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PolíticaSão Tomé e Príncipe

STP: Demissão do Governo é "medida necessária" – oposição

Lusa
7 de janeiro de 2025

Movimento Basta, oposição são-tomense, considerou hoje a demissão do Governo uma "medida necessária e há muito esperada", e aguarda um novo primeiro-ministro "à altura dos desafios do país".

Patrice Trovoada, ex-primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe
Governo liderado pelo então primeiro-ministro, Patrice Trovoada, foi demitido na segunda-feira (06.01)Foto: Ramusel Graça/DW

"Esta decisão representa uma resposta clara aos inúmeros apelos que o Movimento Basta e outras vozes da sociedade civil têm feito ao Presidente, no sentido de tomar medidas firmes em prol dos superiores interesses de São Tomé e Príncipe", declarou o coordenador do Movimento Basta, Salvador dos Ramos, apontando, "o contexto de crise económica, social e política" que considera existir no país.

Para a formação política, "a demissão do primeiro-ministro abre uma janela de oportunidade para corrigir o rumo" do país, "que tem sido marcado pela incapacidade de governar, pela ausência de soluções, pela falta de transparência nos projetos estruturantes do país".

O Movimento Basta aponta ainda o "desrespeito pelos órgãos de soberania, ingerência nos tribunais, limitação de liberdade dos cidadãos, viagens constantes e pelo agravamento dos problemas que afetam diretamente o povo são-tomense".

"As nossas intervenções ao longo deste período de crise foram sempre no sentido de defender os maiores interesses do povo são-tomense e de exigir responsabilidade e transparência na gestão da coisa pública", apontou Salvador dos Ramos.

Restabelecer a confiança

O coordenador do Basta disse esperar que o partido Ação Democrática Independente (ADI), como vencedor das eleições de 2022, "indique um novo primeiro-ministro que esteja à altura dos desafios do país e que seja capaz de restabelecer a confiança do povo nas instituições e na governação".

"É imperativo que a próxima liderança governe com responsabilidade, visão e compromisso com as necessidades reais dos são-tomenses. Que se faça justiça sobre o massacre de 25 de novembro e que os militares envolvidos sejam suspensos enquanto aguardam a decisão da justiça; que reveja os contratos dos projetos de investimento; um Governo capaz de dialogar com os partidos da oposição", acrescentou.

À lupa: A luta pela independência e a Revolução dos Cravos

02:47

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Demissão de Trovoada

Na segunda-feira, o Presidente são-tomense, Carlos Vila Nova, demitiu o Governo liderado pelo primeiro-ministro, Patrice Trovoada, por "assinalável incapacidade" de solucionar os "inúmeros desafios" do país e "manifesta deslealdade institucional", lê-se no decreto presidencial.

O chefe de Estado, que reuniu horas antes o Conselho de Estado, fundamentou a decisão "tendo em atenção o contexto interno de São Tomé e Príncipe, caraterizado, presentemente, por inúmeros desafios, particularmente económicos e financeiros e a sua repercussão social, e considerando que a atuação do Governo tem sido marcada por uma assinalável incapacidade em aportar soluções atendíveis e compatíveis com o grau de problemas existentes".

A isto, acrescentam-se "períodos frequentes prolongados de ausência do primeiro-ministro e chefe do Governo do território nacional sem que disso resultem ganhos visíveis para o Estado e para o povo são-tomenses, e se traduzem, pelo contrário, em despesas injustificáveis para o erário público".

Carlos Vila Nova salientou ainda "a falta, por parte do primeiro-ministro, de uma clara cooperação estratégica e uma manifesta deslealdade institucional, fatores que vêm entorpecendo a relação institucional que deve existir entre o Presidente da República e o Governo, através do primeiro-ministro".

O Presidente decretou que "é demitido o XVIII Governo Constitucional", e que a ADI, "enquanto partido político mais votado nas últimas eleições legislativas" é "convidado a apresentar, no prazo de 72 horas, outra individualidade para assumir o cargo de primeiro-ministro e chefe do Governo".

Eleições antecipadas?

Fontes da ADI disseram à Lusa que a Comissão Política do partido, que esteve reunida durante a noite de segunda-feira, decidiu orientar o partido pela não indicação de novo primeiro-ministro, tentando forçar a realização de eleições antecipadas.

O primeiro-ministro Patrice Trovoada falará hoje em conferência de imprensa pela primeira vez desde as fortes críticas lançadas pelo Presidente da República na mensagem de fim do ano e demissão do Governo.

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