Sudão: Líder militar ordena libertação de quatro ministros
Lusa
4 de novembro de 2021
Quatro ministros do Governo derrubado no golpe de Estado de 25 de outubro, foram hoje libertados, anunciou a televisão estatal sudanesa. ONU exortou militares a restaurar o governo civil de transição.
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De acordo com a televisão estatal sudanesa, os ministros libertados são os da Cultura e Informação, da Comunicação e Digitalização, do Comércio e o da Juventude e Desporto.
Permanecem detidos os ministros dos Assuntos Presidenciais, da Indústria, o assessor de meios do ex-primeiro-ministro Abdalah Hamdok, e um membro do Conselho Soberano, que antes do golpe era o órgão máximo de poder no processo de transição no Sudão.
Continuam também detidos outros dirigentes das Forças da Liberdade e da Mudança, uma aliança integrada por vários partidos políticos, associações e grupos civis que faziam parte do anterior executivo - criada depois de ter concertado com os miliares um processo de transição até à realização de eleições democráticas.
Na quarta-feira (03.11), Taher Abu Haia, assessor de Abdel-Fattah al-Burhan, anunciou, em entrevista à agência noticiosa espanhola EFE, que o general deveria libertar "nos próximos dias" ministros do anterior governo e os políticos detidos após o golpe de Estado.
O assessor de comunicação do novo homem-forte do Sudão salientou, contudo, que continuariam detidos todos aqueles "contra os quais se confirmem acusações criminais", designadamente os que são acusados de corrupção pelos militares.
No final da semana passada, fontes do gabinete de Al-Burhan revelaram que o general estava disposto a aceitar a formação de um novo Conselho de Ministros liderado por Hamdok.
O antigo chefe do Governo encontra-se atualmente sob o regime de prisão domiciliária após ter permanecido 36 horas detido pelos militares, enquanto outros ministros do seu gabinete e líderes políticos continuam em paradeiro desconhecido, depois de terem sido igualmente detidos com o golpe de Estado.
Al-Burhan dissolveu em 25 de outubro os órgãos do governo de transição democrática, criados depois do derrube do ditador Omar al-Bashir em abril de 2019, e declarou o estado de emergência em todo o país.
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Restaurar governo de transição
Antes, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, havia falado ao telefone com o líder militar do Sudão, general Abdel-Fattah al-Burhan, a quem exortou a restaurar o governo civil de transição, pouco mais de uma semana após o golpe de Estado.
Segundo um comunicado divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres manifestou o seu apoio a "todos os esforços que visem a resolução da crise política no Sudão, à restauração urgente da ordem constitucional e do processo transição sudanês".
Durante a conversa, o secretário-geral da ONU apelou à libertação dos dirigentes políticos detidos na sequência da tomada do poder pelos militares, em 25 de outubro, designadamente do primeiro-ministro, Abdallah Hamdok, que se encontra em prisão domiciliária.
Pouco minutos depois da divulgação do comunicado das Nações Unidas, a televisão estatal sudanesa anunciou que Al-Burhan tinha ordenado a libertação dos quatro ministros.
Os chefes de Estado há mais tempo no poder
São presidentes, príncipes, reis ou sultões, de África, da Ásia ou da Europa. Estes são os dez chefes de Estado há mais tempo no poder.
Foto: Jack Taylor/Getty Images
Do golpe de Estado até hoje - Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo assumiu a Presidência da Guiné Equatorial em 1979, ainda antes de José Eduardo dos Santos. Teodoro Obiang Nguema derrubou o seu tio do poder: Francisco Macías Nguema foi executado em setembro de 1979. A Guiné Equatorial é um dos países mais ricos de África devido às receitas do petróleo e do gás, mas a maioria dos cidadãos não beneficia dessa riqueza.
Foto: DW/R. Graça
O Presidente que adora luxo - Paul Biya
Paul Biya é chefe de Estado dos Camarões desde novembro de 1982. Muitos dos camaroneses que falam inglês sentem-se excluídos pelo francófono Biya. E o Presidente também tem sido alvo de críticas pelas despesas que faz. Durante as férias, terá pago alegadamente 25 mil euros por dia pelo aluguer de uma vivenda. Na foto, está acompanhado da mulher Chantal Biya.
Foto: Reuters
Mudou a Constituição para viabilizar a reeleição - Yoweri Museveni
Yoweri Museveni já foi confirmado seis vezes como Presidente do Uganda. Para poder concorrer às eleições de 2021, Museveni mudou a Constituição e retirou o limite de idade de 75 anos. Venceu o pleito com 58,6% dos votos, reafirmando-se como um dos líderes autoritários mais antigos do mundo. O candidato da oposição, Bobi Wine, alegou fraude generalizada na votação e rejeitou os resultados oficiais.
Foto: Getty Images/AFP/I. Kasamani
"O Leão de Eswatini" - Mswati III
Mswati III é o último governante absolutista de África. Desde 1986, dirige o reino de Eswatini, a antiga Suazilândia. Acredita-se que tem 210 irmãos; o seu pai Sobhuza II teve 70 mulheres. A tradição da poligamia continua no seu reinado: até 2020, Mswati III teve 15 esposas. O seu estilo de vida luxuoso causou protestos no país, mas a polícia costuma reprimir as manifestações no reino.
Foto: Getty Images/AFP/J. Jackson
O sultão acima de tudo - Haji Hassanal Bolkiah
Há quase cinco décadas que o sultão Haji Hassanal Bolkiah é chefe de Estado e Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio, das Finanças e da Defesa do Brunei. Há mais de 600 anos que a política do país é dirigida por sultões. Hassanal Bolkiah, de 74 anos, é um dos últimos manarcas absolutos no mundo.
Foto: Imago/Xinhua/J. Wong
Monarca bilionário - Hans-Adam II
Desde 1989, Hans-Adam II (esq.) é chefe de Estado do Liechtenstein, um pequeno principado situado entre a Áustria e a Suiça. Em 2004, nomeou o filho Aloísio (dir.) como seu representante, embora continue a chefiar o país. Hans-Adam II é dono do grupo bancário LGT. Com uma fortuna pessoal estimada em mais de 3 mil milhões de euros é considerado o soberano europeu mais rico.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Nieboer
De pastor a parceiro do Ocidente - Idriss Déby
Idriss Déby (à esq.) foi Presidente do Chade de 1990 a 2021. Filho de pastores, Déby formou-se em França como piloto de combate. Apesar do seu autoritarismo, Déby foi um parceiro do Ocidente na luta contra o extremismo islâmico (na foto com o Presidente francês Macron). Em abril de 2021, um apenas dia após após a confirmação da sua sexta vitória eleitoral, Déby foi morto num combate com rebeldes.
Foto: Eliot Blondet/abaca/picture alliance
Procurado por genocídio - Omar al-Bashir
Omar al-Bashir foi Presidente do Sudão entre 1993 e 2019. Chegou ao poder em 1989 depois de um golpe de Estado sangrento. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 2009 um mandado de captura contra al-Bashir por alegada implicação em crimes de genocídio e de guerra no Darfur. Em 2019, foi deposto e preso após uma onda de protestos no país.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
O adeus - José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos foi, durante 38 anos (de 1979 a 2017), chefe de Estado de Angola. Mas não se recandidatou nas eleições de 2017. Apesar do boom económico durante o seu mandato, grande parte da população continua a viver na pobreza. José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente acusado de corrupção e de desvio das receitas da venda do petróleo. A sua família é uma das mais ricas de África.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Novais
Fã de si próprio - Robert Mugabe
Robert Mugabe chegou a ser o mais velho chefe de Estado do mundo (com uma idade de 93 anos). O Presidente do Zimbabué esteve quase 30 anos na Presidência. Antes foi o primeiro-ministro. Naquela época, aconteceram vários massacres que vitimaram milhares de pessoas. Também foi criticado por alegada corrupção. Após um levantamento militar, renunciou à Presidência em 2017. Morreu dois anos mais tarde.