O presidente do principal partido da oposição (ADI) prometeu na quarta-feira (26.06.) fazer uma "oposição construtiva" ao Governo e demarcou-se "claramente" do voto contra da bancada do seu partido à moção de confiança.
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Agostinho Fernandes é o presidente do maior partido da oposição e informou que "a bancada do ADI neste momento age em nome próprio e não em nome do ADI, não representa a opinião dos dirigentes do ADI, daí que nós nos demarcámos claramente dessa posição. Nós entendemos que o Governo tem seis meses e sabem que em seis meses o Governo não pode trazer todas as soluções que o país precisa".
E o presidente do ADI ameaçou ainda afastar o líder parlamentar, Abnildo Oliveira, a quem acusou de se comportar "como um opositor" à nova direção do partido.
Fernandes diz que "obviamente que se ele se apresentar como um opositor da nova liderança do partido e não nos restará outra possibilidade senão instaurar um processo disciplinar, afastá-lo do partido e encontrar uma nova liderança para o grupo parlamentar do ADI".
Oposição quer ajudar o Governo a melhorar
O Parlamento de São Tomé e Príncipe aprovou na terça-feira (25.06.) uma moção de confiança ao Governo, pedida pelo próprio Executivo, com 28 votos favoráveis das bancadas que suportam o Executivo, e os votos contra dos restantes deputados, do partido opositor ADI e independentes.
"Há algumas coisas que têm de ser melhoradas e vamos tudo fazer enquanto partido da oposição para ajudar o Governo a melhorar, mas não é nosso papel criar [obstáculos à] ação do Governo, nem tão-pouco derrubar desnecessariamente nenhum Governo", acrescentou Agostinho Fernandes.
Os pronunciamentos do novo líder do ADI foram feitos depois de uma audiência com o chefe do Executivo, Jorge Bom Jesus, a quem foi apresentar a nova direção do partido saída do congresso de 25 de maio.
Segundo Fernandes, foram "partilhar com o chefe do Executivo as ideias para o exercício do mandato e partilhar também algumas preocupações em relação a alguns dossiês, particularmente a questão da justiça".
Governo e oposição são duas faces da mesma moeda
Para Agostinho Fernandes, o Governo e a oposição são duas faces da mesma moeda que querem o bem para o país.
"Disse ao primeiro-ministro que, enquanto partido da oposição, vamos exercer plenamente os direitos que a lei nos confere, mas vamos fazer uma oposição construtiva", garantiu.
"Nós queremos um país bom para todos nós e, como partido da oposição, nós devemos criticar, mas devemos também propor soluções, fiscalizar a ação do Governo, acompanhar a execução dessas ações e é isso que vamos fazer, num espírito de maior diálogo e concertação possível enquanto são-tomenses", acrescentou o presidente da Ação Democrática Independente.
Agostinho Fernandes adiantou que queria "ouvir também do primeiro-ministro" o que o Executivo pretende fazer para resolver os problemas do país, congratulando-se com o que disse ser a "abertura completa" de Jorge Bom Jesus para "agir de forma transparente e partilhar com a nova direção do ADI todos os dossiês essenciais" de São Tomé.
O presidente do ADI ameaçou ainda afastar o líder parlamentar, Abnildo Oliveira, que acusou de se comportar "como um opositor" à nova direção do partido.
Fernandes diz que "obviamente que se ele se apresentar como um opositor da nova liderança do partido e não nos restará outra possibilidade senão instaurar um processo disciplinar, afastá-lo do partido e encontrar uma nova liderança para o grupo parlamentar do ADI".
São Sebastião: A fortaleza que conta a história de São Tomé
Erguido contra os ataques dos corsários, no século XVI, o forte de São Sebastião defende hoje a história de São Tomé e Príncipe. Museu Nacional retrata os 500 anos da colonização portuguesa e a luta pela independência.
Foto: DW/Ramusel Graça
Um forte transformado em museu
Construído em 1545 pelos portugueses para defender a ilha dos corsários holandeses e franceses, o forte de São Sebastião, na baía de Ana Chaves, em São Tomé, é hoje o Museu Nacional. Um repositório da memória coletiva são-tomense que se espalha por diversas salas dedicadas à história e cultura do país, desde a escravatura à independência, passando pela agricultura e pela religião.
Foto: DW/Ramusel Graça
Os "guardiões" da fortaleza
As estátuas de João de Santarém, Pêro Escobar e João de Paiva guardam a entrada da fortaleza. São os nomes ligados ao descobrimento das ilhas de São Tomé, a 21 de dezembro de 1470, e do Príncipe, a 17 de janeiro de 1471. As estátuas foram retiradas das praças e jardins de São Tomé logo após a independência, em 1975.
Foto: DW/Ramusel Graça
Canhões contra as ameaças
Este é um dos canhões usados no forte de São Sebastião para defender a ilha dos ataques dos corsários nos séculos XVII e XVIII.
Foto: DW/Ramusel Graça
Marcas de 500 anos de colonização
No interior do forte, o acervo do Museu Nacional inclui marcas da história e da cultura do país, dominado pelos colonos portugueses durante 500 anos. Um exemplo é esta sala de jantar de uma roça, simbolizando a forma como viviam os antigos patrões das plantações de cacau e café, base da economia são-tomense até à independência. A loiça e talheres apresentam o brasão da roça.
Foto: DW/Ramusel Graça
Trabalhos forçados
No sentido contrário dos aposentos dos proprietários surge este quarto simbolizando a vida dos serviçais - naturais de Angola, Moçambique e Cabo Verde levados para São Tomé e Príncipe para trabalharem nas roças - e dos trabalhadores nativos "contratados". São Sebastião conta a história de São Tomé como entreposto de escravos e retrata os maus-tratos sofridos pelos trabalhadores.
Foto: DW/Ramusel Graça
Símbolos da resistência
Amador Vieira é uma das figuras históricas em destaque nas salas do Museu Nacional. Simboliza a luta contra a colonização portuguesa, depois de liderar a revolta dos escravos de 1595. A insurreição ficou marcada pelos combates contra as tropas do governador e pela destruição de infraestruturas e ferramentas usadas na exploração da cana do açúcar.
Foto: DW/Ramusel Graça
Do museu para as ruas
Figura preponderante no combate ao domínio colonial, Amador Vieira está também representado no centro da capital são-tomense.
Foto: DW/Ramusel Graça
Padroeiro dos marinheiros
São Jorge, santo padroeiro dos marinheiros, é a imagem de destaque à entrada da capela da fortaleza de São Sebastião. Simboliza a trajectória que dos navegadores portugueses até à descoberta das ilhas. Demonstra também a forte influência da colonização no modo de vida dos são-tomenses: o catolicismo é a religião da maioria da população.
Foto: DW/Ramusel Graça
Herança religiosa
"A marca do colonizador é grande. Vemos a presença portuguesa em quase tudo", diz o historiador Carlos Neves, apontando o exemplo da religião católica, introduzida em São Tomé e Príncipe pelos colonos. O Museu Nacional dedica uma sala à arte sacra. E a 1,2 km do forte de São Sebastião está a Sé Catedral de São Tomé e Príncipe, que remonta ao século XVI.