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PolíticaSão Tomé e Príncipe

STP: Líder reeleito da ADI Patrice Trovoada pede maioria

9 de abril de 2022

O antigo primeiro-ministro são-tomense foi reconduzido na liderança da oposição com o sim de 99,6% dos congressistas. Patrice Trovoada garante que é a última vez que preside à ADI e quer vencer as próximas legislativas.

São Tomé und Príncipe | Patrice Trovoada
Foto: Ramusel Graça/DW

O antigo chefe do Governo de São Tomé e Príncipe, Patrice Emery Trovoada, foi reeleito este sábado (09.04) em congresso eletivo, presidente da Acão democrática Independente (ADI), maior partido da oposição. Trovoada promete regressar à governação em finais deste ano, caso vença com maioria absoluta as eleições legislativas de setembro, que classifica como o último desafio para mudar o país.

Dos 900 congressistas, apenas 704 estiveram presentes. O antigo primeiro-ministro são-tomense (de 2010 a 2012 e de 2014 a 2018) era o único candidato à sua sucessão e foi reeleito com 703 votos a favor, correspondente a 99,6%, e um voto nulo.

Sob o lema "Estamos prontos, ADI a solução", o congresso elegeu igualmente o primeiro vice-presidente Orlando da Mata. Para o cargo de segundo vice-presidente foi eleita pela primeira vez uma mulher, Celmira Sacramento. O secretário-geral será eleito no próximo dia 23 de abril, em Conselho Nacional. Américo Ramos é apontado como provável e único candidato ao cargo.

Este foi o terceiro congresso da ADI realizado em quatro anos. Em maio de 2019, foi eleito presidente do partido o jurista Agostinho Fernandes, antigo ministro das Finanças e Economia azul, do 16º Governo Constitucional, chefiado por Trovoada.

Em setembro de 2019, Patrice Trovoada voltou a ser reeleito para o posto que ocupava desde 2006. No entanto, o Tribunal Constitucional não legitimou a sua liderança pelo facto de não estar prevista a eleição por aclamação nos estatutos.

Os antigos estatutos do ADI, fundado por Miguel Trovoada, antigo Presidente são-tomense (1991-2006), previam apenas eleição por voto secreto e mãos no ar. O congresso deste sábado sanou este problema que impediu o reconhecimento de Patrice Trovoada como presidente legítimo da força política.

99,6% dos congressistas disseram "sim" a Trovoada.Foto: Ramusel Graça/DW

A derradeira liderança

Numa mensagem gravada e transmitida no final do congresso, Patrice Trovoada afirmou que "é a última vez" que lidera o partido e está "disponível para governar são Tomé e Príncipe". O presidente da ADI recordou que "havia dito que não estava mais interessado a qualquer cargo do partido apos 2022".

O filho de Miguel Trovoada avançou que vai preparar-se para transferir a liderança do partido a novas gerações que estão a ser preparadass para que, "no seu entender, possam continuar com sucesso a obra de engrandecimento da ADI".

O líder do maior partido da oposição lembrou ainda que foram os militantes que exigiram que fosse ele a liderar o partido e o próximo Governo Constitucional de São Tomé e Príncipe - mas a vitória nas próximas legislativas só poderá ser garantida se os militantes "trabalharem afincadamente".

A eles e aos dirigente da ADI pediu "que a partir de hoje e até ao dia 25 de setembro próximo haja um trabalho abnegado para garantir uma maioria absoluta".

O presidente da ADI disse que está pronto para o novo combate, mas reconhece que "o povo transmitiu o sinal da mudança ao garantir a vitória do atual Presidente da República, Carlos Manuel Vila Nova".

Américo Ramos deverá ser o próximo secretário-geral da ADI.Foto: Ramusel Graça/DW

Reformas e parcerias público-privadas na manga

Dirigindo-se aos congressistas, Patrice Trovoada apresentou várias ideias da sua moção de estratégia política que não fugirá à sua linha de governação, caso vença as eleições.

O líder da ADI destacou a reforma do mecanismo de protecção social, com o intuito de corrigir as anomalias sociais e produzir uma maior justiça social, bem como o crescimento económico, através de uma serie de reformas do sistema fiscal, favorecendo o investimento, a iniciativa empresarial e a expansão dos negócios.

Devido à escassez de recursos internos e fraca capacidade de mobilização de créditos externos concessionais, Patrice Trovoada elege a "parceria público-privada como instrumento privilegiado para a realização de infraestruturas económicas e sociais de que o país necessita".

Trovoada salientou a necessidade de se construir um hospital de referência no país que possa diminuir as despesas com as evacuações médicas para Portugal, mas também que sirva outros países da região do Golfo da Guiné e não só: "É uma prioridade, porque não se pode garantir a saúde dos são-tomenses sem um verdadeiro hospital de referência e não se pode também oferecer segurança aos investidores e os turistas que procuram o nosso país".

A energia e água potável, acrecentou, são bens essenciais que devem ser melhorados, tal como as vias de comunicação interna e inter-ilhas para transporte seguro de pessoas e bens.

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"Justiça instrumentalizada" justifica ausência do país

Desde 2018 que Patrice Trovoada se encontra fora de São Tomé e Príncipe. Fala e dirige-se aos militantes através de mensagens gravadas ou nas redes sociais.

"Não é ainda o momento de termos aqui o doutor Patrice Trovoada", disse Américo Ramos, futuro secretário-geral do partido, no encontro realizado no Palácio dos Congressos. Ramos apontou o clima político reinante e a "justiça instrumentalizada" como as razões fundamentais da ausência do líder carismático da ADI, que descreve como uma figura de "amor e desamor" no xadres político são-tomense.

O líder da ADI, afirmou, "assusta sempre os poderes e interesses instalados. Os que acham que o país é o seu quintal". A mensagem foi recebida com aplausos dos militantes e simpatizantes do partido.

O antigo ministro das Finanças e Economia disse que não existem ainda condições para o regresso de Patrice Trovoada, lembrando que, na ocasião ele próprio foi "preso arbitrariamente" por algo que não cometeu.

 

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