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Subida do nível do mar preocupa Guiné-Bissau

Braima Darame (Bissau)2 de dezembro de 2015

O especialista guineense Viriato Cassamá diz que, se o mundo ficar parado, "grande parte do território da Guiné-Bissau desaparecerá" devido à subida do nível das águas. Cassamá está na Cimeira do Clima de Paris, a COP21.

Foto: picture-alliance/dpa/ESA

Durante a cimeira de Paris sobre as alterações climáticas, que decorre até 11 de dezembro, o mundo ficou a saber da situação dramática da Guiné-Bissau. O país é, depois do Bangladesh, o segundo mais vulnerável à subida do nível do mar devido ao aquecimento do planeta - é o que atesta o Índice de Vulnerabilidade às Alterações Climáticas de 2014, elaborado pela Maplecroft, uma empresa especializada em análises de riscos.

Viriato Cassamá, técnico da Secretaria de Estado guineense do Ambiente, diz que os efeitos das mudanças climáticas são cada vez mais visíveis no país.

"Nós notamos isso só com as águas das chuvas deste ano", afirma. "A zona leste foi extremamente atingida. Houve inundações e os danos ao nível de bens e serviços são incalculáveis. A região de Biombo, na zona norte, também sofreu."

Segundo Cassamá, as perspetivas são ainda mais preocupantes se se contemplar as consequências da subida constante do nível médio das águas do mar. O técnico remete para as conclusões do "Africa's Adaptation Gap Report", publicado em 2013 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que apontam a Guiné-Bissau e Moçambique como os países africanos que sofreriam mais danos se a temperatura média global subisse 4 graus Celsius em relação aos níveis pré-industriais. Várias zonas ficariam inundadas, perder-se-iam terrenos para agricultura e habitação e muitos habitantes seriam forçados a deixar as suas casas.

Ativista da Greenpeace vestido de urso polar em protesto contra o aquecimento global, na véspera da Cimeira do Clima de ParisFoto: Reuters/D. Becerril

"Com uma pequena subida do nível das águas do mar, que poderá ser causada pelo aumento da temperatura e degelo, grande parte do território da Guiné-Bissau desaparecerá, porque o nosso país é costeiro e é baixo", diz Viriato Cassamá. "Isso ainda é exacerbado pela falta de capacidade técnica e capacidade financeira do país para fazer face a estas inclemências do clima."

Florestas

Pela primeira vez na História, a Guiné-Bissau está representada na Conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas ao nível do seu chefe de Estado. O país mostra-se determinado em alcançar um compromisso mundial para a redução das emissões de gases com efeito estufa.

Um dos contributos de Bissau, segundo o técnico da Secretaria de Estado do Ambiente, poderá ser a reflorestação das matas guineenses.

"Penso que o país deve apostar muito na gestão sustentável das florestas, porque é uma vantagem comparativa que a Guiné-Bissau tem nessas negociações internacionais no âmbito da mitigação de gases com efeito de estufa."

A propósito da proteção do meio ambiente, o especialista guineense nota ainda que "grande parte" da agricultura praticada no país "é biológica, sem químicos e com adubos orgânicos".

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Cassamá refere que as autoridades guineenses se começam a preocupar com os compromissos do país em relação às mudanças climáticas. Há documentos estratégicos sobre o tema - o próprio documento de estratégia nacional de redução da pobreza aborda a influência das alterações climáticas, nota o técnico, que gostaria agora de ver o assunto contemplado no Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2016.

Segundo Viriato Cassamá, só com um investimento mais robusto dos Estados desenvolvidos para com os em vias de desenvolvimento é possível reduzir os efeitos nefastos das alterações climáticas.

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