Sudão do Sul e Mali promovidos em Feira de Turismo em Berlim
11 de março de 2016 Atrair turistas pode revelar-se uma tarefa difícil para alguns países africanos presentes na exposição. Ao lado de destinos turísticos de topo do continente, países que atravessam períodos de conflito, como o Sudão do Sul ou o Mali, tentam também promover o turismo nacional, no maior evento a nível mundial dedicado ao setor.
A embaixadora do Sudão do Sul na Alemanha, Sitona Abdalla Osman, não teme o desafio: “Temos muitas coisas para mostrar à comunidade internacional e ao público interessados em turismo. Não se trata apenas de animais, trata-se também da paisagem, da agricultura, as florestas, o rio Nilo. Temos muito para mostrar".
No stand do Sudão do Sul, sob o slogan “Um destino de férias por descobrir”, os funcionários distribuem panfletos com imagens do rio Nilo, pássaros coloridos e um pastor de traje tradicional a vigiar as suas vacas. Um paraíso turístico. Mas os panfletos não mostram o outro lado do país.
Desde 2012, que o Sudão do Sul é palco de um violento conflito entre as tropas do Governo e os rebeldes ligados ao ex-vice-Presidente Riek Machar. Mais de 50 mil pessoas morreram. Os países ocidentais emitiram comunicados alertando os cidadãos para os perigos de viajar para o Sudão do Sul.
Ainda assim, a embaixadora sul-sudanesa na Alemanha tenta contrariar esta imagem negativa na Feira Internacional de Turismo de Berlim. “É melhor para todos verem com os seus próprios olhos em vez de lerem apenas o que dizem os meios de comunicação. Garanto, é um país pacífico. Muitas pessoas vieram ver. Abriram muitas embaixadas e recebemos muitas personalidades. Até o secretário-geral da ONU esteve no Sudão do Sul na semana passada, e esteve seguro. Se Ban Ki-moon vem de forma segura, podem vir também", garante Sitona Abdalla Osman.
O Sudão do Sul, um dos países mais pobres do mundo, precisa urgentemente de mais turistas. A embaixadora acredita que o setor pode ajudar a diversificar a economia sul-sudanesa, criar postos de trabalho e recursos.
Ainda existe turismo no Mali
A poucos metros do Sudão do Sul está o stand do Mali. O país já foi um destino de eleição para os turistas mais aventureiros. A cidade de Tombuctu, em pleno deserto do Sahara, e o Festival do Deserto,o mais remoto festival de música do mundo, atraem visitantes de todos os pontos do planeta.
Em 2012, a insurgência islâmica tomou o controlo do norte do Mali, levando à intervenção militar francesa no ano seguinte. Desde então, os radicais islâmicos reagruparam-se e lançaram uma série de ataques no país. Em novembro de 2015, militantes armados atacaram um hotel na capital, Bamako, fazendo mais de 150 reféns entre hóspedes e funcionários.
Há um ano, o Governo maliano criou a agência de Promoção de Turismo. A diretora-geral, Fatoumata Ouattara, diz que o Mali quer mostrar que ainda existe e que os turistas ainda podem visitar o país, tendo em atenção a situação de segurança: "depende da parte do país que se visita. A região sul é segura, os turistas podem vir. Mas a região norte não é muito segura".
Eritreia - "3 estações do ano em duas horas"
“Visite a Eritreia – 3 estações do ano em duas horas” é o slogan do stand da Eritreia. O país do corno de África também não tem uma imagem positiva entre a comunidade internacional.
Cerca de 5 mil eritreus fogem todos os meses daquele que é considerado um dos regimes mais repressivos do continente e que se encontra sem oposição política, sociedade civil ou meios de comunicação independentes.
Na ITB, no entanto, a imagem do país é outra. As paredes do stand da Eritreia mostram um comboio a vapor que atravessa um cenário verdejante e os funcionários, nos trajes brancos tradicionais, distribuem panfletos e postais.
Samuel Gebremariam, um operador turístico da capital, Asmara, afirma que os relatos negativos sobre o país não afastam os turistas da Eritreia. “É um bom país para recém-casados, temos boas ilhas para a lua de mel. Pessoas mais velhas, que querem aproveitar a luz, o clima, o nascer do sol. Mesmo arqueólogos, temos edifícios com mil anos, por isso é bom para arqueólogos também".