Em São Tomé e Príncipe, o alemão foi reintroduzido como língua estrangeira no sistema do ensino. No arquipélago, o idioma esteve representado no currículo nacional até 1979.
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Esta terça-feira (06.10), arrancam oficialmente em São Tomé e Príncipe as aulas de alemão no ensino público e privado. São cerca de 300 estudantes candidatos em diferentes classes do ensino básico.
Zuleica Barbosa, estudante do décimo ano, diz que estudar a língua alemã é uma oportunidade ímpar para si. "É um grande sonho e o alemão tem crescido bastante nesses últimos meses", afirmou.
O alemão entra no leque das três línguas opcionais do sistema de ensino em São Tomé e Príncipe. As outras duas são francês e inglês. O ensino de alemão foi retomado em 2017, com a abertura do Departamento da Língua Alemã na Universidade Pública de São Tomé e Príncipe, que conta com sete professores, dois para o ensino superior e cinco para ensino secundário.
"Começamos em 2018 com apenas dois professores - um professor para dois liceus. Entramos no âmbito de um projeto. No ano passado, já tivemos um professor estrangeiro que coordena este projeto em três locais. Já é para nós uma meta muito grande", afirma Diana Cruz, coordenadora daquele departamento.
"Na universidade, temos um curso superior que forma professores futuros locais para lecionar nas escolas primárias e secundárias. Este ano, temos mais dois professores que podem lecionar o alemão no ensino secundário", acrescentou.
'Passo importante'
A reintrodução do alemão é considerada um passo importante, segundo Diana Cruz. "Para a Alemanha, já é um grande passo, porque reforça as cooperações bilaterais entre os dois países. A Alemanha agora disponibiliza mais bolsas [de ensino] para São Tomé e Príncipe. Isto foi mesmo importante para que a língua alemã fosse oficializada", sublinhou.
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Por sua vez, o cônsul da Alemanha em São Tomé e Príncipe, Manuel da Graça Lima de Nazaré, enaltece a iniciativa recordando que a Alemanha é uma das potências mundiais.
"A Alemanha é um país ao nível da Europa com maior poder financeiro. Mesmo ao nível mundial, são muitos apoios que temos conseguido no país, mesmo não sendo diretamente da Alemanha, mas através da União Europeia", diz.
O regresso das aulas de alemão foi recebido com entusiamo no sistema educativo nacional, explica Francisco Lima, diretor do Liceu Nacional, o maior estabelecimento de ensino de São Tomé e Príncipe.
"Nós sabemos que a língua alemã tem uma cotação económica, política e social bem elevada. É uma das línguas que os alunos andam à procura. Nós tínhamos o alemão no liceu nacional, era uma língua inclusive que os alunos exibiam, porque permite diferenciar-se entre inglês e francês. É bem-vinda a língua alemã no nosso país", disse.
A disseminação da língua alemã em São Tomé e Príncipe conta essencialmente com o apoio da fundação alemã Stephan Knabe.
Tchiloli: Uma tradição única em São Tomé e Príncipe
O Tchiloli é uma tradição secular em São Tomé e Príncipe. É a encenação de uma história sobre traição e amor, com dança e tambores, perante plateias maravilhadas. Mas teme-se que esta tradição possa desaparecer.
Foto: DW/R. Graça
A história do Tchiloli
Tchiloli é uma encenação histórica, sobre traição e amor. O príncipe D. Carloto assassina o amigo, Valdevinos, durante uma caçada. Tudo por causa de uma mulher, Sibila, casada com Valdevinos. E o Imperador Carlos Magno fica com uma tarefa ingrata em mãos: ter de condenar o próprio filho.
Foto: DW/R. Graça
Sede de justiça
Este é o Marquês de Mântua, tio de Valdevinos. Foi ele que encontrou o sobrinho a morrer, assassinado pelo príncipe. E prepara-se aqui para pedir que se faça justiça. O que fará o Imperador, o pai do príncipe D. Carloto?
Foto: DW/R. Graça
A corte do Imperador
Aqui está. Carlos Magno na sua corte, sem esquecer os óculos de sol. O Imperador condena o filho à morte pelo assassinato de Valdevinos. O príncipe D. Carloto recorre da sentença. Mas o Imperador não volta atrás na decisão. Para o Marquês de Mântua, tio de Valdevinos, faz-se justiça.
Foto: DW/R. Graça
O "rosto" do Tchiloli
João Taraveira é um dos rostos mais conhecidos das encenações do Tchiloli. Pertence ao grupo "Formiguinha da Boa Morte", um dos mais antigos de São Tomé e Príncipe, formado em 1956. Já percorreu o mundo em atuações. No país, há vários grupos de Tchiloli. Em cada atuação há dezenas de figurantes.
Foto: DW/R. Graça
Tradição única
O Tchiloli é uma tradição única e especial. Segundo alguns investigadores, a peça foi trazida para São Tomé e Príncipe no século XVI por "mestres" do açúcar, vindos da Madeira. Outros defendem que o Tchiloli foi trazido muito mais tarde, no século XIX. Mas o original foi entretanto adaptado. Os tambores e as danças, por exemplo, refletem muito da cultura e tradições de São Tomé e Príncipe.
Foto: DW/R. Graça
Ocasião especial
Quando há Tchiloli, é sempre especial. E Tchiloli na praça Yon Gato, em São Tomé, não acontece todos os dias. Quando acontece, reúne muita gente. Miúdos e graúdos juntam-se nas ruas para assistir ao espetáculo.
Foto: DW/R. Graça
Manter viva a tradição
No ano passado, a Rede Tchiloli começou a organizar um festival para manter viva esta tradição. Os grupos de Tchiloli pedem às autoridades são-tomenses mais apoios financeiros. As indumentárias e os instrumentos usados nas encenações são relativamente caros. E toda a ajuda é pouca. Teme-se que esta tradição possa desaparecer.
Foto: DW/R. Graça
Fim do preconceito
Durante muito tempo, o Tchiloli era tido como algo feito apenas por homens. Mas, pouco a pouco, tem-se desfeito esse preconceito. O Tchiloli da Cachoeira é o único no país em que todos os figurantes são raparigas. Ser figurante é exigente. São precisos muitos meses de preparação.