No Sudão do Sul, espera-se que um novo acordo ponha fim à guerra civil que assola o país há 5 anos. O Presidente Salva Kiir e Riek Machar, líder da opositora fação rebelde, vão partilhar o poder no Governo e Parlamento.
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O acordo entre o Presidente sul-sudanês Salva Kiir e o líder do grupo rebelde Riek Machar foi anunciado em Cartum, capital do Sudão, que desde junho tem acolhido as reuniões com vista à paz no Sudão do Sul.
"Segundo este acordo, o Presidente Salva Kiir vai liderar o Governo do Sudão do Sul durante o período de transição e o Dr. Riek Machar será o primeiro vice-presidente durante o período de transição. Além do Dr. Riek Machar, haverá mais quatro vice-presidentes de todos os partidos políticos", explicouAl-Dirdiri Mohamed Ahmed é o Ministro do Negócios Estrangeiros do Sudão.
Sudão do Sul: Será este o acordo da paz?
Acordo ainda é preliminar
O acordo definitivo só será selado a 5 de agosto. Depois, o Presidente sul-sudanês Salva Kiir e o líder dos rebeldes Riek Machar terão três meses para formar o Governo de transição que ficará no poder durante três anos.
O acordo especifica ainda a composição do Governo e Parlamento. O Governo deverá ser composto por 35 Ministros. Vinte do lado do Presidente Kiir, 9 de Machar e os restantes pertencentes a outros grupos políticos. Já o Parlamento será composto por 550 deputados: 332 da parte de Kiir e 128 do lado de Machar. Para já, não ficou especificado de que forma será partilhado o poder a nível regional e local.
Segundo Michael Makuei, Ministro da Informação do Sudão do Sul este passo representa uma grande conquista.
"Trouxemos paz ao povo do Sudão do Sul e vamos continuar a trabalhar muito para assegurar que este acordo é implementado plenamente" , disse aos jornalistas. Makuei apelou ainda ao apoio da comunidade internacional para o povo do sudão do Sul no seu caminho para a paz.
Ceticismo
Apesar destas palavras, há lugar para ceticismo. Em 2015, já tinha sido assinado um acordo parecido, até que conflitos violentos no país voltaram a rebentar em julho de 2016, levando o líder da oposição a fugir do país.
A 7 de julho deste ano, também tinha sido assinado um cessar de fogo permanente entre Kiir e Machar, que foi quebrado horas depois.
Dado o historial, a comunidade internacional permanece reticente. A história do Sudão do Sul como país é marcada pela violência da guerra civil que dura há 5 anos já causou morte a dezenas de milhares de pessoas e fez com que mais de 2 milhões fugissem do país.
Sudão do Sul: Crianças da zona de guerra
No Sudão do Sul, deslocados internos são acolhidos nos campos de proteção das Nações Unidas. Muitos são crianças sem os pais. A Nonviolent Peaceforce (NP), uma organização não-governamental, tem ajudado essas crianças.
Foto: DW / F. Abreu
Entre os deslocados, pais desaparecidos
Mais de 30.000 pessoas vivem nos campos de acolhimento das Nações Unidas em Juba, capital do Sudão do Sul. Cerca de 7.000 são crianças que perderam contacto com os pais. Agora, a ONG Nonviolent Peaceforce está tentando reunir as famílias.
Foto: DW / F. Abreu
Encontrando as famílias
O primeiro passo é definir a identidade da criança. Em seguida, recolhe-se o máximo de informações possíveis que possam ajudar a localizar os pais. Os dados ficam então disponíveis na internet e podem ser acessados por todas as organizações que trabalham pela protecção das crianças no Sudão do Sul. Se uma família não pôde ser localizada, as crianças são encaminhadas para adoção.
Foto: DW / F. Abreu
Forças de Paz femininas
No Sudão do Sul, a Nonviolent Peaceforce protege mulheres e crianças. Esses grupos raramente participam dos conflitos armados, mas são muito afetados. Por isso, a organização está a criar equipas femininas de luta pela paz. Essas mulheres são especialmente treinadas para combater a violência sexual e de gênero nas comunidades.
Foto: DW / F. Abreu
Mulheres pela Paz
Além de treinamento, as equipas de Mulheres pela Paz recebem acompanhamento constante. Elas ajudam outras mulheres vulneráveis nas comunidades contra a violência sexual, de gênero e também a identificarem os riscos. Em contacto com as autoridades, contribuem para que os culpados sejam levados à justiça.
Foto: DW / F. Abreu
Ulang, no Estado do Alto Nilo
A guerra civil começou como uma disputa política. Entretanto, reacendeu o conflito entre as etnias Dinka, do Presidente Salva Kiir; e Nuer, liderada pelo rebelde Riek Machar. Ulang, região localizada no Estado do Alto Nilo, é dominada pelos Nuer. Em maio de 2015, foi alvo das tropas do Governo. O resultado? Dezenas de pessoas mortas. A única área de paz tornou-se palco de mais um conflito.
Foto: DW / F. Abreu
Proteção para as crianças de Ulang
Em Ulang, a Nonviolent Peaceforce desenvolve um projeto de proteção para as crianças. Esse é um dos seis projetos dessa organização não-governamental no Sudão do Sul. Tais projetos variam de acordo com as necessidades locais. Em Ulang, por exemplo, voluntários da comunidade garantem o lazer e o esporte às crianças.
Foto: DW / F. Abreu
Futebol num antigo campo de batalha
Na escola primária Kopuot, em Ulang, as crianças que participam do projeto agora podem jogar futebol. O prédio ao fundo ainda tem as marcas de balas nas paredes. Uma triste lembrança de que, durante a ofensiva de maio, essa escola foi alvo das tropas do Governo.
Foto: DW / F. Abreu
De volta à escola
Em maio, durante a ofensiva do Governo, todos os materiais escolares e muitos outros materiais foram destruídos. Agora, em salas de aula improvisadas, luta-se para que as crianças da comunidade tenham acesso à educação. Autoria: Fellipe Abreu