Sudão: Sobe para 29 o número de mortos em protestos
EFE | AFP | AP | Reuters | tms
25 de janeiro de 2019
Governo sudanês confirmou que subiu para 29 o número de vítimas fatais nos protestos contra o Presidente Omar al-Bashir. Organizações dos direitos humanos falam em 40 mortos.
Publicidade
Num comunicado divulgado na noite desta quinta-feira (24.01), a Procuradoria-Geral do Sudão confirmou que aumentou para 29 o número de mortos nos protestos que ocorrem desde dezembro do ano passado para pedir a renúncia do Presidente Omar al-Bashir. Até 12 de janeiro, 24 vítimas tinham sido confirmadas.
O presidente do Comité de Investigação dos Protestos da Procuradoria, Amre Mohammed Ibrahim, sem avançar detalhes, informou que um jovem de 24 anos morreu nas manifestações desta quinta-feira no distrito de Omdurman, vizinho à capital Cartum.
Entretanto, a organização não governamental Amnistia Internacional afirma que o número de vítimas da repressão violenta nas manifestações chega a 40.
A Associação de Profissionais Sudaneses, que lidera as manifestações, declarou no Facebook que foram organizados "mais de 30 protestos" em todo o país esta quinta-feira, os quais considerou os "mais gloriosos" desde que começaram as passeatas no Sudão.
Os protestos acontecem quase diariamente em vários pontos do Sudão desde 19 de dezembro, quando começaram devido à escassez de produtos básicos no mercado e o encarecimento dos mesmos, mas geraram um movimento contra o Governo.
Presidente acusa norte-americanos
O Presidente permanece desafiador e rejeitou os pedidos de renúncia, culpando a violência dos "infiltrados" entre os manifestantes. Bashir acusou os Estados Unidos de causar problemas económicos ao Sudão, quando o Governo norte-americano impôs um embargo comercial ao país em 1997, que só foi levantado em outubro de 2017.
Na última quarta-feira (23.01), Washington pediu uma investigação sobre a morte de manifestantes, alertando Cartum que a força excessiva contra os manifestantes e a intimidação da imprensa e ativistas colocariam em risco as relações.
"Um relacionamento novo e mais positivo entre os Estados Unidos e o Sudão requer uma reforma política significativa e um progresso claro e sustentado no respeito aos direitos humanos", disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Robert Palladino, em comunicado.
Al-Bashir, que liderou um golpe militar em 1989 que derrubou um Governo livremente eleito, mas ineficaz, disse repetidamente que qualquer mudança de liderança só poderia ocorrer através das urnas. Já é um dos líderes mais antigos da região, e deve concorrer a mais um mandato no próximo ano.
Os chefes de Estado há mais tempo no poder
São presidentes, príncipes, reis ou sultões, de África, da Ásia ou da Europa. Estes são os dez chefes de Estado há mais tempo no poder.
Foto: Jack Taylor/Getty Images
Do golpe de Estado até hoje - Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo assumiu a Presidência da Guiné Equatorial em 1979, ainda antes de José Eduardo dos Santos. Teodoro Obiang Nguema derrubou o seu tio do poder: Francisco Macías Nguema foi executado em setembro de 1979. A Guiné Equatorial é um dos países mais ricos de África devido às receitas do petróleo e do gás, mas a maioria dos cidadãos não beneficia dessa riqueza.
Foto: DW/R. Graça
O Presidente que adora luxo - Paul Biya
Paul Biya é chefe de Estado dos Camarões desde novembro de 1982. Muitos dos camaroneses que falam inglês sentem-se excluídos pelo francófono Biya. E o Presidente também tem sido alvo de críticas pelas despesas que faz. Durante as férias, terá pago alegadamente 25 mil euros por dia pelo aluguer de uma vivenda. Na foto, está acompanhado da mulher Chantal Biya.
Foto: Reuters
Mudou a Constituição para viabilizar a reeleição - Yoweri Museveni
Yoweri Museveni já foi confirmado seis vezes como Presidente do Uganda. Para poder concorrer às eleições de 2021, Museveni mudou a Constituição e retirou o limite de idade de 75 anos. Venceu o pleito com 58,6% dos votos, reafirmando-se como um dos líderes autoritários mais antigos do mundo. O candidato da oposição, Bobi Wine, alegou fraude generalizada na votação e rejeitou os resultados oficiais.
Foto: Getty Images/AFP/I. Kasamani
"O Leão de Eswatini" - Mswati III
Mswati III é o último governante absolutista de África. Desde 1986, dirige o reino de Eswatini, a antiga Suazilândia. Acredita-se que tem 210 irmãos; o seu pai Sobhuza II teve 70 mulheres. A tradição da poligamia continua no seu reinado: até 2020, Mswati III teve 15 esposas. O seu estilo de vida luxuoso causou protestos no país, mas a polícia costuma reprimir as manifestações no reino.
Foto: Getty Images/AFP/J. Jackson
O sultão acima de tudo - Haji Hassanal Bolkiah
Há quase cinco décadas que o sultão Haji Hassanal Bolkiah é chefe de Estado e Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio, das Finanças e da Defesa do Brunei. Há mais de 600 anos que a política do país é dirigida por sultões. Hassanal Bolkiah, de 74 anos, é um dos últimos manarcas absolutos no mundo.
Foto: Imago/Xinhua/J. Wong
Monarca bilionário - Hans-Adam II
Desde 1989, Hans-Adam II (esq.) é chefe de Estado do Liechtenstein, um pequeno principado situado entre a Áustria e a Suiça. Em 2004, nomeou o filho Aloísio (dir.) como seu representante, embora continue a chefiar o país. Hans-Adam II é dono do grupo bancário LGT. Com uma fortuna pessoal estimada em mais de 3 mil milhões de euros é considerado o soberano europeu mais rico.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Nieboer
De pastor a parceiro do Ocidente - Idriss Déby
Idriss Déby (à esq.) foi Presidente do Chade de 1990 a 2021. Filho de pastores, Déby formou-se em França como piloto de combate. Apesar do seu autoritarismo, Déby foi um parceiro do Ocidente na luta contra o extremismo islâmico (na foto com o Presidente francês Macron). Em abril de 2021, um apenas dia após após a confirmação da sua sexta vitória eleitoral, Déby foi morto num combate com rebeldes.
Foto: Eliot Blondet/abaca/picture alliance
Procurado por genocídio - Omar al-Bashir
Omar al-Bashir foi Presidente do Sudão entre 1993 e 2019. Chegou ao poder em 1989 depois de um golpe de Estado sangrento. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 2009 um mandado de captura contra al-Bashir por alegada implicação em crimes de genocídio e de guerra no Darfur. Em 2019, foi deposto e preso após uma onda de protestos no país.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
O adeus - José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos foi, durante 38 anos (de 1979 a 2017), chefe de Estado de Angola. Mas não se recandidatou nas eleições de 2017. Apesar do boom económico durante o seu mandato, grande parte da população continua a viver na pobreza. José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente acusado de corrupção e de desvio das receitas da venda do petróleo. A sua família é uma das mais ricas de África.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Novais
Fã de si próprio - Robert Mugabe
Robert Mugabe chegou a ser o mais velho chefe de Estado do mundo (com uma idade de 93 anos). O Presidente do Zimbabué esteve quase 30 anos na Presidência. Antes foi o primeiro-ministro. Naquela época, aconteceram vários massacres que vitimaram milhares de pessoas. Também foi criticado por alegada corrupção. Após um levantamento militar, renunciou à Presidência em 2017. Morreu dois anos mais tarde.