O Presidente do Sudão do Sul anunciou este sábado (15.02) que o país voltará a ter apenas dez estados, uma exigência feita pela oposição, abrindo caminho para a formação de um governo de unidade e o fim da guerra civil.
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O Presidente do Sudão do Sul anunciou este sábado (15.02) que o país voltará a ter apenas dez estados, uma exigência feita pela oposição, abrindo o caminho para a formação de um governo de unidade e o fim da guerra civil. "Acabamos de assumir um compromisso no interesse da paz (...), espero que a oposição faça o mesmo", disse o Presidente Salva Kiir, após uma reunião altos funcionários do Governo e militares, em Juba.
"Esta decisão pode não ser a melhor escolha para o nosso povo, mas será para a paz e a unidade do país e a Presidência considera-a necessária", afirmou o Governo sul-sudanês num comunicado.
Salva Kiir e o líder rebelde Riek Machar estão sob pressão para resolver as suas diferenças até 22 de fevereiro, quando deverá ser formado um governo de unidade nacional como parte do acordo de paz.
O número de estados regionais e o delineamento de suas fronteiras foram os principais obstáculos nas negociações para a formação desse governo.
Já por duas vezes, Kiir e Machar falharam em cumprir o prazo determinado para formar um governo de unidade e encerrar uma guerra civil que matou mais de 380.000 vidas desde 2013 e causou uma crise humanitária catastrófica.
Quando conquistou a independência do Sudão em 2011, o Sudão do Sul tinha apenas dez estados, de acordo com sua Constituição. Kiir aumentou para 28 estados em 2015 e depois para 32, uma medida e vista como uma maneira de o Presidente aumentar o número de aliados colocados em cargos de responsabilidade.
As conversações realizadas na semana passada, na Etiópia, não conseguiram resolver as suas diferenças, mas o anúncio feito este sábado (15.02) pelo Presidente Kiir respondeu a uma das principais exigências de Machar. Riek Machar ainda não reagiu ao anúncio do Presidente Salva Kiir.
O Sudão do Sul entrou em guerra civil em 2013 quando Kiir, da etnia dinka, acusou Machar, o seu ex-vice-Presidente, da etnia nuer, de planear um golpe de Estado. A assinatura de um acordo de paz em setembro de 2018 reduziu os combates no Sudão do Sul, mas a comissão de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) lamentou o aumento da violência armada e dos abusos dos direitos humanos nos últimos meses.
Países africanos que mais violam a liberdade de imprensa
Gana é o país africano mais bem classificado no "<i>Ranking</i> Mundial da Liberdade de Imprensa" dos Repórteres sem Fronteiras. A Eritreia é o pior em África e, a nível mundial, só é melhor que a Coreia do Norte.
Foto: Esdras Ndikumana/AFP/Getty Images
Eritreia - posição 179º lugar
A liberdade de imprensa é considerada "não existente". Em 2001, uma série de medidas repressivas contra <i>media</i> independentes levaram a uma onda de detenções. O Presidente Isaias Afeworki é visto como um “predador” da liberdade de imprensa e usa os meios de comunicação nacionais como seus porta-vozes. Escritores, locutores e artistas são censurados e a informação é escondida dos cidadãos.
Foto: picture-alliance
Sudão - 174º lugar
Na capital Cartum, pratica-se a chamada “censura pré-publicação". O Governo detém jornalistas arbitrariamente e interfere abertamente na produção de notícias. A "Lei da Liberdade de Informação de 2015" é vista como uma outra forma de exercer controlo governamental sobre a informação pública. Os jornalistas têm de passar por um teste e obter uma permissão para trabalhar.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
Burundi - 159º lugar
Repressão estatal contra a liberdade de imprensa e intimidação de jornalistas é comum no país. <i>Media </i> controlados pelo Estado substituem cada vez mais estações de rádio independentes, depois de a maior parte delas ter sido forçada a fechar, após uma tentativa de golpe de estado há três anos. Centenas de jornalistas fugiram do país desde 2015. Na foto, protesto de jornalistas no país.
Foto: Esdras Ndikumana/AFP/Getty Images
República Democrática do Congo - 154º lugar
Defensores dos <i>media</i> falam em jornalistas mortos, agredidos, detidos e ameaçados desde que Joseph Kabila sucedeu ao pai na presidência do país em 2001. Orgãos de comunicação internacionais queixam-se que o Governo interfere nos sinais de rádio ou corta mesmo a transmissão. Protestos da oposição levaram as autoridades a interromper ou cortar o acesso à Internet.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
Suazilândia - 152º lugar
Esta monarquia absoluta tem a reputação de obstruir o acesso à informação e impedir os jornalistas de fazerem o seu trabalho. Os <i>media</i> estão sujeitos a leis restritivas e repórteres são frequentemente chamados a tribunal pelo seu trabalho. Auto-censura é comum. Um editor saiu recentemente do país depois de fazer uma reportagem sobre negócios obscuros ligados ao Rei Mswati III (na foto).
Foto: picture-alliance/dpa
Etiópia - 150º lugar
O Governo tem uma mordaça sobre os órgãos de comunicação e os jornalistas trabalham sobre condições muito restritivas. Com a Eritreia, este país tem uma das mais altas taxas de jornalistas detidos na África subsariana. Na foto, o jornalista etíope Getachew Shiferaw, que foi condenado a 18 meses de prisão por ter falado com um dissidente.
Foto: Blue Party Ethiopia
Sudão do Sul - 144º lugar
Os jornalistas são obrigados pelo Governo a evitar fazer cobertura do conflito. Órgãos de comunicação internacionais denuciaram casos de assédio e foram banidos deste jovem país, onde pelo menos 10 jornalistas foram mortos desde 2011. Na foto, dois jornalistas do Uganda que tinham sido detidos por autoridades no Sudão do Sul.
Foto: Getty Images/AFP/W. Wudu
Camarões - 129º lugar
O Governo chamou às redes sociais uma “nova forma de terrorismo”, e bloqueia frequentemente o acesso às mesmas. Emissões de rádio e televisão foram bloqueadas duas semanas em março, durante o período eleitoral. Jornais que publicam conteúdos que desagradam políticos no poder são banidos e jornalistas e editores são detidos.
Foto: picture alliance/abaca/E. Blondet
Chade - 123º lugar
Os jornalistas arriscam-se a detenções arbitrárias, agressões e intimidações. Nos últimos meses, o Governo tem vindo a reprimir plataformas de <i>social media</i> e ciber-ativistas. A Internet tem estado bloqueada no país desde 28 de março, no seguimento de um “apagão” da Internet devido a manifestações da sociedade civil e protestos dos órgãos de comunicação num chamado “dia sem imprensa”.
Foto: UImago/Xinhua/C. Yichen
Tanzânia - 93º lugar
Críticos dizem que o Presidente John Magufuli tem vindo a atacar a liberdade de expressão deliberadamente, desde que tomou posse em 2015. Jornalistas foram presos ou dados como desaparecidos. Orgãos de comunicação social foram fechados ou impedidos de publicar durante longos períodos de tempo. Leis que podem ser usadas contra os <i>media</i> foram apertadas.