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Sudão: Manifestantes exigem Governo liderado por civis

AFP | Reuters | kg
19 de maio de 2019

Negociações entre a Aliança para a Liberdade e a Mudança e os militares são retomadas este domingo em Cartum. Manifestantes reafirmam que querem civis na liderança do novo gabinete executivo de transição.

Manifestantes protestam desde o final de 2018 no SudãoFoto: picture-alliance/dpa/AA/M. Hjaj

Líderes da Aliança para a Liberdade e a Mudança (ALC), que coordenam os protestos no Sudão, exigiram este domingo (19.05) que um civil seja responsável pelo novo gabinete executivo de transição que irá governar o país nos próximos três anos. As negociações entre os manifestantes e o Conselho Militar de Transição, no poder desde a queda em abril do antigo Presidente Omar al-Bashir, são retomadas este domingo depois de três dias de suspensão dos diálogos. 

Em comunicado lançado antes da reunião, a ALC diz que o novo órgão de governança no Sudão será "liderado por um civil como o seu presidente e com uma representação limitada de militares".

A presença de militares no poder há mais de um mês está a gerar pressão internacional. A União Europeia (UE) e a União Africana instaram que o país passe por uma transição democrática e tenha um Governo interino liderado por civis, mas os militares insistem que o Governo seja comandado pelo general Abdel Fattah al-Burhan, atualmente no poder.

A nova etapa do diálogo entre as partes deveria ter ocorrido na última quarta-feira, mas foi suspensa por 72 horas. Os manifestantes concordaram em desmontar algumas barricadas espalhadas por Cartum, mas prometeram voltar caso as negociações não avancem.

Violência

Os militares destituíram Omar al-Bashir, que estava há 30 anos no poder, a 11 de abril em meio a protestos em massa que exigiam a derrubada do ex-Presidente desde dezembro de 2018. Mesmo com a queda de al-Bashir, os manifestantes continuaram nas ruas a exigir que os generais entregassem de imediato a condução do país aos civis.

Desde então, múltiplos incidentes de violência têm ocorrido, alguns envolvendo mortes, em vários acampamentos de manifestantes, incluindo na concentração principal em frente ao Quartel-General das Forças Armadas na capital Cartum, onde cinco manifestantes e um oficial do Exército foram mortos.

Barricada montada por manifestantes na capital CartumFoto: Getty Images/A. Shazily

O vice-chefe do Conselho Militar de Transição, general Mohammed Hamdan Dagalo, informou este sábado que as forças de segurança prenderam suspeitos de terem feito o ataque contra os manifestantes. Segundo os militares, os agressores seriam apoiadores de al-Bashir.

"Queremos a democracia sobre a qual eles [os manifestantes] estão falando. Queremos uma verdadeira democracia, eleições justas e livres", afirmou o general.

Movimentos islâmicos sudaneses exigem que a Sharia, a lei islâmica, continue a ser a base jurídica do país, mas a ALC já adiantou que este é um "assunto irrelevante" nesta etapa das negociações. Este sábado (17.05), uma coalizão de 20 grupos islâmicos fez um protesto próximo ao palácio presidencial. "Ignorar a aplicação da sharia é uma irresponsabilidade. Se isto acontecer, irá abrir a porta para o inferno no Sudão", afirmou Al-Tayieb Mustafa, líder da coalizão.

Ajuda financeira

Este domingo, a Arábia Saudita anunciou que efetuou um depósito de 250 milhões de dólares (o equivalente a quase 223 milhões de euros) para o banco central do Sudão.

A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos prometeram enviar três bilhões de dólares em ajuda ao Sudão devido aos protestos em masa no país.

Segundo um comunicado do Ministério das Finanças da Arábia Saudita, este dinheiro vai fortalecer "a posição financeira [do Sudão], aliviar a pressão sobre a libra sudanesa" e ajudar o país a alcançar "mais estabilidade na taxas de câmbio".

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