Forças somalis reagiram a ataque extremista matando os perpetradores. UA garante continuidade da estabilização do país.
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Entre as 26 vítimas mortais estão a proeminente jornalista somali-canadense Hodan Nalayeh e seu marido, Farid Jama Suleiman. O jornalista Mohammed Omar Sahal, correspondente da rede de televisão "SBC" baseado em Kismayo, também está entre os mortos. Três quenianos, três tanzanianos, dois americanos e um britânico também morreram no ataque, disse Ahmed Madobe, o presidente do estado regional de Jubalândia, que controla a cidade de Kismayo, onde aconteceu o ataque. 56 pessoas, incluindo dois chineses, foram feridas no ataque ao hotel, disse Madobe aos repórteres.
Pelo menos quatro membros da Al-Shabab atacaram o Hotel Asasey, na noite de sexta-feira (12.07), começando com um carro-bomba suicida no portão de entrada, seguido por uma invasão.
O ataque durou mais de 14 horas antes que as tropas matassem todos os atacantes dentro do complexo hoteleiro, disse o Coronel Abdiqadir Nur, um polícia local, à agência noticiosa Associated Press.
Os rebeldes extremistas da al-Shabab da Somália, reivindicaram responsabilidade pelo ataque. A al-Shababab, que é aliada da Al Qaeda, muitas vezes usa carros-bomba para se infiltrarem alvos fortemente protegidos, como o hotel em Kismayo.
As autoridades de segurança isolaram o local do ataque e impediram os jornalistas de tirarem fotografias ou gravarem vídeos do hotel danificado e, em alguns casos, destruíram as câmaras dos jornalistas. Os funcionários do Governo não se disponibilizaram para mais entrevistas.
Calou-se a voz de Hodan Nalayeh
A notícia das mortes da jornalista somali- canadense Hodan Nalayeh e seu marido, Farid Jama Suleiman, foi confirmada por uma rádio independente baseada em Mogadíscio à agência de notícias Associated Press.
"Estou absolutamente devastado com a notícia da morte a nossa querida a irmã Hodan Nalayeh e seu marido num ataque terrorista na Somália," escreveu Omar Suleiman, um imã que trabalhava no Texas e conhecia a vítima, nas redes sociais.
Nalayeh nasceu na Somália em 1976, mas passou a maior parte de sua vida no Canadá, primeiro em Alberta e depois em Toronto. Fundou a TV Integração, uma empresa internacional de produção de vídeos para a internet, com foco nos telespectadores somalis de todo o mundo. Ela foi a primeira mulher somali proprietária de um meio de comunicação.
O ministro Canadense da Imigração, Refugiados e Cidadania, Ahmed Hussen, lamentou a morte de Hodan Nalayeh no Twitter, dizendo que ela "destacou as histórias positivas e as contribuições da comunidade no Canadá" através do seu trabalho como jornalista. "Lamentamos profundamente a sua perda, e todos os outros mortos no #KismayoAttack", escreveu ele.
A infinita "positividade" e "amor pelas pessoas" de Nalayeh são inspiradores, disse a líder do Novo Partido Democrata do Canadá, Andrea Horwath, também no Twitter.
"Em nome do Sindicato de Jornalistas Somalis (SJS) e a fraternidade dos veículos de imprensa somalis, enviamos as mais sinceras condolências às famílias, colegas e amigos que sofreram com perda dos jornalistas Hodan Naleyeh e Mohammed Omar Sahal", afirmou em comunicado Abdalle Ahmed Mumin, secretário-geral deste sindicato.
"Este é outro dia negro para os jornalistas somalis", lamentou Munin.
Também um alto funcionário da União Africana condenou o ataque.
"Este é um ataque destinado a fazer descarrilar o progresso na Somália, enquanto o país reconstrói e consolida os ganhos obtidos com a paz e a segurança", disse Francisco Madeira, representante especial da presidente da Comissão da União Africana.
Ele disse ainda que a força multinacional da União Africana na Somália continuará a trabalhar para estabilizar o país.
Mogadíscio - cidade de extremos
A capital da Somália é uma cidade de desespero e de esperança. Assolada por quase 30 anos de guerra civil, Mogadíscio tenta reconstruir-se e recuperar um Estado falido.
Foto: DW/S. Petersmann
Combate à fome
Xamdi é filha de nómades somalis e esteve na enfermaria de nutrição do Hospital Banadir, de Mogadíscio, desde o início de agosto. A sua mãe alimenta-a com uma pasta à base de amendoim, para tratamento de desnutrição aguda. Xamdi tem três anos e pesa apenas sete quilos. A maioria das crianças na Alemanha na mesma faixa etária pesa duas vezes mais. Cerca de 800 mil somalis enfrentam fome.
Foto: DW/S. Petersmann
Sistema de saúde em colapso
Este menino recupera na cama ao lado de Xamdi. Luta contra a pneumonia, uma das infecções mais comuns causadas pela desnutrição crónica e condições superlotadas nos campos de refugiados. As suas mãos estão envolvidas em papel para evitar que ele tire o tubo de alimentação. O Hospital Banadir é a maior clínica pública de Mogadíscio, mas mesmo aqui é visível o caos do sistema de saúde.
Foto: DW/S. Petersmann
Cidade de refugiados
A capital somali está cheia de casas improvisadas. Muitos nómadas e camponeses estão determinados a ficar. Fugiram da guerra civil, do terror, da violência e da fome extrema. A população da cidade saltou para cerca de 2,5 milhões. Pelo menos 600 mil são oficialmente consideradas "pessoas internamente deslocadas".
Foto: DW/S. Petersmann
Um fardo pesado
Os conglomerados e as condições de vida sem higiene nos campos são um risco para a saúde. As infecções agudas de foro respiratório e a diarreia são doenças comuns entre os deslocados internos de Mogadíscio. A vida nos campos improvisados é uma luta diária para a próxima refeição e o próximo balde de água.
Foto: DW/S. Petersmann
A vida à espera
Não há muito a fazer dentro dos campos, mas sim sentar e esperar. Muitas crianças não têm acesso a educação. A maioria dos acampamentos improvisados não tem parque infantil ou outros espaços recreativos.
Foto: DW/S. Petersmann
Cidade feita de ruínas
Também há muito dificuldade fora dos campos. Especialmente a parte antiga de Mogadíscio é marcada por quase três décadas de conflito interno. Mas também há sinais de novos começos.
Foto: DW/S. Petersmann
A hora da "selfie"
Esses jovens divertem-se no Parque da Paz de Mogadíscio. Todos eles são estudantes, todos expressam fé no novo Governo do Presidente Abdullahi, apoiado pelo Ocidente. Um dos estudantes, que quer ser engenheiro de aviação civil, diz: "é muito mais seguro aqui do que há cinco anos. Hoje temos lugares como o Parque da Paz. Mogadíscio está mudando e nós estamos adoramos".
Foto: DW/S. Petersmann
Não às armas
Logo na entrada do Parque da Paz, os visitantes são lembrados de deixar para trás armas, como as chamadas Kalashnikovs, facas, granadas de mão e pistolas.
Foto: DW/S. Petersmann
Onde tudo acontece
A praia de Liido, em Mogadisci, atrai multidões, especialmente após as preces islâmicas de sexta-feira. As pessoas juntam-se para dançar e jogar futebol. Este desporto é extremamente popular na Somália e os jovens amantes reúnem-se na praia de Liido, um local antes de acesso difícil a civis, que estava sob controlo da milícia Al-Shabab.
Foto: DW/S. Petersmann
Reconstrução em pleno andamento
A comunidade internacional começou a investir na reconstrução do Estado fracassado da Somália. Os sinais visíveis estão na capital, como esta nova rua foi feita com ajuda da Turquia. Os turcos também criaram uma grande base militar em Mogadíscio para treinar soldados da Somália.
Foto: DW/S. Petersmann
Muros e cercas
Novas residências brotam em toda a Mogadíscio. A diáspora que retorna para a Somália investe no mercado imobiliário em expansão da cidade. Assim como políticos e outras classes mais ricas. Muitos dos novos edifícios estão rodeados por altos muros de proteção contra explosão e arames farpados para afastar terroristas, criminosos e grupos rivais.
Foto: DW/S. Petersmann
Zona Verde
O terreno do aeroporto tornou-se o centro dos expatriados. Como Bagdad e Kabul, Mogadíscio também tem uma chamada "zona verde". As Nações Unidas e a maioria das missões diplomáticas que retornam vivem e trabalham neste vasto complexo que se desenvolveu em torno do Aeroporto Internacional de Mogadíscio. Está cercado e protegido pelas tropas da União Africana.
Foto: DW/S. Petersmann
Cidade de murais
A maioria das fachadas das lojas ou vitrines é pintada à mão, em Mogadíscio. Os trabalhos agregam uma cor necessária a uma cidade que se ergue lentamente de suas ruínas.
Foto: DW/S. Petersmann
Compras pela internet
Cartazes modernos também têm conquistado as ruas, anunciando compras on-line de moda árabe ou uniformes para instituições privadas de ensino.
Foto: DW/S. Petersmann
Novidades não são para todos
As novas atrações da cidade estão fora do alcance dos muitos deslocados e pobres. O progresso e a estabilidade da Somália também dependerão da capacidade do Estado de conquistar a confiança dos habitantes. Atualmente, quase sete milhões de pessoas, cerca de metade da população do país, dependem de ajuda humanitária.
Foto: DW/S. Petersmann
Explosão juvenil
Mais de metade da população da Somália tem menos de 18 anos. A maioria dos cidadãos nasceu após queda de Mohammed Siad Barre, em 1991 - o evento crucial que desmoronou o Estado. A juventude da capital, quando não está envolvida em alguma atividade, sente-se marginalizada, aumentando a vulnerabilidade da Somália.