Na ocasião dos 45 anos da independência de São Tomé e Príncipe, o Presidente Evaristo Carvalho elogiou a resposta do arquipélago à Covid-19. Uma pequena cerimónia de comemoração decorreu no palácio presidencial.
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O Presidente de São Tomé e Príncipe, Evaristo Carvalho, reconheceu este domingo (12.07) que o Governo "conseguiu dar uma resposta satisfatória" à pandemia da Covid-19 no país, referindo que as autoridades sanitárias têm enfrentado a doença com "sucesso reconhecido".
"Gostaria de agradecer profundamente a todos os profissionais que, com coragem e determinação, deram o melhor de si para enfrentar esse inimigo invisível com o sucesso reconhecido", disse Evaristo Carvalho durante a celebração dos 45 anos da independência de São Tomé e Príncipe.
A cerimónia decorreu no salão nobre do palácio presidencial, limitando as habituais festividades de massa com grupos culturais e desfiles. "Pela primeira vez em 45 anos, celebramos o aniversário da independência nacional de forma limitada, sem atividades de massa e sem mobilização popular", declarou.
"Pela primeira vez, o ato central é realizado num recinto fechado, com menos de três dezenas de participantes", lembrou o chefe de Estado, que apelou "à compreensão de todos" pela limitação.
O primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Jorge Bom Jesus, defendeu "uma nova atitude" dos são-tomenses para impulsionar o crescimento económico do país, cuja economia depende ainda em cerca de 90% das ajudas externas, 45 anos depois da independência.
"Numa altura em que assinalamos 45 anos de independência, precisamos ter uma nova atitude perante a coisa pública, perante o país, de forma geral", disse Jorge Bom Jesus, após a cerimónia oficial de celebração de mais um aniversário da independência nacional. "Acredito que as potencialidades existem, as oportunidades existem e cabe a cada um de nós fazer a sua parte", acrescentou o chefe do executivo de São Tomé e Príncipe.
Discurso dedicado à pandemia
O Presidente são-tomense lembrou que a pandemia "assolou o país como um furacão que era esperado, mas, felizmente, chegou com uma intensidade bastante menor do que se previa".
Evaristo Carvalho lamentou, contudo, "o sofrimento traduzido em mais de sete centenas de casos e quase uma quinzena de mortes", um balanço que considerou "significativo" para a dimensão populacional do país.
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"Verificámos que a nação como um todo, liderada pelo Governo, sobretudo através do Sistema Nacional de Saúde e dos seus profissionais a todos os níveis, das forças de defesa e segurança, incluindo os bombeiros, dos demais setores da Administração, superando todas as suas insuficiências, conseguiu dar uma resposta satisfatória", referiu o chefe de Estado.
O Presidente elogiou as várias iniciativas de cidadãos, organizações não-governamentais e igrejas, que, na sua perspetiva, deram "um notável exemplo da sua força e importância fundamental" no combate à propagação da doença.
Evaristo Carvalho referiu-se igualmente à contribuição de empresários nacionais e estrangeiros "para aliviar o sofrimento em vários setores da sociedade". O Presidente alertou ainda que "se nos últimos tempos a epidemia parece estar controlada, o facto é que o número de casos continua a crescer".
Por isso, considerou ser necessário manter a vigilância, "não baixar a guarda, antes pelo contrário, adotar todas as medidas preventivas e organizativas por parte da população, seguir à risca as orientações das autoridades competentes". É fundamental, acrescentou, a população "estar preparada para uma eventual segunda ou até mesmo terceira vaga, que já é referida por muitos especialistas".
Cacau: semente do desenvolvimento de São Tomé
Após a nacionalização das fazendas de cacau, as roças, em 30 de setembro de 1975, a produção diminuiu. Hoje, as roças voltaram a ser privadas e há esperanças que contribuam novamente para o desenvolvimento do país.
Foto: DW/R. Graça
Trabalho na roça começa cedo
Antes do sol penetrar na mata da Roça Olivais Marim, na zona sul de São Tomé, os poucos agricultores já trabalham nas plantações de cacau - principal produto de exportação do país. Após a nacionalização das roças, em 30 de setembro de 1975, a produção diminuiu. A exportação do cacau não passou de 12.000 toneladas/ano. Nos anos 80, a exportação baixou ainda mais, para 3.000 toneladas.
Foto: DW/R. Graça
Má gestão levou a êxodo rural
A nacionalização das fazendas em 1975 deu origem à formação de 15 grandes empresas estatais, que entraram em declínio. A queda da produção do cacau abriu o caminho às privatizações nos anos 90. Porém, muitas terras continuaram improdutivas e iniciou-se um êxodo rural das populações nas zonas das roças. Agora, 2.500 hectares de terras estão a ser desbravadas e reaproveitadas.
Foto: DW/R. Graça
Clima ideal
Agricultora prepara viveiros para reabilitar as plantações abandonadas da Roça Granja. São Tomé e Príncipe possui as condições climáticas favoráveis ao cultivo do cacau: terras de origem vulcânica, solo fértil e boa temperatura. Estatísticas do período colonial revelam que, com apenas 15 unidades agroindustriais numa área de 60 mil hectares, os portugueses chegaram a produzir 36.000 toneladas/ano.
Foto: DW/R. Graça
Raízes brasileiras
Em São Tomé e Príncipe, a cultura do cacau começou na Ilha do Príncipe. Os primeiros cacaueiros, plantados pelos colonos portugueses em 1822, vieram do Brasil. No século XIX, durante o "Ciclo do Cacau", por falta de mão de obra local, os portugueses contrataram trabalhadores de outras colónias africanas – como Angola, Cabo Verde e Moçambique. Muitos tiveram que trabalhar sob condições desumanas.
Foto: DW/R. Graça
Produção biológica de cacau
No interior da Roça Santa Luzia, na Ilha de São Tomé, os tratores adquiridos pela Cooperativa de Exportação do Cacau Biológico (CECAB) regam os viveiros nas parcelas dos agricultores. O cacau é ideal para a produção biológica, pois cresce sob árvores de outras espécies – o que conserva uma maior biodiversidade em comparação com monoculturas de outras plantas como a soja.
Foto: DW/R. Graça
De olho no mercado internacional
O cacau amelonado, variedade proveniente da Amazônia, foi o primeiro a chegar ao arquipélago de São Tomé e Príncipe. Este tipo de cacau é muito procurado no mercado internacional por ter características genéticas de qualidade superior a outras variantes de cacau.
Foto: DW/R. Graça
Recuperação de outras variedades
Produtores de cacau tipo exportação estão a recuperar outras variedades, como o cacau híbrido. O cacaueiro tem folhas longas que nascem avermelhadas e logo ficam de um verde intenso, medindo até 30 centímetros. Seus frutos também podem medir até 30 centímetros de comprimento, apresentando coloração verde, vermelha ou amarronzada e que tendem ao amarelo quando amadurecido o fruto.
Foto: DW/R. Graça
Secagem depois da colheita
A seguir à colheita da fruta dos cacaueiros, é preciso secá-la. No caso da Roça Morro Peixe, a secagem é feita com uso da energia solar natural. Um secador solar construído de madeira e coberto de plástico garante uma boa temperatura para a secagem do cacau, antes de ser embalado.
Foto: DW/R. Graça
Trabalho minucioso
Descendentes de cabo-verdianos, no interior do secador da Roça Santa Margarida, separam o cacau na peneira. Um trabalho minucioso que antecede a embalagem. Estas trabalhadoras fazem parte dos poucos agricultores que resistiram ao êxodo rural em São Tomé e Príncipe. Já no período colonial, uma boa parte da mão de obra das roças veio de Cabo Verde, outra colónia portuguesa.
Foto: DW/R. Graça
Embalar e despachar para a Europa
O último passo antes do processamento e da exportação do cacau é a sua embalagem em sacos. Uma boa parte da produção de cacau de São Tome e Príncipe é exportada para a Europa – principalmente para a França e a Suíça, os dois principais mercados consumidores do cacau de excelência e de fama internacional reconhecida.