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PolíticaSudão

Sudão: Al-Burhan diz que solução deve ser árabe ou africana

Lusa
9 de maio de 2023

O líder do exército do Sudão disse, esta terça-feira, que "não serão aceites iniciativas que não devolvam a normalidade à vida dos sudaneses" e reforçou que nenhuma solução vai legitimar o grupo paramilitar RSF.

Sudan Khartoum | Zeremonie zur Unterzeichnung eines Rahmenabkommens zwischen Militärherrschern und Zivilmächten
Foto: El Tayeb Siddig/REUTERS

O líder do exército do Sudão, Abdel Fattah al-Burhan, defendeu, esta terça-feira (09.05), que nenhuma solução para o conflito vai legitimar o grupo paramilitar Força de Apoio Rápido (RSF) e que a solução deve ser árabe ou africana.

"Queremos uma iniciativa verdadeira que devolva a normalidade à vida dos sudaneses, não uma proposta incompleta que trave os combates durante um tempo limitado e dê legitimidade a uma parte", disse Al-Burhan em entrevista à televisão estatal egípcia Al Qahera News, difundida pelos meios de comunicação sudaneses e citada pela agência espanhola de notícias, a Efe.

Al-Burhan referia-se ao diálogo indireto que existe entre o Exército e as RSF desde o passado sábado, em total secretismo, na cidade portuária saudita de Yeda para abordar "temas humanitários", no âmbito da mediação da Arábia Saudita e dos Estados Unidos, países que mediaram também várias tréguas desde o início dos combates, que subiram significativamente de tom desde 15 de abril

Conflito opõe o exército e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido Foto: Bandar Algaloud/Mahmoud Hjaj/AA/picture alliance

Agradecendo "o esforços da Arábia Saudita e dos Estados Unidos", al-Burhan insistiu que "não serão aceites iniciativas que não devolvam a normalidade à vida dos sudaneses" e não explicou se em cima da mesa estão outros temas para além das questões humanitárias. 

"Damos as boas-vindas às iniciativas árabes e africanas; são os mais próximos de nós e os que melhor compreendem a natureza dos nossos problemas", salientou.

A ronda de conversações em Yeda, em que participa também a ONU, tem como principal objetivo conseguir um cessar-fogo que permita o fluxo de ajuda aos sudaneses, um país mergulhado numa catástrofe humanitária.

Milhares fogem do país

Os confrontos obrigaram mais de 700.000 pessoas a fugir do país, o dobro do número registado há uma semana, anunciou a ONU, esta terça-feira.

"Este número é mais do dobro do número de pessoas deslocadas internamente" contabilizado na passada terça-feira, disse Paul Dillon, porta-voz da Organização Internacional das Migrações (OIM).

As hostilidades eclodiram em 15 de abril, após semanas de tensão sobre a reforma das forças de segurança nas negociações para a formação de um novo governo de transição.

Ambas as forças estiveram por detrás do golpe conjunto que derrubou o executivo de transição do Sudão em outubro de 2021.

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