1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Subida dos preços asfixia população no Moxico

Georgina Malonda
16 de junho de 2023

Galopante subida do preço dos produtos da cesta básica deixa a população do Moxico, no leste de Angola, sem esperança no futuro e sem confiança nas políticas do Executivo. Governante pede mais fiscalização do mercado.

Os relatos de insatisfação por parte da população no que tange à alteração dos preços dos bens alimentares nos mercados formais e informais do Moxico continuam a aumentar.

O estudante Jedel Tarsis acredita que a desvalorização do kwanza, a distância e a degradação das estradas são três dos fatores na base do problema.

"Os preços subiram, tanto na área alimentar como na área da construção, e a informação que ouvimos é que foi através do dólar, então eis o motivo dos preços também subirem", relata.

Vendedores tentam a sua sorte num mercado no Moxico, AngolaFoto: Georgina Malonda/DW

"Por outro lado, ouvimos também a subida do preço da gasolina e isso também influenciou. Uma vez que o nosso Presidente [João Lourenço] disse que o leste fica mais distante, então eis o motivo das coisas chegarem aqui e o preço ser exorbitante. Acredito que no Huambo o preço é mais acessível e cá, no Luena, é mais caro através das vias", frisou.

Governo deve estar atento

À DW, o professor Manuel Sapalo pede "mais consideração" por parte dos governantes.

"Comprávamos o arroz a 8 mil kwanzas (cerca de 11 euros), mas agora está a 12 mil kwanzas (16 euros); o óleo também está nos 14 mil (20 euros)", lamenta, admitindo que a subida do custo de vida está a asfixiar os angolanos.

"A maior parte da população é desempregada e está a ser muito complicado para os que não trabalham e até para os que trabalham. [É preciso] que o Governo preste atenção à população", advertiu.

Moeda angolana, o Kwanza, tem perdido valor face ao dólar, que por sua vez também tem desvalorizado nos mercados internacionaisFoto: DW/V. T.

A vendedora Amélia Mendes clama pelo abrandamento dos preços dos produtos da cesta básica. "O Governo também tem que ver as condições que o povo está a passar, porque com a subida do preço da cesta básica o povo também não vai estar bem. Tem que baixar pelo menos os preços ou melhorar as estradas, baixar o dólar, para o povo ficar alegre porque assim também não está bom", recomenda.

Mais fiscalização

Para Agrione Manuel, presidente da Câmara e Comércio no Moxico, a volatilidade do valor da moeda estrangeira é apontada como um dos fatores da alteração de preços dos bens.

Subida dos preços asfixia população no Moxico

This browser does not support the audio element.

"Se até amanhã verificarmos que o dólar baixa, por exemplo, a 50 mil kwanzas (quase 70 euros) ou 60 mil kwanzas (82 euros), vamos dar conta também que os preços vão alterar-se", admite.

Face à realidade, estamos perante um período de inflação? "Sim", responde. "Se olharmos para o Kwanza, está a perder o seu valor em detrimento da moeda estrangeira, logo estaremos a olhar para um indicador de inflação", sublinha. "E aqui lanço um repto ao Gabinete de Desenvolvimento Económico que nessa altura deve colocar a mão pesada na inspeção dos preços", sugere.

O comércio no Moxico é exercido predominantemente por cidadãos do Mali e Eritreia, que diariamente faturam em média cerca de 500 mil kwanzas, perto de 700 euros, com a venda de bens.

Angola: Convocada manifestação para sábado contra "abusos"

17:39

This browser does not support the video element.