Sudão: Omar al-Bashir vai a tribunal por corrupção
tms | AFP | AP | EFE
15 de junho de 2019
Omar al-Bashir vai a tribunal na próxima semana para enfrentar acusações de corrupção. A informação foi avançada este sábado (15.06) pelo procurador-geral do Sudão, que investiga mais figuras do antigo regime.
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O anúncio foi feito mais de dois meses depois que os militares derrubaram al-Bashir a 11 de abril, após meses de protestos em todo o país contra o regime de 30 anos.
Omar al- Bashir "comparecerá ao tribunal na próxima semana, após acusações de corrupção e posse de moeda estrangeira", disse Al-Waleed Sayyed Ahmed, sem especificar o dia. O procurador-geral acrescentou que a investigação lançada contra al-Bashir foi concluída.
Além disso, Ahmed disse que foram abertos "41 processos penais contra os símbolos do antigo regime", sem dizer quem são, e explicou que tais processos "estão relacionados com corrupção" e "posse de terras", e que "as medidas de detenção e investigação continuarão durante a semana que vem".
Na quinta-feira, uma autoridade sudanesa não identificada foi citada pela agência oficial de notícias SUNA como tendo dito que al-Bashir enfrentava acusações, incluindo "possuir fundos estrangeiros, adquirir riqueza suspeita e ilegal e orquestrar (o estado de) emergência".
Milhões escondidos em casa
Em abril, o general do Exército do Sudão, general Abdel Fattah al-Burhan, disse que mais de 113 milhões de dólares em dinheiro em três moedas diferentes foram retirados da residência de al-Bashir, sendo sete milhões de euros, 350 mil dólares e cinco mil milhões de libras sudanesas (o equivalente a 105 milhões de dólares).
Omar al-Bashir assumiu o poder em um golpe apoiado pelos islamistas em 1989. Desde então, o Sudão sofreu com altas taxas de corrupção durante o seu Governo. O país figurou em 172 na lista de 180 países no Índice de Perceção da Corrupção de 2018, da organização Transparência Internacional.
No último dia 5 de maio, Bashir, que governou o Sudão com mão de ferro durante três décadas, foi interrogado pela primeira vez pelas autoridades.
Violência
Num esforço para sufocar os protestos que surgiram contra seu Governo em dezembro, al-Bashir impôs um estado de emergência em todo o país em 22 de fevereiro. Em maio, a Procuradoria acusou Bashir pelos assassinatos de manifestantes durante as manifestações contrárias ao regime, o que levou à sua saída.
Entretanto, a crise política e a violência no país, após a queda de al-Bashir, persistem, com grupos da sociedade exigindo a transferência do poder para uma autoridade civil, ao invés do Conselho Militar que assumiu o país.
No último dia 3 de junho, as forças de segurança sudanesas entraram em confronto com cidadãos que estavam acampados em protesto em Cartum. Segundo os manifestantes, 100 pessoas morreram, mas as autoridades falam em 61 vítimas.
O principal diplomata dos Estados Unidos em África pediu uma investigação "independente e confiável" sobre a violenta dispersão militar em Cartum.
Os chefes de Estado há mais tempo no poder
São presidentes, príncipes, reis ou sultões, de África, da Ásia ou da Europa. Estes são os dez chefes de Estado há mais tempo no poder.
Foto: Jack Taylor/Getty Images
Do golpe de Estado até hoje - Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo assumiu a Presidência da Guiné Equatorial em 1979, ainda antes de José Eduardo dos Santos. Teodoro Obiang Nguema derrubou o seu tio do poder: Francisco Macías Nguema foi executado em setembro de 1979. A Guiné Equatorial é um dos países mais ricos de África devido às receitas do petróleo e do gás, mas a maioria dos cidadãos não beneficia dessa riqueza.
Foto: DW/R. Graça
O Presidente que adora luxo - Paul Biya
Paul Biya é chefe de Estado dos Camarões desde novembro de 1982. Muitos dos camaroneses que falam inglês sentem-se excluídos pelo francófono Biya. E o Presidente também tem sido alvo de críticas pelas despesas que faz. Durante as férias, terá pago alegadamente 25 mil euros por dia pelo aluguer de uma vivenda. Na foto, está acompanhado da mulher Chantal Biya.
Foto: Reuters
Mudou a Constituição para viabilizar a reeleição - Yoweri Museveni
Yoweri Museveni já foi confirmado seis vezes como Presidente do Uganda. Para poder concorrer às eleições de 2021, Museveni mudou a Constituição e retirou o limite de idade de 75 anos. Venceu o pleito com 58,6% dos votos, reafirmando-se como um dos líderes autoritários mais antigos do mundo. O candidato da oposição, Bobi Wine, alegou fraude generalizada na votação e rejeitou os resultados oficiais.
Foto: Getty Images/AFP/I. Kasamani
"O Leão de Eswatini" - Mswati III
Mswati III é o último governante absolutista de África. Desde 1986, dirige o reino de Eswatini, a antiga Suazilândia. Acredita-se que tem 210 irmãos; o seu pai Sobhuza II teve 70 mulheres. A tradição da poligamia continua no seu reinado: até 2020, Mswati III teve 15 esposas. O seu estilo de vida luxuoso causou protestos no país, mas a polícia costuma reprimir as manifestações no reino.
Foto: Getty Images/AFP/J. Jackson
O sultão acima de tudo - Haji Hassanal Bolkiah
Há quase cinco décadas que o sultão Haji Hassanal Bolkiah é chefe de Estado e Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio, das Finanças e da Defesa do Brunei. Há mais de 600 anos que a política do país é dirigida por sultões. Hassanal Bolkiah, de 74 anos, é um dos últimos manarcas absolutos no mundo.
Foto: Imago/Xinhua/J. Wong
Monarca bilionário - Hans-Adam II
Desde 1989, Hans-Adam II (esq.) é chefe de Estado do Liechtenstein, um pequeno principado situado entre a Áustria e a Suiça. Em 2004, nomeou o filho Aloísio (dir.) como seu representante, embora continue a chefiar o país. Hans-Adam II é dono do grupo bancário LGT. Com uma fortuna pessoal estimada em mais de 3 mil milhões de euros é considerado o soberano europeu mais rico.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Nieboer
De pastor a parceiro do Ocidente - Idriss Déby
Idriss Déby (à esq.) foi Presidente do Chade de 1990 a 2021. Filho de pastores, Déby formou-se em França como piloto de combate. Apesar do seu autoritarismo, Déby foi um parceiro do Ocidente na luta contra o extremismo islâmico (na foto com o Presidente francês Macron). Em abril de 2021, um apenas dia após após a confirmação da sua sexta vitória eleitoral, Déby foi morto num combate com rebeldes.
Foto: Eliot Blondet/abaca/picture alliance
Procurado por genocídio - Omar al-Bashir
Omar al-Bashir foi Presidente do Sudão entre 1993 e 2019. Chegou ao poder em 1989 depois de um golpe de Estado sangrento. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 2009 um mandado de captura contra al-Bashir por alegada implicação em crimes de genocídio e de guerra no Darfur. Em 2019, foi deposto e preso após uma onda de protestos no país.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
O adeus - José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos foi, durante 38 anos (de 1979 a 2017), chefe de Estado de Angola. Mas não se recandidatou nas eleições de 2017. Apesar do boom económico durante o seu mandato, grande parte da população continua a viver na pobreza. José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente acusado de corrupção e de desvio das receitas da venda do petróleo. A sua família é uma das mais ricas de África.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Novais
Fã de si próprio - Robert Mugabe
Robert Mugabe chegou a ser o mais velho chefe de Estado do mundo (com uma idade de 93 anos). O Presidente do Zimbabué esteve quase 30 anos na Presidência. Antes foi o primeiro-ministro. Naquela época, aconteceram vários massacres que vitimaram milhares de pessoas. Também foi criticado por alegada corrupção. Após um levantamento militar, renunciou à Presidência em 2017. Morreu dois anos mais tarde.