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Sudão e Sudão do Sul: contagem decrescente para possível acordo de paz

30 de julho de 2012

Até 2 de Agosto, Sudão e Sudão do Sul têm de chegar a um acordo de paz. Esta semana, um grupo internacional de analistas e peritos reuniu-se em Bona para a conferência anual do Sudão.

A man waves the national flag of South Sudan during celebrations to mark the country's first anniversary of its independence in Juba, July 9, 2012. South Sudanese celebrating their nation's first birthday on Monday will bask in the pride of their hard-won political freedom, but many may ask when they will enjoy the material benefits promised by the government of former rebels. REUTERS/Adriane Ohanesian (SOUTH SUDAN - Tags: SOCIETY ANNIVERSARY POLITICS)
Südsudan Unabhängigkeit Feier 2012 FlaggeFoto: Reuters

2 de Agosto é o prazo concedido ao Sudão e ao Sudão do Sul pelas Nações Unidas e pela União Africana para um acordo que assegure a paz. Uma tarefa que não parece fácil, tendo em conta a quantidade de diferendos que opõe os países vizinhos: a partilha das receitas do petróleo, a localização exacta da fronteira comum e a segurança são apenas os mais importantes.

Pelo menos numa coisa todos os analistas e especialistas reunidos na conferência em Bona, Alemanha, foram unânimes: há boas perspectivas para um acordo entre os dois países até à data limite estabelecida. Porém, a maioria prefere não especular sobre a viabilidade de um eventual acordo.

Acordos anteriores não deram resultado, diz especialista

É o caso de Douglas Johnson, autor de numerosos livros sobre o Sudão e o Sudão do Sul, que trabalha na e sobre a região há quase quatro décadas.

No início de Julho, o ministro da Defesa sudanês, Abdelrahim Mohamed Hussein e o chefe das negociações de Juba, Pagan Amum, discutiram questões de segurancaFoto: Getty Images/AFP

Johnson lembra que os prazos impostos no passado sempre tiveram o mesmo resultado: "Chega-se a um acordo qualquer no papel, e diz-se que as modalidades e a implementação serão resolvidas mais tarde. Por outras palavras, não se trata de um verdadeiro acordo", afirma, explicando que "dada a situação actual na política interna no Sudão e as relações entre os dois países", nao considera "que a imposição de um prazo leve a soluções para os problemas muito graves".

Petróleo representa obstáculo no caminho para a paz

As negociações entre Cartum e Juba sobre alguns dos temas em questão começaram mesmo antes da independência do Sudão do Sul, em Julho do ano passado. Mas há sempre um impedimento qualquer.

A distribuição das receitas do petróleo é um exemplo. O Sudão exigiu pagamentos mais elevados para o uso das suas condutas. Após um longo impasse, o Sudão do Sul concordou num incremento e propôs um referendo sobre Abyei, a região contestada pelos dois países. Mas o norte responde de forma assaz tépida.

O vice embaixador do Sudão na Alemanha, Khalid Musa Dafalla, explica que "o transporte do petróleo do sul através do Sudão exige uma solução prévia para os problemas de segurança". "Não podemos cooperar no âmbito das receitas de petróleo, quando rebeldes estão a ser armados e as questões de segurança não estão a ser resolvidas", acrescenta.

Lucros provenientes do petróleo sao um ponto central na disputaFoto: Reuters

Guerra não é uma possibilidade

Oficialmente, Juba nega que apoia os rebeldes. Mas um certo apoio é altamente provável, porque os rebeldes da região do Nilo Azul e do Cordofão do Sul em tempos fizeram parte do exército de libertação do sul do Sudão (SPLM). E este movimento constitui agora o Governo em Juba. Os especialistas em Bona dizem que é pouco provável que Juba deixe de apoiar os seus velhos companheiros de armas em troca de um acordo sobre o petróleo.     

Enquanto os políticos nas capitais continuam de costas voltadas, os habitantes na zona fronteiriça não têm problemas de vizinhança.

Luka Biong Deng Kuong, ex-ministro do governo do Sudão do Sul, dirige uma organização de assistências às comunidades residentes perto da fronteira. "Alguns Sudaneses do norte arriscam a vida para trazer mercadoria para o Sul. A situação no terreno é muito diferente. As pessoas tentam levar uma vida normal", conta.

Apesar das dificuldades, há uma luz ao fundo do túnel para as pessoas que vivem na fronteira: pelo menos a sua situação não vai piorar. Os especialistas presentes na conferência em Bona concordam que nenhum dos dois lados está interessado numa guerra.


Autora: Daniel Pelz /Cristina Krippahl
Edição: Maria João Pinto /Madalena Sampaio

26.07 Sudão - MP3-Mono

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