Sudão do Sul: Adiamento para formar governo é "fundamental"
Simon Wudu Waakhe | bd | com agências
8 de maio de 2019
É o que diz o enviado especial da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento da África Oriental (IGAD), que supervisiona o processo de paz no Sudão do Sul. Ministros da região debatem o prolongamento.
Publicidade
Os chefes da diplomacia de seis países da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento da África Oriental (IGAD, na sigla em inglês), discutem desde terça-feira (07.05) em Juba, capital do Sudão de Sul, como impulsionar o acordo de paz assinado em setembro de 2018.
A reunião de dois dias foi convocada depois de, na semana passada, o Presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, e o líder da oposição armada, Riek Machar, estenderem por seis meses o prazo para a formação de um governo transitório de unidade nacional, até 12 de novembro.
Sudão do Sul: Adiamento para formar governo é "fundamental"
Kiir dirigiria esse governo de transição e Machar deverá tornar-se um dos vice-presidentes. Este Executivo deverá ficar no poder durante 36 meses até à realização de eleições.
Espera-se agora que os ministros do IGAD apoiem o consenso alcançado pelas partes em conflito no Sudão do Sul.
Segundo Ismail Wais, enviado especial da organização da África Oriental, a extensão do prazo é "fundamental" para que as partes "continuem a solidificar a confiança".
Além disso, acrescenta Wais, o prolongamento incentiva o regresso de mais refugiados e deslocados internos, dando também "mais tempo para a mobilização de recursos necessários".
Desafios continuam
Mas vários desafios continuam a impedir o normal funcionamento das instituições e põem em causa os mecanismos de cumprimento do acordo de paz. As partes em conflito ainda não conseguiram implementar as medidas de segurança previstas no acordo e analistas temem que o processo volte a colapsar.
Sudão do Sul: Moda em tempos de guerra
01:25
Os chefes da diplomacia do Djibuti, Etiópia, Quénia, Somália, Sudão e Uganda deverão deliberar sobre os desafios de financiamento para a implementação do acordo de paz. O enviado da IGAD, Ismail Wais, pediu aos ministros reunidos em Juba que apresentem medidas mais duras que garantam que as fações do sul do Sudão cumprem o que prometeram.
Augustino Njoroge, presidente interino da Comissão Reconstituída de Monitoramento e Avaliação Conjunta (RJMEC, na sigla em inglês), que supervisiona o processo de paz, salienta que, para resolver as questões em aberto, serão necessários compromissos.
"O nosso foco agora deve ser a liderança das partes, que têm que demonstrar vontade política para garantir que as instituições e mecanismos do acordo relacionados com a segurança sejam cumpridos", afirma Njoroge.
As partes em conflito pedem 285 milhões de dólares para implementar o acordo de paz - em particular, os acordos de segurança. Os dois lados formaram um governo de unidade nacional em 2016, que caiu poucos meses depois, por o país voltar a ser palco de violência.
Os novos Patrimónios Mundiais africanos
O local arqueológico de Thimlich Ohinga, no Quénia, é o acréscimo mais recente à lista dos Patrimónios Mundiais da UNESCO em África. Conheça esta e outras adições dos últimos anos.
Foto: National Museums of Kenya
Thimlich Ohinga, Quénia
Pedras sob pedras, sem argamassa - mesmo assim, mantiveram-se nos últimos 500 anos. As paredes de pedra de Thimlich Ohinga, no Quénia, são dos mais importantes locais arqueológicos do leste de África. Testemunham o engenho das comunidades pastoris que se fixaram na região do lago Vitória a partir do séc. XVI. É uma das mais recentes adições à lista dos Patrimónios Mundiais da UNESCO.
Foto: National Museums of Kenya
Lago Turkana, Quénia
O lago Turkana já está há muitos anos na lista da UNESCO. Mas, na sua reunião de junho e julho, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura classificou o lago queniano como património em risco. A barragem de Gibe III, na Etiópia, ameaça o fluxo de água e o ecossistema no lago Turkana.
Foto: picture alliance/Bildagentur-online/Rossi
Centro histórico de Mbanza Congo, Angola
Angola festejou em 2017 o seu primeiro Património Mundial da Humanidade: o centro histórico da cidade de Mbanza Congo, no noroeste do país, junto à fronteira com a República Democrática do Congo. Foi tem tempos o centro político e espiritual do antigo Reino do Congo, entre o séc. XIV e XIX. No séc. XV, os portugueses construíram casas de pedra ao estilo europeu.
Foto: INPC/Joost De Raeymaeker
A igreja mais antiga de África?
A cidade também é conhecida pelas ruínas de uma catedral, construída no séc. XVI. Alguns angolanos dizem que esta será a igreja mais antiga de África. Segundo a comissão da UNESCO, "mais do que outros locais na África subsaariana, Mbanza Congo espelha as mudanças profundas causadas pela cristianização e pela chegada dos portugueses [à região]".
Foto: INPC/Joost De Raeymaeker
Asmara, capital da Eritreia
Asmara fica num planalto, a mais de 2.000 metros acima do nível do mar. De 1890 a 1941, a Eritreia foi uma colónia italiana. Asmara serviu como posto-avançado dos italianos e, mais tarde, o Governo fascista de Mussolini ampliou a cidade. Asmara também está na lista dos Patrimónios Mundiais da UNESCO desde 2017.
Foto: DW/Y.Tegenewerk
Património colonial
São sobretudo as partes da cidade que foram construídas sob domínio italiano, a partir de 1893, que são Património Mundial - incluindo edifícios governamentais e de habitação, cinemas, mesquitas e sinagogas, além desta igreja católica eritreia de Nossa Senhora do Rosário. Fazem também parte os bairros locais de Arbate Asmera e Abbashawel.
Foto: DW/Y.Tegenewerk
"Cidade modernista"
Edifícios como este, em estilo Art Déco, também impressionaram a UNESCO em 2017. Asmara é um "exemplo excepcional de um modernismo urbanista precoce no início do séc. XX aplicado ao contexto africano", afirmou a comissão da UNESCO.
Foto: picture alliance/robertharding
Paisagem Cultural de Khomani, África do Sul
A paisagem cultural de Khomani fica no norte da África do Sul, perto da fronteira com o Botswana e a Namíbia. O local entrelaça-se com o Parque Nacional Kalahari Gemsbok. Nas dunas foram encontrados restos mortais humanos da Idade da Pedra. Estão ligados à cultura do povo Khomani San, que era nómada.
Foto: picture alliance/AP Photo/O. Zilwa
Estilo de vida único
O local tem testemunhos da história, da migração, da forma de sustento e da memória coletiva do povo San, que conseguiu sobreviver no clima adverso do deserto. Segundo a UNESCO, a paisagem cultural é "testemunho de um estilo de vida que moldou a região durante milhares de anos" e que a molda ainda hoje.
Foto: FOP Films/Francois Odendaal Productions
Parques marítimos do Sudão
Sanganeb, no Mar Vermelho, é Património Mundial da UNESCO desde 2016. O recife de corais fica a 25 quilómetros da costa sudanesa. A este património pertencem também a baía de Dungonab e a ilha de Mukkawar, a 125 quilómetros da cidade costeira de Bur Sudan. Este ecossistema é constituído por recifes de corais, vegetação marinha e árvores de mangue, e é a casa de aves, tubarões e tartarugas.
Foto: Sudan Delegation to UNESCO/Hans Sjoholm
Ennedi Massif, Chade
A planície de Ennedi Massif, no nordeste do Chade, também foi considerada Património Natural e Mundial da UNESCO em 2016. Com o passar do tempo, o vento e a água esculpiram uma paisagem impressionante, com falésias, desfiladeiros e formações rochosas. É aqui que se encontra a maior galeria em formações rochosas do Sahara: no arenito foram raspados milhares de desenhos - testemunhos do passado.
Foto: Tilman Lenssen-Erz
Delta do Okavango, Botswana
No norte do Botswana, o rio Okavango espraia-se por milhares de quilómetros quadrados - parte da água infiltra-se no subsolo ou evapora. O delta interior abriga muitas espécies em extinção: chitas, rinocerontes, cães selvagens africanos e leões. O delta do Okavango é Património Natural da Humanidade desde 2014.