de autarquias. "Com a implementação das autarquias o município poderia se desenvolver", acredita Donito Carlos.
"As autarquias dariam soluções locais aos problemas locais. Mesmo de longe conseguimos perceber que realmente as autarquias trariam solução destes problemas abandonados pelo Governo central”, entende Fernando Sakwayela.
Kambolo Tiaka Tiaka não discorda. "Acreditamos que as autarquias são um dos instrumentos indispensáveis para o desenvolvimento das comunidades. Pensamos nós que com as autarquias muitas coisas deviam ser resolvidas."
Porém, o coordenador da PLAKA não acredita que as autarquias "são a varinha mágica para a resolução dos problemas. É um processo."
As primeiras eleições autárquicas de Angola previstas para este ano foram adiadas. Os membros do Conselho da República de Angola consideraram, na sua maioria, que não há condições para realizar as eleições "por falta de condições". Serão realizadas no momento em que as condições o permitirem, justificaram.
Luanda é a cidade que cresce mais rapidamente em África
Não são necessariamente as cidades mais populosas de África, mas são as que crescem de forma mais rápida, segundo as Nações Unidas. Luanda lidera a lista das cidades com maior crescimento populacional no continente.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
1. Luanda, Angola
Nenhuma cidade africana está a crescer tão rapidamente como Luanda, a capital de Angola. Segundo dados da ONU, vivem aqui mais de 7,7 milhões de pessoas. A idade média dos luandenses é de 20,6 anos. A capital é uma das cidades mais caras do mundo. Mas apenas as elites de Angola beneficiam das grandes reservas de petróleo do país. A população fala em desigualdade social no país.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
2. Yaounde, Camarões
Com 3,6 milhões de habitantes, a capital dos Camarões é muito menor que a de Angola. Os serviços públicos e as representações diplomáticas estão principalmente concentrados na capital. É por isso que Yaoundé desfruta de um padrão de vida e segurança mais elevados do que o resto dos Camarões. É também um ponto central de transferência de mercadorias como café, cacau, tabaco e borracha.
Foto: Dirke Köpp
3. Dar es Salaam, Tanzânia
A população da capital comercial da Tanzânia aumentou mais de seis vezes desde 1978. Dar es Salaam, com mais de seis milhões de habitantes, é a maior cidade da África Oriental e um importante centro económico e comercial para a região. De 2000 a 2018, a população cresceu 166%.
Foto: DW/E. Boniphace
4. Kumasi, Gana
A população da cidade ganesa de Kumasi aumentou onze vezes para três milhões entre 1970 e 2017. Ultrapassou o número de pessoas que vivem na capital, Accra, em 2014 para se tornar a maior cidade do país. A população do Gana está a crescer de forma rápida, especialmente em cidades como Kumasi. A metrópole económica atrai muitas pessoas do norte do país.
Foto: Imago Images/photothek/T. Imo
5. Kampala, Uganda
Kampala, a principal capital de Uganda, fica nas margens do Lago Vitória. A população total da região mais do que duplicou desde o início do século XXI. Muitas pessoas do interior estão a mudar-se para as cidades. Kampala tem uma das maiores taxas de crescimento em todo o mundo. Espera-se que mais de 40 milhões de pessoas vivam na cidade até 2100.
Foto: picture-alliance/AP Photo/R. Kabuubi
6. Lusaka, Zâmbia
Lusaka, o centro económico e político da Zâmbia, registou um boom demográfico nos últimos anos. O centro da cidade, nos arredores da Independence Avenue e da Cairo Road, é caracterizado por edifícios comerciais, companhias de seguros, bancos, bolsas de valores, hotéis e cadeias de "fast food" americanas. O setor industrial, os transportes e o artesanato também desempenham um papel importante..
Foto: DW/C. Chimbelu
7. Douala, Camarões
A maior cidade dos Camarões também está entre as dez cidades que mais crescem em África. Douala é o lar do maior porto da África Central, que é vital para a economia do país e toda a Comunidade Económica e Monetária da África Central. É um importante centro financeiro, industrial, comercial, cultural e de tráfego dos Camarões.
Foto: picture-alliance / maxppp
8. Mbuji-Mayi, República Democrática do Congo
Provavelmente não há outro lugar no mundo com tantos diamantes como em Mbuji-Mayi. Os comerciantes de diamantes da cidade congolesa pintam edifícios com imagens brilhantes e bonitas para atrair os mineiros. A cidade tinha apenas 30.000 habitantes em 1960. Até 2018, Mbuji-Mayi deverá ter 2,3 milhões de habitantes. A imigração em massa das áreas vizinhas aumentou drasticamente a população.
Foto: Imago Images/H. Hoogte
9. Antananarivo, Madagáscar
Antananarivo é a maior cidade e capital do Estado insular de Madagáscar. A maioria dos turistas entra e sai do país pelo aeroporto da capital. Apesar de um período de doenças e guerras no século XVIII, a população da cidade cresceu de forma constante. Esse crescimento populacional deve-se sobretudo à saída das pessoas do interior para a capital do país.
Foto: Imago Images/Xinhua
10. Pretória, África do Sul
Por último, mas não menos importante, no top 10 está a cidade de Pretória, uma das três capitais da África do Sul. É a capital administrativa, com reconhecimento também no campo do ensino superior e da investigação. Localizada a norte de Joanesburgo, Pretória é um importante centro comercial e industrial, onde são construídas ferrovias, carros, máquinas e aço.