Riek Machar, principal rival do Presidente, Salva Kiir,  foi preso na sua residência, arredores na capital Juba, de acordo com comissão de relações exteriores do Movimento Popular de Libertação do Sudão (SPLM-IO), na oposição.

Em comunicado, o SPLM-IO indica que um comboio de 20 veículos fortemente armados entrou na residência de Machar e prendeu-o.

"Condenamos veementemente as ações inconstitucionais tomadas hoje pelo ministro da Defesa e pelo chefe da Segurança Nacional, que, ao lado de mais de 20 veículos fortemente armados, entraram à força na residência do primeiro vice-presidente”, disse a declaração, que foi compartilhada no Facebook por Reath Muoch Tang, presidente da comissão de relações exteriores de seu partido.

"Os seus guarda-costas foram desarmados e foi-lhe entregue um mandado de captura com acusações pouco claras. Estão a ser feitas tentativas para o deslocar”, acrescentou.

Este incidente levanta sérios temores do escalar de um conflito que se tem vindo a desenvolver há semanas no país mais jovem do mundo.

Um acordo de partilha de poder entre Kiir e Machar tem vindo a desfazer-se gradualmente, ameaçando um regresso da guerra civil de cinco anos que matou cerca de 400.000 pessoas entre 2013 e 2018.

Riscos de uma guerra civil

A Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (UNMISS) disse esta quinta-feira que a detenção relatada deixou o país num precipício.

"Esta noite, os líderes do país estão à beira de uma recaída num conflito generalizado”, disse o chefe da UNMISS, Nicholas Haysom, num comunicado.

A violação do acordo de paz de 2018 "não só devastará o Sudão do Sul, mas também afetará toda a região”, acrescentou Haysom.

O Sudão do Sul - que declarou independência do Sudão em 2011 - continua a ser atormentado pela pobreza e pela insegurança desde o acordo de paz.

Os analistas dizem que Kiir, de 73 anos, está a tentar assegurar a sua sucessão e afastar politicamente Machar há meses através de remodelações no seu gabinete.

Mais de 20 aliados políticos e militares de Machar no governo de unidade e no exército foram também detidos desde fevereiro, muitos dos quais estão incomunicáveis.

Têm-se registado violentos confrontos entre as forças leais aos dois rivais, sobretudo no nordeste do condado de Nasir, no Estado do Alto Nilo.

Antes da detenção de Machar, Kiir reafirmou o seu "compromisso inabalável de restaurar a paz” após uma reunião com os líderes da igreja.