Somália: Ataques do grupo Al-Shabaab provocam vários mortos
Mohammed Odowa | af
6 de outubro de 2022
Aumentou para 40 o número de vítimas de ataques terroristas no centro da Somália, ocorridos na última segunda-feira. Autoridades garantem que os últimos ataques não os dissuadirão de combater os terroristas.
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Os ataques da última segunda-feira (03.10), atribuídos ao grupo terrorista Al-Shabaab, foram provocados por três bombistas suicidas, que se faziam transportar em igual número de viaturas. Estima-se que haja cerca de 100 pessoas hospitalizadas.
Até à última terça-feira (04.10), os residentes da na província de Hiran, no centro da Somália ainda proucravam corpos entre os escombros dos edifícios destruídos nos ataques, que se iniciaram num campo militar que também alberga escritórios do governo local e atingiram vários bairros e zonas comerciais.
Em entrevistas à DW África, os moradores da região classificaram que estes foram os piores ataques dos últimos anos. "Perdi o meu amigo e hoje encontrámos o seu corpo debaixo dos escombros. Outras famílias ainda estão à procura dos seus entes queridos. A catástrofe aqui vai além do imaginável. Eles afirmam ser verdadeiros crentes, mas isto não é uma obra para o Islão", conta Hassan Ali, um comerciante de 23 anos.
Abdisalan Mohamed, vendedor de roupas de 27 anos, diz que devido aos ataques perdeu parte do seu negócio. "As lojas foram completamente destruídas. Havia aqui perto de 20 bancas de venda de roupas ao ar livre, 90% desse comércio foi destruído pelas explosões. Eu perdi 60% do meu negócio", lamenta.
Al-Shabaab reivindica ataques
Os ataques já foram reivindicados pelo grupo islamista Al-Shabaab, que ameaçou continuar a atacar as comunidades, enquanto as lideranças locais e as tropas governamentais no centro da Somália se mobilizarem contra o grupo.
Grupo terrorista al-Shabab é financiado com extorsão
03:13
O vice-presidente regional do estado de Hirshabelle, Yusuf Ahmed Hagar, que sobreviveu aos bombardeamentos de segunda-feira, diz que os ataques não dissuadirão a sua administração, os líderes locais e o governo nacional de lutar contra os terroristas.
"As minhas condolências a todos aqueles que perderam as suas vidas, incluindo funcionários do governo local e civis. Desejo também uma rápida recuperação aos feridos. Os atos hediondos terroristas nunca nos desencorajarão. Eles querem criar medo entre as comunidades que pegam em armas para combater os terroristas, mas isso não funcionará para os terroristas", sublinhou.
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Revolta dos líderes comunitários
As lideranças comunitárias no centro e sul da Somália mobilizaram milícias locais com a ajuda do governo somali para combater a Al-Qaeda, ligada ao grupo Al-Shabaab.
A revolta dos líderes comunitários intensificou-se após os terroristas terem emboscado um grupo que transportava ajuda humanitária na província de Hiran, matando pelo menos 20 civis, em setembro passado.
Entretanto, o comando dos EUA em África disse que matou um líder sénior da Al-Shabaab em coordenação do governo da Somália em 1 de outubro.
Contudo, a derrota do Al-Shabaab no centro da Somália a longo prazo dependerá da capacidade das autoridades locais e federais somalianas de proporcionar boa governação e segurança.
Mogadíscio - cidade de extremos
A capital da Somália é uma cidade de desespero e de esperança. Assolada por quase 30 anos de guerra civil, Mogadíscio tenta reconstruir-se e recuperar um Estado falido.
Foto: DW/S. Petersmann
Combate à fome
Xamdi é filha de nómades somalis e esteve na enfermaria de nutrição do Hospital Banadir, de Mogadíscio, desde o início de agosto. A sua mãe alimenta-a com uma pasta à base de amendoim, para tratamento de desnutrição aguda. Xamdi tem três anos e pesa apenas sete quilos. A maioria das crianças na Alemanha na mesma faixa etária pesa duas vezes mais. Cerca de 800 mil somalis enfrentam fome.
Foto: DW/S. Petersmann
Sistema de saúde em colapso
Este menino recupera na cama ao lado de Xamdi. Luta contra a pneumonia, uma das infecções mais comuns causadas pela desnutrição crónica e condições superlotadas nos campos de refugiados. As suas mãos estão envolvidas em papel para evitar que ele tire o tubo de alimentação. O Hospital Banadir é a maior clínica pública de Mogadíscio, mas mesmo aqui é visível o caos do sistema de saúde.
Foto: DW/S. Petersmann
Cidade de refugiados
A capital somali está cheia de casas improvisadas. Muitos nómadas e camponeses estão determinados a ficar. Fugiram da guerra civil, do terror, da violência e da fome extrema. A população da cidade saltou para cerca de 2,5 milhões. Pelo menos 600 mil são oficialmente consideradas "pessoas internamente deslocadas".
Foto: DW/S. Petersmann
Um fardo pesado
Os conglomerados e as condições de vida sem higiene nos campos são um risco para a saúde. As infecções agudas de foro respiratório e a diarreia são doenças comuns entre os deslocados internos de Mogadíscio. A vida nos campos improvisados é uma luta diária para a próxima refeição e o próximo balde de água.
Foto: DW/S. Petersmann
A vida à espera
Não há muito a fazer dentro dos campos, mas sim sentar e esperar. Muitas crianças não têm acesso a educação. A maioria dos acampamentos improvisados não tem parque infantil ou outros espaços recreativos.
Foto: DW/S. Petersmann
Cidade feita de ruínas
Também há muito dificuldade fora dos campos. Especialmente a parte antiga de Mogadíscio é marcada por quase três décadas de conflito interno. Mas também há sinais de novos começos.
Foto: DW/S. Petersmann
A hora da "selfie"
Esses jovens divertem-se no Parque da Paz de Mogadíscio. Todos eles são estudantes, todos expressam fé no novo Governo do Presidente Abdullahi, apoiado pelo Ocidente. Um dos estudantes, que quer ser engenheiro de aviação civil, diz: "é muito mais seguro aqui do que há cinco anos. Hoje temos lugares como o Parque da Paz. Mogadíscio está mudando e nós estamos adoramos".
Foto: DW/S. Petersmann
Não às armas
Logo na entrada do Parque da Paz, os visitantes são lembrados de deixar para trás armas, como as chamadas Kalashnikovs, facas, granadas de mão e pistolas.
Foto: DW/S. Petersmann
Onde tudo acontece
A praia de Liido, em Mogadisci, atrai multidões, especialmente após as preces islâmicas de sexta-feira. As pessoas juntam-se para dançar e jogar futebol. Este desporto é extremamente popular na Somália e os jovens amantes reúnem-se na praia de Liido, um local antes de acesso difícil a civis, que estava sob controlo da milícia Al-Shabab.
Foto: DW/S. Petersmann
Reconstrução em pleno andamento
A comunidade internacional começou a investir na reconstrução do Estado fracassado da Somália. Os sinais visíveis estão na capital, como esta nova rua foi feita com ajuda da Turquia. Os turcos também criaram uma grande base militar em Mogadíscio para treinar soldados da Somália.
Foto: DW/S. Petersmann
Muros e cercas
Novas residências brotam em toda a Mogadíscio. A diáspora que retorna para a Somália investe no mercado imobiliário em expansão da cidade. Assim como políticos e outras classes mais ricas. Muitos dos novos edifícios estão rodeados por altos muros de proteção contra explosão e arames farpados para afastar terroristas, criminosos e grupos rivais.
Foto: DW/S. Petersmann
Zona Verde
O terreno do aeroporto tornou-se o centro dos expatriados. Como Bagdad e Kabul, Mogadíscio também tem uma chamada "zona verde". As Nações Unidas e a maioria das missões diplomáticas que retornam vivem e trabalham neste vasto complexo que se desenvolveu em torno do Aeroporto Internacional de Mogadíscio. Está cercado e protegido pelas tropas da União Africana.
Foto: DW/S. Petersmann
Cidade de murais
A maioria das fachadas das lojas ou vitrines é pintada à mão, em Mogadíscio. Os trabalhos agregam uma cor necessária a uma cidade que se ergue lentamente de suas ruínas.
Foto: DW/S. Petersmann
Compras pela internet
Cartazes modernos também têm conquistado as ruas, anunciando compras on-line de moda árabe ou uniformes para instituições privadas de ensino.
Foto: DW/S. Petersmann
Novidades não são para todos
As novas atrações da cidade estão fora do alcance dos muitos deslocados e pobres. O progresso e a estabilidade da Somália também dependerão da capacidade do Estado de conquistar a confiança dos habitantes. Atualmente, quase sete milhões de pessoas, cerca de metade da população do país, dependem de ajuda humanitária.
Foto: DW/S. Petersmann
Explosão juvenil
Mais de metade da população da Somália tem menos de 18 anos. A maioria dos cidadãos nasceu após queda de Mohammed Siad Barre, em 1991 - o evento crucial que desmoronou o Estado. A juventude da capital, quando não está envolvida em alguma atividade, sente-se marginalizada, aumentando a vulnerabilidade da Somália.