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Sudão do Sul: Líder rebelde toma posse como vice-presidente

kg | Lusa | AFP | Reuters | EFE
22 de fevereiro de 2020

Riek Machar assumiu o cargo depois de o Presidente Salva Kirr ter formado um Governo de unidade nacional. Acordo entre as partes põe fim aos cinco anos da guerra civil que matou 400 mil pessoas.

Riek Machar (à esq.) e Salva Kirr (à dir.) alcançaram acordo para pôr fim à guerra civil no Sudão do Sul Foto: AFP/A. McBride

O líder rebelde do Sudão do Sul, Riek Machar, assumiu este sábado (22.02) o cargo de primeiro vice-presidente do país numa tentativa de cumprimento do acordo de paz assinado entre o Governo e a oposição armada em setembro de 2018.

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01:27

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Machar entra para o Governo de coalizão depois de o Presidente sul-sudanês, Salva Kiir, ter dissolvido esta sexta-feira (21.02) o antigo gabinete para formar um novo Executivo. De acordo com a rádio estatal sul-sudanesa, "o Presidente Kiir emitiu um decreto presidencial para dispensar todos os ministros do Governo Federal".

A cerimônia de posse do líder rebelde aconteceu com a presença do presidente do Sudão, Abdel Fattah al-Burhan, além de representantes dos governos de Uganda e África do Sul.

"Para o povo do Sudão do Sul quero garantir que trabalharemos juntos para acabar com seu sofrimento", disse Riek Machar após prestar juramento. "A formação deste Governo dá-nos esperança de que haja um novo impulso para acabar com o sofrimento do povo do Sudão do Sul e um caminho para uma paz sustentável", acrescentou.

Machar e três dos quatro vice-presidentes que também foram nomeados e fazem parte do antigo grupo de oposição prometeram cumprir as obrigações junto ao novo Executivo formado. Um quinto vice-presidente ainda deverá ser designado pelas facções rebeldes armadas.

O acordo para a formação de um governo de coligação foi alcançado na quinta-feira (20.02), quando Riek Machar concordou com Salva Kiir que, após a formação do Governo, seriam resolvidas quaisquer questões pendentes estabelecidas no acordo de paz. Este sábado era a data limite definida no tratado de paz para que fosse formado um governo de unidade no Sudão do Sul.

Governo inchado

O Governo de Transição da União Nacional vai ser composto por um Presidente, cinco vice-presidentes, 35 ministros e 10 ministros adjuntos. A oposição armada terá nove ministérios, enquanto Kiir manterá 26 pastas. No fim de semana passado, ficou estabelecida a redução do número de estados do país, de 32 para 10, mesmo número que existia em 2011, quando o país alcançou a sua independência. Essa era uma das maiores exigências dos grupos da oposição.

A guerra civil no Sudão do Sul deixou 400 mil mortosFoto: picture-alliance/Photoshot/Xinhua/G. Julius

Este é considerado um passo crucial para pôr fim à guerra civil de cinco anos que matou quase 400 mil pessoas no Sudão do Sul. As duas partes já tinham falhado por duas vezes o cumprimento do prazo para a formação do Governo de transição conjunto, que se deverá manter até às próximas eleições, dentro de três anos.

A guerra civil no Sudão do Sul eclodiu dois anos depois de a nação ter celebrado uma longa luta pela independência do Sudão, tornando-se a nação mais jovem do mundo. O conflito prejudicou gravemente a economia do país, rico em petróleo, e a fome afetou cerca de metade da população.

Os principais desafios do processo de paz permanecem, incluindo o delicado processo de integração de dezenas de milhares de antigas forças rivais num exército unido. Esse processo tem sido marcado por atrasos. Abusos generalizados, como o recrutamento de crianças-soldado e a violência sexual, continuam a ocorrer.

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